capítulo 1

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Cher: Não quero trair minha geração, mas não entendo a moda dos garotos de hoje. Parece que
caíram da cama, puseram calças largonas e cobriram o cabelo sujo com um boné ao contrário. E se
julgam irresistíveis? Eu não acho.
(As patricinhas de Beverly Hills)

Começou a chover de novo. Pelo menos isso. Enquanto o tempo estiver ruim, eu não preciso sair. Não sei quem
sancionou essa lei de que meninas de 16 anos são obrigadas a sair todos os dias do final de semana. Se eu estou a
fim de ficar em casa, com meus DVDs, meus livros ou simplesmente fazendo nada, a minha família já pergunta se
eu estou doente. Pior do que isso. Passam-se cinco minutos e as minhas amigas começam a aparecer ou telefonar,
como se o fato de eu ter dito que queria ficar em casa tivesse sido uma espécie de brincadeira.
Eu me pergunto: sair para quê? Para ver sempre as mesmas caras? Para brincar de espelho, já que todas as
pessoas se vestem absolutamente iguais, como se fosse uma espécie de uniforme social? Engraçado é que essas
mesmas pessoas fazem abaixo-assinado na escola para que possamos ir com roupas informais... se eu fosse a
diretora, concordaria. Pelo menos, as meninas não depredariam mais o uniforme cortando as mangas para ficarem
com as “asinhas de fora” (essa foi a minha mãe que falou, tive que concordar com ela!), e os meninos parariam de
levar suspensão por aparecerem na aula de chinelo.
Oh, oh. Tenho que atender ao telefone. Minha mãe está berrando daquele jeito dela que separa e prolonga
sílaba por sílaba do meu nome: “Eeees-teee-fââââââ-niaaaaa...”
Argh. Como se não bastasse esse nome esquisito que me colocaram, ainda tenho que ouvi-lo gritado! Quantas
vezes tenho que repetir? Meu nome é FANI! F-A-N-I. E eu finjo que não é comigo quando me chamam de Estefânia.
Eu só vou atender dessa vez para que o resto do mundo que ainda não ouviu o berro da minha mãe não descubra
que por trás da Fani existe um nome estranho desses...

Fazendo meu FilmeOnde histórias criam vida. Descubra agora