Capítulo 28

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Mattias O'Connell

Tessa não quis nem passar no hotel, ela quis ir direto para o endereço que pegou no pendrive. Então estava atrás dela enquanto esperávamos do lado de fora da cabana depois de ter tocado a campainha demorada.

É uma cabana luxuosa, tem um terreno enorme e as janelas são todas enormes e escuras do lado de fora. Poderia ser até uma cabana calorosa se o dono não atendesse a porta apontando um rifle para nós.

-Ei!- puxo Tessa para atrás de mim.- Abaixa a porra da arma!

-Vocês vem na minha propriedade e querem que eu abaixe a arma?- ele grita também.- Quem são vocês e o que querem de....Tessa?

-Você me conhece?- ela sai de trás de mim e olho para o cano do rifle.

-Claro que sim.- ele assente rapidamente.- Você é filha do Gallagher.- então o cara sorri.

-Você conhece meu pai?- Tessa parece animada.

-Sim, ele e eu...- Albert abaixa o rifle e o coloca em um porta guarda-chuva.- Desculpe, não recebo visitas há muito tempo.

-Dá pra perceber.- murmuro.

-Não sabia que tinha casado?- ele fala enquanto entramos.- Sempre leio o jornal de Chicago.

-Eu não casei.- Tessa balança a cabeça.- Ele é meu...- nos encaramos.- Amigo.

-Ok, então.- Albert esfrega as mãos.- Estão com fome? Precisam de um lugar para ficar?

-Acho que sabe por que estamos aqui.- Tessa vai direto ao ponto.

-Sim, suponho que o pendrive chegou em você.- ele respira fundo.- Lamento dizer, mas você e suas irmãs estão bem na merda.

-Quanto na merda?- Tessa comprime os lábios.

-Imagine que você é um assassino ou um mafioso.- ele mexe as mãos.- Você já é perseguido por ter as posses que tem, não?

-Suponho que sim.- Tessa parece prestar bastante atenção.

-Agora imagine a pessoa que tem em um pendrive de todos os lugares que essas pessoas pode estar?- ele balança a cabeça.- O que você acha que vão fazer? Ir atrás desse criminoso ao acaso, ou...

-Vai pegar direto na fonte.- falo baixo.

-E então vender as informações por milhares, milhões, trilhões.- ele parece querer continuar e se contém.

-Ok, disso eu já desconfiava.- ela coloca as mãos dentro do bolso do casaco e respira fundo.- Por que meu pai mandou eu vir aqui?

-Porque eu já cuidei da segurança dele.- Albert explica.- E agora tenho que cuidar da sua.

-Espere.- corto ele.- Sem querer ofender, mas como você vai cuidar dela?

-Eu posso parecer um velho.- ele aponta para os cabelos castanhos e prateados e a barba grande.- Mas já salvei o pai dela de muita merda.

-Então o que está dizendo? Ela vai ter que continuar com o pendrive e com você na cola dela?- rio.

-Claro que não.- ele me olha incrédulo.- Ela vai esconder o pendrive como se escondesse a coisa mais preciosa da vida dela, então eu vou achar uma equipe totalmente capaz para fazer a segurança de Tessa, Gwen e Lucy.

Por um momento fico calado, talvez aquela tenha sido a melhor ideia que alguém que conhecemos já criou. Não consigo pensar em nada melhor, Peter não conseguiu pensar em nada melhor, só temos isso com o que trabalhar.

-Eu, Gwen e Lucy.- Tessa murmura.- Por que minha mãe não está incluída?

-Não é surpresa que seus pais se odiavam.- ele ri.- Ele casou com ela por dever, por que ela estava grávida de você.

Olho para Tessa e ela parece encolher o corpo como se tivesse levado um chute, contenho minhas mãos e lembro do que ela falou para ele. Somos amigos. Amigos. Amigos. Amigos.

-Gwen e Lucy estarão seguras?- pergunta.

-Com a equipe que eu vou juntar, sim.- ele assente.- Vocês estarão seguras.

-Então vai voltar para Chicago?- de alguma forma fico aliviado por ter uma chance de proteger as três.

-Sim, arrumo minhas malas e podemos partir amanhã.- ele olha para nós.- Suas passagens são para quando?

-Relaxa.- Tessa ri como se fosse uma piada.- Peguei o jatinho.

-Você é igual ao seu pai.- ele ri.

-Preciso descansar e tomar um banho.- ela mexe a cabeça.- Então nos encontramos no aeroporto particular daqui, ok?

-Claro, estarei lá.- ele olha para mim.- Pode cuidar dela por enquanto?

-É o que venho fazendo.- falo baixo enquanto vamos até a porta.

Tessa passa primeiro e vou atrás dela, olho por cima a tempo de ver Albert fechando a porta e volto a olhar para Tessa. Abro a porta do carro para ela e logo entramos de uma vez.

O motorista começa a dirigir e ela afasta os cabelos de modo ansioso, olho para frente e foco em apenas olhar para frente. Não consigo esquecer o que ela falou mais cedo, quando entramos na casa de Albert.

-Vou tomar um banho de banheira.- ela fala baixo.- Quer ir comigo?

-Não, não tô afim.- minto.

Só de imaginar Tessa em uma banheira já era motivo o suficiente para me fazer ficar duro, mas parecia que eu estava vendo coisas onde não tinham. Porque, na visão dela, éramos apenas amigos.

-Ah, ok.- ela limpa a garganta.- Tudo bem.

☾︎

Tessa Gallagher

Deixo o roupão branco cair no chão e entro na água quente da banheira, meu corpo afunda na água e encosto meu pescoço no apoio antes de relaxar totalmente.

Seria muito mais interessante se Mattias estivesse aqui, mas ele falou aquilo e eu percebi no tom de voz dele que tinha algo errado. E, para falar a verdade, como algo podia estar certo nisso tudo?

É claro que ele estava assim. Tinha acabado de descobrir que eu era um tipo de imãs para pessoas que queriam me matar e matar minhas irmãs por causa de uma merda de pendrive.

Mexo as mãos pela água e fecho meus olhos com calma, talvez ele estivesse repensando a ideia de estar com alguém como eu depois que toda essa loucura estava sendo explicada para nós.

Apoio meus braços na borda da banheira e tento esquecer esse assunto, sabia que, uma hora ou outra, Mattias e eu deixaríamos de transar e nos encontrar. Só não achei que ia me deixar tão....furiosa.

Queria passar a noite com ele, não importava se fizéssemos sexo ou não, eu só queria deitar na cama e saber que ele ia me puxar para seus braços. Só queria não me sentir sozinha, nunca mais tinha me sentindo sozinha depois que comecei a dormir com ele.

Abro os olhos e me sento na banheira, não vou conseguir ficar a noite toda pensando nisso e não vou dormir do mesmo jeito, então coloco o roupão e ajeito os meus cabelos um pouco molhados enquanto saio no quarto chique do hotel.

Pagamos os quartos no mesmo andar e eu ia até o quarto dele vestindo nada além que o roupão. Parecia uma atitude desesperada e idiota, mas a essa altura, eu estava parecendo desesperada e idiota.

E quanto eu tento abrir a porta, ela está aberta, minha garganta seca e eu acho que entrar aqui vai desencadear coisas que não sei se estou pronta para ver ou saber. Mas o sentimento de querer estar com Mattias é maior, então apenas dou um passo para frente.

E outro. E depois, outro.

Tessa Gallagher - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora