Capítulo 4

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Mattias O'Connell

-Parece bom.- falo com as mãos dentro dos bolsos.

-Claramente você não é muito bom em ver apartamentos.- Tessa fala sentada na bancada, com as pernas cruzadas e os braços apoiados atrás do corpo.

-Claro que sou.- falo ofendido.

-Esse é o primeiro apartamento.- ela sorri.

-E eu gostei...

-Então vai ser esse?- ela levanta uma sobrancelha.

-Eu não sei...

-Então não é esse.- ela desce da bancada.

-Você é bem irritante.- olho para a varanda.

-Se você tivesse gostado mesmo, teria dito sim na hora.- ela arruma os cabelos e pega a bolsa.

-Deve fazer isso há muito tempo para já saber como funciona.- começo a seguir ela.

-Quatro anos, e sim, eu sei como funciona.- ela chama o elevador.

-Então trabalha desde que se formou?- tento saber mais dela.

-Sim.- assente encerrando o assunto.

-Tem mais algum perto do parque?- entramos no elevador.

-Tem uns três.- ela pega a pasta dentro da bolsa e começa a ver.

-É assim sempre tão séria?- acho que minha pergunta a surpreende.

-Não posso agradar a todos.- ela volta com a expressão normal dela.

-Não é questão de agradar.- explico.- Mas você é nova, tem vinte e cinco anos e toda vez que me olha acho que vai me matar ou está falando mal de mim dentro da sua cabeça.

-Bem, eu também estou preocupada com você.- ela fecha a pasta e me estuda.- Andar por aí com um homem de um e oitenta...

-Um e noventa.- corrijo e ela semicerra os olhos.

-Andar por aí com você, ainda mais pelos apartamentos vazios, não é algo confortável.- o elevador abre.

-Ah, então não se sente confortável comigo?- decido provocar.

-Você é mais forte que eu, poderia fazer o que quiser...

-Acha mesmo que eu faria algo?- pergunto.

-Eu não conheço você, Sr.O'Connell...

-Mattias.- falo quando ela vira para me encarar.- Já estamos conversando sobre coisas muito pessoais para me chamar de senhor.

-Se acha que isso é pessoal.- ela abre a porta do carro e entra.

Sorrio percebendo que gosto de provocar ela e logo está dirigindo para o próximo apartamento, olho para trás do carro e vejo que tem uma jaqueta grande demais para ser de Tessa.

-Sua?- aponto.

-Ah.- ela pisca.- Não, de um amigo meu.

A forma como ela diz amigo dá para entender que é mais que isso, viro meu rosto para a janela e vejo o parque passando, até que é bem mais bonito do que eu pensava.

-O próximo é um duplex.- ela pega a chave e estaciona.- Acho que vai gostar. Três quartos, cozinha e sala espaçosas e bem abertas, tem uma sala de jogos e uma academia pequena.

-Parece bom...

-Pare de falar isso.- ela abre a porta do prédio com aquela chave e sorri para o zelador.

Tessa Gallagher - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora