capitulo 54

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Lizzie: Eu disse que eu te amo.Peter: Essa é uma notícia muita boa. Eu achei que eu estivesse sozinho no
departamento amoroso.Lizzie: Bem, acontece que você tem companhia...
(Wimbledon – O jogo do amor)

Querida Fani,
Nesse momento, você deve estar passando por cima da minha cabeça, nos ares. Eu devo estar
olhando para cima e pensando: “Lá vai o meu amor”.
Vou te contar uma historinha, que um dia - se você virar (e eu tenho certeza de que você vai) uma
roteirista de cinema bem famosa - você pode transformar em um desses filmes de amorzinho de que
você gosta tanto.
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Era uma vez um Menino que era amigo de um monte de gente. Certo dia, apareceu na vida dele
uma Menina que não era amiga de quase ninguém, que gostava de dizer que qualidade era mais
importante do que quantidade, mas que achou que aquele Menino fosse digno dos tais poucos amigos
que ela contava nos dedos da sua mão direita.
Os dois se tornaram inseparáveis, e o Menino percebeu que os momentos mais coloridos da vida
dele eram passados ao lado dela. Ele começou a ter vontade de passar mais e mais tempo com aquela
Menina e passou a fazer de tudo para que ela notasse isso (gravou músicas, escreveu declarações de
amor anônimas...), só que nada adiantou.
Depois de reparar muito, ele descobriu que ela não percebia o amor dele porque não era com ele
que a Menina queria ficar, mas sim com um outro cara, mais velho, que não tinha nada a ver com ela.
O Menino ficou com muita raiva. Ele queria bater naquele cara, mas não queria que a Menina
descobrisse que ele sabia da paixão secreta dela.
O Menino percebeu que tinha que esperar que a Menina descobrisse por ela mesma que o tal cara
não prestava. Só que, nessa espera, apareceu uma outra menina na vida do Menino e ele pensou que
talvez ela pudesse fazer com que ele se esquecesse da Menina.
Quando a Menina finalmente entendeu que aquela paixão dela não valia a pena, o Menino pulou de
alegria, apesar de ter ficado triste pelo fato dela estar sofrendo. Acontece que, nessas alturas, ele já
estava com a outra menina e, como ela era muito ciumenta, não deixava que ele chegasse muito
perto para consolar a Menina, como ele gostaria.
Um belo dia (diz-se dia, mas na verdade era noite), aconteceu um baile. O Menino não queria ir, mas a Menina fez o Menino sentir como seria importante para ela se ele fosse... então ele foi, mas
chegando lá percebeu duas coisas.
A primeira ele já sabia: que a menina com quem ele estava não merecia que ele passasse nem mais
um segundo ao lado dela. E a segunda coisa – que ele também sabia, mas não tinha ideia de que era
tanto – era que ele estava (sempre tinha sido) apaixonado por aquela Menina, que era bem mais do
que uma amiga aos olhos dele.
Ele acordou no dia seguinte àquela festa muito triste e chegou à conclusão de que deveria se
afastar dela a todo custo, não só porque ser apenas amigo era muito ruim, mas porque, em pouco
tempo, ela iria viajar para terras distantes, e já que ele teria que ficar sem ela mesmo, era melhor
que se acostumasse logo com essa ideia.
Só que, quanto mais ele se distanciava, mais ela se aproximava. Ela não tinha ideia de como estava
sendo difícil para ele tratá-la com tanta indiferença. Mas mesmo assim ele não sucumbiu e deu um
jeito de ir para longe. Mas o acaso não quis de jeito nenhum deixar que o Menino seguisse o plano dele. A Menina deu
sinal de vida do lado de lá, e ele tremeu na base do lado de cá. Derreteu-se completamente, mas
ainda assim tentou cumprir a resolução de só encontrá-la no último dia, para uma rápida despedida.
Só que ele não contava com uma surpresa. E que surpresa! A Menina criou para ele um presente,
em formato de embrulho quadradinho. Quando ele abriu, saíram chocolates, estrelas, corações, balas... todas as coisas deliciosas que ele sempre quis dela, mas que já tinha perdido a esperança de
receber. O presente dela encheu a vida dele de melodia.
Ele passou a noite em claro, primeiro ouvindo todas aquelas músicas, repetidas vezes, sem cansar,
sorrindo para o teto, como se ele tivesse sido o premiado de um grande sorteio. E era assim que ele
se sentia. Ganhar o amor daquela Menina era o melhor prêmio que ele poderia desejar. Mas, de repente, o Menino entristeceu-se.
Não era justo que ele fosse egoísta ao ponto de querer viver aquela felicidade naquele momento,
naquele exato instante em que a Menina estava indo conhecer outros mundos. Se ele já tinha
esperado tanto tempo, poderia esperar um pouco mais... um ano a mais.
Ele não queria que a Menina fosse viajar triste, imaginando o que estaria deixando para trás.
Ele queria só o bem dela. Ele queria que ela fosse tão feliz quanto o fazia.
Sendo assim, o Menino bolou um plano. Ele ia fazer de conta de que não sabia de nada, porque
quando ela descobrisse a verdade – por uma carta que ele ia entregar – ela já estaria distante e teria
várias novidades que não deixariam que ela ficasse pensando nele.
O único porém é que ele não aguentaria vê-la indo embora. Então ele resolveu se despedir antes.
Para que a imagem dela na cabeça dele ficasse sempre aquela.
Da Menina linda que entrou na vida do Menino para encher tudo de cor.
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Fanizinha, o resto da história acho que você já imagina. Cheguei em casa ontem do Rio e fui direto
ouvir o seu presente.
Eu te adoro, sempre adorei, mas não contava que esse CD fosse me contar que isso era recíproco. É
recíproco? Ainda não consigo acreditar... Posso estar sendo bobo, enxergando o que eu quero ver,
deixando a minha imaginação tomar conta, mas estou apostando no meu coração e tentando me
convencer que isso tudo pode ser real.
Desculpe-me mais uma vez por não ir ao aeroporto. Eu não queria chorar na frente de todo mundo.
Nem te fazer chorar. Me faz um favor? Aproveita muuuito a sua viagem, faça com que ela compense o tempo que a gente
vai ter que ficar separado. Curta tudo, seja feliz, para que você volte ainda mais linda do que já é.
Um ano passa muito rápido.
E eu vou estar aqui te esperando.
Te adoro. Lembre sempre disso.
Um milhão de beijos.
Leo

Fazendo meu FilmeOnde histórias criam vida. Descubra agora