Capítulo 29: Alex

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Andrew

Estavam todos de volta, isso não poderia ficar melhor.

Apenas poderia ficar pior, isso eu tenho certeza. Ficaria pior assim que percebessem que o esquadrão não estivesse mais lá e isso me preocupava. Passava horas do mesmo dia pensando nas diferentes possibilidades de ataque ou invasão, tentando prevenir que tudo volte ao terror de um dia atrás. Não consegui dormir com a minha cabeça a milhão, então eu passei a madrugada e o dia todo procurando qualquer tipo de saída mesmo que pequena. Mesmo que encontrando nada que fosse preocupante, o medo de levar um golpe, uma outra facada nas costas, me assustava.

Falando da facada, Michael se assustava com a velocidade que o corte se curou, ele dizia como algo anormal. Eu nunca tinha me machucado assim depois de ter os poderes despertados, acho que algo afetou o meu corpo junto com isso. Era para ter um cicatriz horrível no lugar da facada, além de um monte de problemas nos intestinos, porém eu continuo como se nada tivesse acontecido. Logo eu descobriria o que levou a isso, mas se funcionar mais vezes, talvez eu conseguisse me curar tão rápido que seria resistente a tudo. Apenas a dor eu não conseguiria ignorar.

Rebecca tem me dado ótimos dias de descanso da própria. Normalmente seu tempo é tomado por relatórios diários sobre os mutantes, a resposta era sempre a mesma: "estão contidos, graças ao novo esquadrão de guarda." e mandava outras informações desnecessárias que não era preciso ouvir. Deve ser exaustante ter que lembrar de tudo em seu dia todos os dias, eu não conseguiria fazer isso nem em um diário. Escrever nunca foi meu forte, minhas piores notas eram em redações na escola. Na minha opinião, uma redaçãozinha não vai definir sua inteligência, e o mesmo vale para questões de teste.

Ainda assim, eu precisava tirar uma dúvida antes que este lugar entre em ruínas. Eu não tive tempo de entrar na sala misteriosa que meu pai não me deixou investigar, a sala com fotos da minha mãe. Tinha que aproveitar o tempo em que meu pai ainda não estava de volta, se é que ele iria voltar. O segredo me matava e agora não tenho certeza se meu pai vai me explicar o que tem de tão importante lá para ele querer guardar com tanta segurança assim. O único jeito de entender seria entrando lá e descobrindo o que ele guardava de tão precioso. Me dava medo, porém a curiosidade era maior que eu.

Apenas a entrada da sala fazia minha respiração acelerada. Tinha medo de meu pai descobrir e acabar fazendo alguma coisa, porém não teria como ele saber agora, talvez mais tarde, mas não agora. Uma brisa gelada me atingia ao entrar, algo diferente do normal, a sala era mais fria, uma coisa que não tinha percebido na primeira vez que entrei aqui. Os sacos pretos ainda estavam ali, nada havia sido mudado, é como se ninguém soubesse da existência desse lugar. Criei uma adaga para iluminar o caminho como da primeira vez, a lâmpada no teto continuou sem funcionar e ninguém consertou, acho que eu mesmo vou ter que fazer isso.

A foto da minha mãe ainda estava ali, apoiada na mesma mesa extensa que serviria para um almoço completo de pessoas, acho que era uma das únicas coisas que ainda restavam dela. Ao lado da foto havia uma caixa de papelão, implorando para que fosse vasculhada, eu não poderia sair daqui sem deixar de olhar. Papéis impressos e escritos enchiam toda a caixa, Emily Noelle VanCite era a destinatária de todas elas. Eram tantas cartas escritas pelo meu pai quanto documentos importantes de toda a vida curta da minha mãe, desde aniversários até o dia de sua morte, dezessete de Novembro de mil novecentos e noventa e quatro, minha data de nascimento. Tomara que sua vida tenha custado por uma boa causa, não posso decepciona-la.

Certos pertences também me chamavam atenção, entre eles uma tag de metal com o nome do meu pai, o mesmo colar que dão para identificar os soldados americanos. Trent Bowen-Johnson era o nome presente na tag, o que me fazia me perguntar o que meu pai foi fazer no exército tão novo. Queria saber o motivo, e acho que nunca saberei desse jeito. Peguei a tag e me senti obrigado a usa-la mesmo sem saber o motivo. Se meu pai estiver morto, acho que pelo menos assim posso homenageá-lo. Junto com a tag havia um anel preso a uma corrente, formando um colar. Não sei qual era a importância para o meu pai, mas iria guardar para dar para Amberly um dia desses.

Fotos minhas e de minha irmã bebês e crianças também estavam presentes na caixa. De um certo modo ele não estava tão distante de nós, apenas não estava presente no momento, por que desse jeito ele pôde realmente nos acompanhar crescendo. Um papel com uma senha também estava lá, supus que seria a senha do computador velho na mesma mesa e logo fui acessar, curioso. Abrindo a caixa de email, vi que ele trocava mensagens com minha tia Lila, que me criou, e meu tio Christopher antes de morrer, no qual criou Amberly até um certo ponto. Uma pessoa também chamava minha atenção cujo nome era Alex, que não havia uma foto de perfil como os outros. A última mensagem que enviou a Alex foi no dia cinco de outubro de dois mil e quatro, no mesmo ano em que eu e Amberly completaríamos dez anos. Não sabia ao certo se era um homem ou uma mulher.

Sem querer saber mais sobre a tal sala secreta, fui para o quarto de Amberly o mais rápido que pude sem correr. Tudo isso me fazia suar de nervosismo, precisava de uma resposta que agora poderia ter. Amberly seria a chave para descobrir algo importante tanto para mim quanto para ela. Acho que o quarto nunca pareceu tão longe quanto agora. No momento que cheguei tive o maior arrependimento de não ter batido na porta, Amberly e Janet estavam praticamente nuas uma em cima da outra, me gerando um desconforto grande para mim e enorme para elas.

─ Andy! ─ dizia jogando Janet de cima dela para seu lado mais rápido que eu pude processar. Enquanto isso se cobria com a coberta, vermelha como um pimentão. ─ Bate na porta da próxima vez ─ resmungava.

─ Desculpa... atrapalhar esse momento de vocês, mas... ─ dizia sem jeito tão vermelho quanto ela ─, que dia foi o acidente de carro? ─ Amberly me encarou confusa, eu não poderia ter atrapalhado sua noite para uma pergunta dessa. Eu nem tive tempo para chamar a atenção das duas por uma coisa assim, além do mais o que eu poderia fazer sobre isso? 

─ O que? Por que?

─ Só responda, Amberly.

─ Cinco de outubro de dois mil e quatro, por que?

Era isso. Meu pai sabia do acidente.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora