Capítulo 25: O Sol Vai Se Pôr

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Andrew

─ Consegui.

A primeira coisa que Rebecca nos ajudou foi hackeando os sistemas do William por um computador da base. Demorou uns dez minutos, mas ela finalmente conseguiu. Isso nos daria uma boa vantagem, como acesso às câmeras, sistemas de água, energia, e até mesmo das coleiras inibidoras. Uma coisa que me assustava era que as coleiras da Amberly, da Janet e de todo o resto estavam indicando que ainda usavam-as, mas eu duvido que isso seja verdade. Talvez Janet pegou outras coleiras e ligou-as no mesmo segundo em que tirou a sua, confundindo o sistema de defesa dos purificadores.

Agora que tínhamos acesso a tudo, basta acompanhar a Amberly em sua missão suicida. Ela também tem tentado achar comunicadores através do rádio, para conversar conosco a todo tempo já que agora poderíamos ver tudo. Dava pra perceber que ela estava com certas olheiras em volta dos olhos maiores do que quando saiu. Janet perdeu o antebraço direito, eu ainda preciso dessa história completa.

Uma hora ou outra eu sei que Rebecca vai querer algo em troca por tudo isso, e isso seria o meu amor. Sei que não poderia dizer que é tudo enganação agora, senão tudo iria por água abaixo. Não sei se ela estava fazendo isso porque entendeu o nosso lado ou se é porque eu estou no lado dos mutantes. Provavelmente o segundo. Vou ter que continuar com o show de sorrisos falsos até que Stryker seja completamente destruído.

O próximo passo de Rebecca seria dar a cura da doença que nos atacou para o resto da base. Tem um mutante aqui que consegue multiplicar a cura engarrafada para, assim, estar disponível para todos. Assim que Rebecca saísse daqui, ela iria atrás desse mutante. Seu poder invisível, roubado de Shou, a tornava um fantasma. Uma hora ela estava aqui conosco, hackeando o servidor do nosso inimigo, outra hora ela estava curando doentes, daqui a pouco ela vai estar dando em cima de mim novamente.

─ Alguém na escuta? ─ chamava alguém no rádio. Se parecia com a voz de Janet, provavelmente era ela. Estava um pouco rouca, talvez pela dor que sentia a todo momento.

─ Estamos aqui ─ respondi.

─ Graças a Deus, Andrew ─ dizia para si mesma. ─ Senti sua falta.

─ Também senti a sua ─ sorri fraco ao ouvir isso, mas o que ela tinha para dizer era mais importante no momento. Por isso sua preocupação não me interessou. ─ Qual nosso próximo passo?

─ Vocês precisam tirar esses soldados daí para continuarmos. Se viverem com eles sempre ao redor, vamos falhar tanto aqui quanto aí ─ instruía. ─ Já soube da sua amiguinha meia traidora, fale pra ela que o Sol vai se pôr aí.

Códigos, algo que os outros não poderiam entender. O Sol já vai se pôr. Depois do pôr do Sol vem o nascer, o recomeço, a nossa volta. Não vamos ficar calados, vamos ameaçar. Ou eles morrem ou nós morremos. Precisamos renascer das cinzas e é isso que vamos fazer, nós vamos expulsá-los por opção ou a força, eles não ficam aqui mais. Vamos começar o primeiro passo da revolução e para isso precisaríamos de uma desculpa para saírem.

Uma ideia surgia na minha cabeça. Rebecca é a única pessoa que poderia fazer isso dar certo. Teríamos que usar alguma coisa de desculpa, enganá-los, tudo tem que apenas passar de uma enganação, como Rebecca e eu. Vamos fingir que nada disso é nosso plano.

Eu precisava de toda a ajuda dela para isso. Eles seguem apenas ela, eles confiam em apenas nela, nunca seguiriam um mero mutante com um ego grande demais para se deixar por vencer. As pessoas daqui merecem liberdade, a raça mutante merece liberdade, e eu não vou deixar esses canalhas nos dominarem, não desse jeito. Estava enfurecido, queria ver sangue, algo anormal parecia me controlar, uma sensação de revolta, o ódio se espalhando pelo meu corpo como uma doença. Eu queria matar, eu precisava matar esses caras, ou eles matariam os inocentes, as pessoas que defendo. Era melhor eu sair dali, ou enlouqueceria.

Desliguei o rádio na cara de Janet e saí, não conseguiria ouvir mais nenhuma palavra vinda dela, nem mesmo um discurso motivacional. Não me importa se ela tinha outras instruções, eu não precisava delas agora. Estava impaciente, inquieto, diferente de tudo que já senti. Eu sempre fui um cara calmo, nunca explodi mesmo em uma briga de adolescente, mas agora tudo parecia diferente. Minha respiração estava acelerada, estava perdido, cheio de raiva no olhar, como um anjo caído. Era uma bomba que seria explodida com qualquer um que encontrasse.

─ Para onde você pensa que está indo, moleque? ─ um guarda me impedia de ir para o terraço. Tive vontade de gritar, bater ou algo pior. Ele era o meu inimigo e estava simplesmente morando na minha casa. Empurrei-o contra a parede do corredor extenso, escuro de acordo com a noite, então ele logo apontou a arma em minha cabeça tentando causar medo. Agora eu não tenho mais medo de homens como ele, se atirasse em mim, eu tinha certeza que o mataria primeiro.

─ Saia da minha frente ─ e então ele obedeceu, porém não foi a mim. Rebecca vinha logo atrás enquanto mandava no homem para que saísse. Ela não parecia uma comandante, e definitivamente não era, mas eles ainda a obedeciam.

Continuei meu caminho até o terraço. Sei que ela estava ali, dava para notar, porém eu não ligava nesse ponto. A brisa era o único jeito no momento que poderia me acalmar. Eu queria poder fugir disso e ir de volta para a casa dos meus tios como se nada tivesse acontecido nos últimos meses. Eu não sei se as coisas voltariam a ser como antes, mas tenho certeza que seriam melhores do que aqui. Apenas não consigo abandonar agora, não consigo abandonar Amberly, não nessa situação. No momento eu tenho pessoas aqui que são meus amigos, então não posso abandonar ninguém.

Eu vou tirar todos dessa vivos, eu prometo.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora