Capítulo 6: Divisão de Quartos

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Amberly

Depois desse discurso, eu não acho que me veriam com os mesmos olhos.

Ok, ok, ok... eu sei que não deveria ter exagerado, mas eu não tenho dormido já fazem dias. Mesmo com meu discurso afrontoso, parece que eles obedeceram sem questionar. Acho que eles gostam assim, agressivo. Mesmo assim, me encaravam estranho, como se eu fosse outra pessoa, alguém que eles admirassem.

Janet ainda assim sentia uma certa inveja pela minha popularidade incompreensível, mas ela não protestou contra ainda. Depois do discurso, Andrew ficou ao meu lado o tempo todo, coisa que eu nunca mais achei que faria. Como eu já disse antes, ele tem me evitado. Mas agora nós dois estávamos a caminho do nosso quarto velho, antes de nos mudarmos.

─ Amby ─ aquele apelido novamente ─, vamos pegar nossas coisas, logo vão realojar o quarto. ─ meu irmão tentava me animar. Acabei concordando e fomos juntos. Senti falta disso, falta de andar com ele pelos corredores infinitos. 

Eu acho que ele tinha medo de ajudar e acabar ferrando com tudo, além do mais da última vez que me ajudou, um de meus filhos morreu em suas mãos, mas um dia ele vai ter que acabar com esse trauma querendo ou não. Não temos escolha.

─ Ok. Você separa as roupas, eu vou pegar outros pertences ─ ele dizia enquanto entrava no quarto. Para a minha decepção, ele não foi manso ao abrir a porta. 

Senti meus olhos lacrimejarem mesmo sem razão. Era apenas choro de criança, mas eu estava tão cansada que tudo que desejava era que sumissem. Escondi meu rosto no peito de Andrew e, desesperada por ajuda, pedi para que ele colocassem os gêmeos para dormir. Ele nem chegou a recusar, aceitou na hora. Suspirei aliviada enquanto ele acariciava meu cabelo de uma forma delicada, ajudando a me recompor dessa pequena crise.

─ Desculpe por não ter estado aqui durante esses dias, estive meio ocupado ─ ele se justificava, soando culpado.

─ Deixa para lá, eu vou ficar bem ─ me convencia enquanto entrava no quarto e me jogava em minha respectiva cama, que logo seria de outro. Não queria deixar esse lugar, mas agora que eu já fiz o maior escândalo, não terá volta. Abracei meu próprio corpo enquanto me virava de costas para Andrew e de frente para a parede, apenas pensando no que viria a seguir.

─ Campbell morreu, Amberly. ─ ele informava. Como estaria? Não poderia ser tão fácil. Então tudo estava acabado? ─ Vamos organizar uma equipe de exploração para ir atrás de Erik, papai e o resto de nossos homens. Vai ter uma reunião, você poderia ir, as pessoas gostam do jeito que fala ─ ele resumia enquanto pegava um dos gêmeos no colo, se esforçando ao máximo no papel de tio.

─ Eles gostam de mim porque me pareço com papai ─ me envergonhava. Conseguia ter nojo e imita-lo ao mesmo tempo, o que me irritava. ─ Duvido que uma mãe solteira ajudaria em alguma coisa.

─ Precisamos conversar sobre Zayne, o pai. Como se conheceram?

─ Logo após o acidente ─ dei uma longa pausa e me virei de frente para ele. ─ Depois de ter acordado, consegui sair do carro e procurar ajuda. Zayne passeava com um cachorro numa rua ao lado no meio da noite, o que eu acho estranho agora, mas inocente na época. A família dele me adotou, me criaram como uma filha, mas eu não sentia me encaixar. ─ senti um aperto no peito ao lembrar do meu pequeno alojamento. Foi um pouco antes de tudo acontecer. ─ Fiquei lá dos dez até os treze anos, quando decidimos fugir. Até hoje não sei porquê fizemos isso, mas na época tinha uma razão lógica. Depois de fugirmos, a comida foi acabando, não podíamos morrer de fome, então começamos a roubar. As vezes eu seduzia caras mais velhos ou até roubava algumas bolsas, mas nunca conseguimos uma boa quantia para um apartamento. Por um tempo moramos em uma oficina até sermos expulsos por falta de dinheiro, também não tínhamos uma alimentação saudável. Eu tinha uma identidade falsa, então era fácil entrar em baladas, botecos e coisas assim.

─ Viu? Consegui fazer esse garotão aqui dormir enquanto contava. ─ talvez eu tenha perdido a noção do que falava. Será que ele ouviu? ─ Ele é definitivamente a cara do pai. Eu nunca o vi, mas esse carinha aqui não é nem um pouco parecido com você ─ ri baixinho e ele soltou uma risada nasal gostosa, para quebrar o clima. Andrew colocou Jacob em seu berço ao lado de Taylor e logo começou a arrumar nosso quarto. ─ Sobre o Zayne, uma hora vai ter que contar para ele.

─ Ou não ─ tentava ver outra saída, porém não conseguia pensar em nenhuma. ─ Ele não deve se importar do mesmo jeito.

─ Tem que dar uma chance. Levanta, vou arrumar a cama. ─ Bufei e fiquei alguns segundos deitada tomando coragem, meu tempo de sossego já acabou pelo visto. Levantei e peguei algumas tralhas para jogar no lixo, mas poucas. No geral, não tínhamos muita coisa. Uso sempre a mesma roupa a semana inteira. 

─ Com quem você vai ficar na lista? ─ perguntei enquanto me sentava em uma cadeira ao lado.

─ Míream. Ela veio sozinha uns meses atrás. Seu bairro tinha sido invadido pelos Purificadores, os pais foram mortos enquanto tentavam esconde-la. A resgatamos um tempo depois quando fomos informados sobre o ocorrido.

Todos já sabiam seu novo par, mas eu ainda não tinha olhado a lista da divisão de quartos para falar a verdade. Tomara que seja alguém que já conheça, senão eu ficaria bem desconfortável. Eu não conhecia ninguém, apenas o centro de comando, não quero dormir com um cara barrigudo e alcoólatra. Para a nossa sorte, as camas são separadas e distantes, não teria que me preocupar com outras coisas.

Quando comentei que não tinha visto a lista ainda, ele resolveu se lembrar de uma cópia que deixou no bolso de trás da calça. Não sei como uma folha tão pequena coube os nomes de todos, mesmo tendo que deixar os nomes minúsculos. Meu nome era um dos primeiros por ordem alfabética, o que facilitou pela minha busca ao meu nome.

Quando segui a linha do meu nome até o resultado até conseguir ler com clareza seu nome. Janet Diaz.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora