The king

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Aviso: relacionado paterno abusivo. (E desde já digo que esse universo da one é completamente pirado, desculpa se não der pra entender). (Tem mpreg também)
Nico narrando
Eu sou um rei. Como meu pai foi. Como meu avô foi. E este trono não simboliza privilégio, simboliza dever. São gerações e gerações de membros da minha família que mantiveram este lugar funcionando devidamente, e eu agora estou nesse cargo. Mas chegar aqui custou caro. Muito caro. Logo que eu nasci, perdi minha mãe, portanto, eu era o único possível herdeiro. Mas não era assim tão fácil, apenas nascer na família e herdar o trono. Eu tive que passar por anos e anos de estudos e testes para ser aprovado por meu pai para a sucessão. E acredite, quando seu pai não te ama, é difícil agradá-lo. Passei uma vida toda sem amor. Não houve uma família para mim. Minha única escapatória para sobreviver à dor do meu coração foi me fechar completamente para influências externas. Ninguém podia fazer uma aproximação íntima de mim. Portanto, me tornei alguém frio, seco e não muito carismático. Não que eu não me importe com meu povo, ele é o motivo da minha existência, mas ele não têm tanto apreço por mim. Porque, diferente de outros reis, eu não saio sorrindo e acenando. Eu apenas observo o povo inexpressivo, acenando levemente com a cabeça.

Ouço passos ecoando pelos corredores de pedra do castelo, durante meu trabalho diário de ouvir queixas da população e dar um jeito de resolver os problemas. Imediatamente peço para o cidadão que estava se pronunciando esperar um pouco. Pelo corredor lateral, surge meu pai. Sim, ele está vivo. De cabelos grisalhos e rugas no rosto, mas nem por isso menos bonito de como era quando mais jovem. Como qualquer rei aposentado, Hades usava apenas um aro de bronze entalhado com imagens outonais na cabeça, e não a coroa de ouro exageradamente chamativa que agora ocupava o topo de meus cabelos. Mesmo aposentado, ele ainda tinha alguns deveres, e a grande maioria era dirigida a tarefas secundárias que me diziam respeito, vulgo minha vida pessoal. E quando o antigo rei se apresentava na sala do trono, todos os presentes lhe deviam uma reverência de respeito (incluindo eu – você deve imaginar o quanto isso é sacanagem com a minha cara).
Ele fez um sinal indicando que precisava falar comigo em particular. O cidadão que se pronunciava pareceu decepcionado, mas disse que voltaria a ouví-lo logo, e pedi aos serviçais que  buscassem um banco e um pouco d'água para ele – que provavelmente está há um bom tempo na fila.
Acompanhei meu pai até a sala de consulta dele, que era basicamente um local com uma mesa, duas cadeiras, uma prateleira cheia de livros, uma poltrona acolchoada e um baú. Ele sentou-se na poltrona e me indicou que pegasse uma das cadeiras e me sentasse à sua frente. Me acomodei e o esperei começar.

H:- bem. Acho que você se lembra bem a idade que tem, não é?

N:- 25 anos. Lembro, sim senhor.

Pergunta mais idiota.

H:- agora, me diga: com que idade uma realeza se casa?

N:- a partir dos 15.

H:- isso mesmo. Você está há 10 anos solteiro, e não foi por falta de pretendentes. Sabe o que quero dizer?

N:- ... não exatamente, senhor.

H:- quero dizer que levei 10 anos para achar o parceiro certo para você. E acredite, sendo do jeito que você é, foi difícil achar um que fosse capaz de te suportar.

Como sempre, abrindo uma brecha para me julgar. Mas, claro, o rei não pode desrespeitar ninguém. Muito menos seu próprio pai.

N:- agradeço a paciência.

H:- eu não estou querendo te ofender, filho. Mas sabe que sua convivência pessoal não é das melhores.

Fala como se tivesse agido como um pai decente a vida toda.

H:- eu sei, a culpa disso é minha. Mas é justamente o que eu estou tentando concertar. Creio que o pretendente que escolhi para você possa... amolecer um pouco seu coração.

SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!Onde histórias criam vida. Descubra agora