capitulo 43

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Henry: Eu não quero que isso termine assim Doug: É, mas isso vai terminar assim!
(Como se fosse a primeira vez)

Férias! Finalmente!
Pena que eu não consiga achar isso bom...
O dia amanheceu completamente azul. Nem uma nuvem no céu e um sol lindo brilhando, clareando tudo,
principalmente o meu humor.
Fiz a prova sem encontrar dificuldade, acho que a professora deu uma GRANDE colher de chá pra gente. Ou
talvez tenha sido mesmo a compensação de todo aquele estudo.
Eu estava na porta da sala, quando o Leo, que ainda estava terminando a prova dele, pediu para eu esperar na
saída do colégio.
“... para a gente pegar o ônibus junto e conferir o gabarito”, ele falou rapidinho, enquanto a professora olhava
meio feio.
Fui descendo as escadas feliz da vida, pensando que tudo tinha dado certo no final, que certamente eu ia passar
de ano, e que “conferir o gabarito” devia ser apenas uma desculpa do Leo para poder me falar o que ele queria ter
falado no elevador um dia antes...
Eu passei pelo portão do colégio toda distraída com os meus pensamentos quando duas loucas pularam no meu
pescoço e começaram a gritar: “Entrou de férias, entrou de férias!!!”.
Quando eu consegui me desvencilhar daquele abraço, percebi que as duas – Gabi e Natália, óbvio – estavam com
um biquíni (meu!) na mão e uma sacola (minha!) cheia de revistas, toalha, protetor solar, óculos escuros, boné...
Elas me contaram que tinham passado na minha casa e avisado para a minha mãe que eu ia almoçar no clube
com elas, para a gente comemorar as minhas férias.
Eu ia começar a falar que não ia de jeito nenhum, que tinha que voltar de ônibus com o Leo, quando ele
apareceu.
“Nossa, que animação toda é essa?”, ele perguntou enquanto cumprimentava as meninas.
Elas mostraram o meu biquíni e a sacola e o chamaram para ir ao clube com a gente.
“Hoje não dá... vou viajar com o meu pai”, ele falou, colocando a mão no meu ombro, “mas levem mesmo essa
menina pra dar um mergulho, ela merece esfriar a cabeça.”
Eu olhei pra ele completamente desapontada.
“Viajar?”, a Gabi perguntou, me poupando. “Pra onde?”
“Primeiro, eu vou ficar uns dias em Volta Redonda com o meu pai, ele tem que fazer um trabalho lá e quer que
eu ajude. Depois, vamos direto para o Rio, pra passar o Natal e o Réveillon com a minha família”, ele explicou meio
sem graça, sem olhar pra mim nem uma vez.
“Nossa, mas tanto tempo assim?”, a Natália falou. “Você volta quando exatamente?”
Dessa vez ele olhou pra mim, com uma cara mais sem graça ainda.
“Então… eu ia passar janeiro inteiro lá… mas como a Fani vai viajar, vou tentar voltar a tempo de me despedir
dela”, ele falou coçando a cabeça.
Eu fiquei com raiva. Ele ia tentar se despedir de mim? Eu ia ficar UM ANO longe dele, e o máximo que ele podia
fazer era TENTAR?
As meninas, que estavam tão chocadas quanto eu, começaram a se recompor. A Gabi colocou os óculos escuros,
a Natália pôs a mochila dela nas costas, se despediram do Leo com beijinhos e desejaram boa viagem.
Eu peguei a sacola que elas tinham trazido pra mim, coloquei meu caderno e estojo dentro e, sem nem olhar
para o Leo, sorri para elas – um sorriso completamente forçado – e falei que podíamos ir.
“Não vai nem me desejar Feliz Natal?”, o Leo perguntou, quando começamos a andar.
Eu parei e olhei pra trás, séria. Ia falar que ele não merecia ter um Natal feliz, mas em vez disso perguntei:
“Quando você estava pretendendo me contar que ia viajar, Leonardo?”.
“Eu... eu ia te falar ontem. Mas acabou que não deu...”
A Gabi, então, me puxou, falou que já tinha algumas nuvens no céu e que a gente ia perder o sol todo.
Eu concordei com ela, antes que tudo piorasse ainda mais.
“Tchau, Leo. Tenha uma ótima viagem!”, eu disse com um sorriso bem cínico.
Ele me olhou com uma carinha triste.
“Tchau, Fani... Feliz Natal.”
Olhei pra ele um tempo, falei: “Feliz Natal”, e fui atrás das meninas, que já estavam atravessando a rua.

Fazendo meu FilmeOnde histórias criam vida. Descubra agora