Capítulo 14

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Mattias O'Connell

-Mattias?- alguém chama lá embaixo.- Você tá em casa? Mattias?

-Como você entrou?- pergunto descendo as escadas e vendo Peter.

-Ah.- ele olha para mim e esconde alguma coisa no bolso.- Eu...

-Você tem a chave?- fico na defensiva.

-Não, é que...- ele coça a nuca.- Eu sei arrombar portas.

-Você sabe arrombar portas.- repito.- Isso não me deixa menos preocupado.

-É um dom.- ele explica.

-É crime.- falo rindo.

-Algumas mulheres piram com isso.- ele se gaba.

-É, e depois ligam para a polícia.- pego meu blazer.

-Idiota.- ele cruza os braços.

É a primeira vez que vejo Peter de terno, ele está com a gravata frouxa e a gola está errada, mas acho que ele vai ajeitar depois, pelo menos espero que ajeite depois.

-Por que não respondeu ontem?- ele pergunta enquanto caminha comigo até o elevador.- Tinha umas italianas no bar, perdeu muito.

-Eu estava resolvendo uns problemas.- explico encostando meu corpo e vendo ele apertar o botão da garagem.- Italianas, é?

-Sim.- ele assente rindo.- Como eu disse, perdeu muito. Que problemas eram?

-Nada demais.- balanço a cabeça.- Você tá sempre no bar? Ontem estava no bar, anteontem também fomos no bar...

-É, eu gosto de beber.- ele mexe a cabeça.- Mas eu não sou um alcoólatra ou algo do tipo.

-Tem certeza?- levanto as sobrancelhas.

-Sim, já experimentei ficar um dia todo sem beber e foi de boa.- ele balança a cabeça.- Só gosto de beber mesmo.

-E das garotas.- acrescento.

-Isso, as garotas.- ele parece pensativo.- Você nem tanto, né?

-Eu sou mais de relacionamento.- explico.

-Mas não sai, então como acha que vai arranjar um?- pergunta.

-Sabe, eu podia mandar você para o hospital.- digo.

-Ah, não, ninguém soca esse rostinho lindo.- ele toca o queixo.

-Sério?- fico surpreso.

-Sim.- o elevador abre e saímos.- Menos quando eu pego alguma casada por engano, aí os maridos vem com fogo no rabo.

-Casadas? Sério?- abro a porta do carro.

-Eu não fico perguntando enquanto transo, O'Connell.- ele fala óbvio enquanto entramos no carro.

-Claro.- assinto e entramos.

Dou a partida e acelero de uma vez, aperto o botão da garagem e logo estou na rua, vou na direção da avenida principal, preciso entrar nela antes de entrar na rua residencial.

-Será que lá tem comida?- ele franze as sobrancelhas.- Tô sem comer desde hoje de manhã.

-Acho que sim, é uma festa.- mexo os ombros.

-Corrigindo, festa de rico.- ele mexe as mãos.- As comidas são do tamanho de um átomo.

-Você reclama muito, não é?- acelero mais.

-Só quando tô com fome.- explica.

Sorrio com raiva e viro na entrada da rua residencial, sei que a casa de Tessa é umas das mãos afastadas e apenas acelero tentando não ficar ansioso por ver ela.

Tessa Gallagher - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora