capitulo 20

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A Baronesa: Nada é mais irresistível para um homem do que uma mulher apaixonada por ele.
(A noviça rebelde)
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Formulário de Aplicação do SWEP Small World Exchange Program
Favor preencher as quatro páginas a caneta e em letra de forma.
1
a Página
PRIMEIRA PARTE – DADOS PESSOAIS
Nome: Estefânia Castelino Belluz
Apelido: Fani
Idade: 16 anos
Mãe: Cristiana Albuquerque Castelino Belluz – Profissão: Empresária
Pai: João Otávio Lopes Belluz – Profissão: Dentista
Irmãos: Inácio Castelino Belluz, Alberto Castelino Belluz
Escolaridade: cursando o 2º ano do Ensino Médio (2
º colegial)
Cidade, Estado e País de origem: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
E-mail: fanifani@gmail.com
SEGUNDA PARTE – INFORMAÇÕES E INTERESSES
Animais de estimação: Uma tartaruga – Josefina
Hobby: Cinema, DVDs, Internet
Namorado(a): Não tenho
Fuma? Não
Bebe? Não
Religião: Católica
TERCEIRA PARTE – CUIDADOS MÉDICOS
Alergias: Mofo, poeira, picada de inseto
Toma algum medicamento diário? Não
Tem alguma dieta especial: Não
(Rubrique essa página e passe para a próxima)
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O resto da semana voou. Todo mundo ficou sabendo que eu tinha passado em primeiro lugar na prova do
programa de intercâmbio, graças à Gabi e à minha mãe. No colégio, as pessoas só vinham conversar comigo sobre
esse assunto, perguntando para que cidade da Inglaterra eu iria e a data certa. Eu não sabia responder a nenhuma
das perguntas. Pelo que o pessoal do SWEP tinha falado, possivelmente em três semanas a família que ia me
receber entraria em contato comigo por e-mail, aí eu ficaria sabendo para qual estado e cidade iria. Quanto à data,
eles falaram que o certo é que seria em janeiro, que assim que marcassem o dia iriam avisar, para a gente já
comprar as passagens.
O Leo, apesar da trégua de quarta-feira à noite no jantar, continuou meio afastado e ainda com a Vanessa. Acho
que comecei a me acostumar a não tê-lo mais por perto.
Na sexta-feira teve aula do Marquinho. A Gabi tinha me perguntado, um dia antes, se eu não ia mais ligar pra
ele e eu contei para ela do jeito que ele me tratou da última vez que eu liguei. Ela ficou pensativa por um tempo e
aí falou que eu devia realmente tentar deixar as coisas acontecerem naturalmente e ao vivo.
E foi o que eu fiz (ou pelo menos tentei fazer). A aula dele era no último horário (ele estava com calça jeans
desbotada e uma blusa clarinha estilo bata) e eu combinei com a Gabi de, no fim do horário, ela ir até a mesa dele
para fazer alguma pergunta qualquer sobre a matéria. Normalmente, eu é que fico decorando perguntas
inteligentes para que ele me ache muito interessada em Biologia, mas desta vez ela é que ia ter que fazer esse
papel.
O sinal bateu, os alunos começaram a sair, e a Gabi – conforme o combinado – foi até a mesa dele e começou a
fazer a tal pergunta, apenas para atrasar a saída dele da sala. Nesse meio-tempo, eu guardei os meus cadernos,
mas deixei de fora o meu fichário e, por cima dele, os papéis de aplicação do programa de intercâmbio que eu
estava começando a preencher. Por cima de tudo, a folha com os nomes dos aprovados.
Fui chegando perto, como se eu estivesse apenas esperando a Gabi, e aí ela prosseguiu com o nosso plano.
“A Fani tem a matéria toda anotada”, ela falou para o Marquinho e em seguida olhou para mim, com a cara mais
inocente do mundo. “Fani, será que você me empresta o seu caderno para o Marquinho me explicar aquele
exercício de genética que eu não anotei na quarta-feira?”
E exatamente como planejamos, eu coloquei o meu material em cima da mesa dele e comecei a abrir a minha
mochila.
Deu mais certo do que a gente imaginava. Eu achei que ele só ia perguntar o que era aquilo, mas ele pegou a
folha, leu atenciosamente, olhou para mim, sorriu e perguntou: “Vai abandonar a gente, Fani?”.
FANI!! Ele me chamou de Fani! Ele nunca tinha me chamado assim antes, sempre era aquela coisa horrorosa de
Estefânia, acho que ele ouviu a Gabi me chamando pelo apelido e gostou...
Eu ri, e aí a Gabi – pra me ajudar – disse: “Vai sim, no começo do ano que vem… são as suas últimas aulas que
ela está assistindo…”.
“Então a gente tem que fazer uma comemoraçãozinha de despedida, né?”, ele falou depois de me encarar um
pouquinho. “Afinal de contas, pelo que eu estou vendo aqui nesta folha, não é só em Biologia que você é boa… você
tirou o primeiro lugar nessa prova também!”
Aí ele virou para a Gabi pra saber sobre a dúvida dela, mas ela só disse: “Sabe o que eu vou fazer, Marquinho?
Como a Fani está super por dentro da matéria, vou pedir para ela me explicar. Se ainda restar alguma questão, na
próxima aula você me ensina…”.
Na hora em que chegamos ao corredor, onde a gente teria que se separar (já que os alunos precisam descer as
escadas para a saída e ele tem que passar antes na sala dos professores), ele parou, olhou pra gente e falou:
“Depois combinamos então”, e virando para mim, me deu DOIS beijinhos nas bochechas dizendo: “Parabéns de
novo, Fani”, e aí, olhando bem nos meus olhos, falou bem baixinho para que só eu escutasse: “Vou sentir sua falta,
menina misteriosa...”.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu quase desmaiei!! Fiquei tão vermelha que a Gabi começou a ficar preocupada com a possibilidade de eu
explodir!!
Ela acha que ele estava blefando, que no mínimo havia percebido que eu tinha uma quedinha por ele, devido à
sem-gracice que eu ficava quando ele estava ao meu lado, e associou isso ao fato da “menina misteriosa” ter dito
ao telefone que era aluna dele. Mas ela disse que isso não tinha a menor importância, que o que valia é que ele
parecia estar interessado, me chamando pra sair, elogiando e tudo.
Mas eu não consigo achar isso bom. Tipo, quando eu comecei a paquerar o Marquinho, no começo do ano, era
uma coisa meio de brincadeira, apenas pra dar um colorido nas aulas. A coisa foi crescendo, eu fui realmente
ficando encantada pelo jeitinho dele, mas nunca imaginei que isso pudesse se tornar real... ele é dez anos mais
velho do que eu! Pelo menos foi o que ele disse no primeiro dia de aula, que tinha dois anos que ele dava aula no
colégio, desde os 24... A Gabi diz que isso não tem nada a ver, que o que importa é a cabeça, mas eu acho que o
meu pai não vai concordar nem um pouco com isso! Se bem que ele é sete anos mais velho do que a minha mãe...
mas quando eles se conheceram ela tinha 19, e não 16 como eu... mas tipo que eu faço 19 daqui a três anos, não é
tanta diferença assim, e aí a gente pode namorar mais uns dois – ao todo vão ser cinco anos de namoro! – e casar
igual a ela, quando eu tiver 22...
Acho que eu não tenho que me preocupar com isso. É óbvio que, quando meus pais conhecerem o Marquinho,
vão ficar tão encantados com ele quanto eu! Eles não vão querer nem que eu espere, vão exigir que nós fiquemos
noivos imediatamente!
Ai, vai ser tão chique ir pra aula de aliança... aposto que a Vanessa vai ficar morrendo de inveja de mim!

Fazendo meu FilmeOnde histórias criam vida. Descubra agora