Capítulo 12: Adaga

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Amberly

Janet Diaz. Eu não consigo te tirar da minha cabeça.

Passei desde o momento em que acordei, com os choros dos gêmeos de novo, até o fim da reunião de decisão da missão pensando em Janet. Vê-la em cima de mim e pensar apenas no Zayne fazia eu me sentir uma merda. Janet foi tão boa comigo e eu não consigo fazer como ela faz, se apaixonar como ela fez. Não sei se conseguia chamar isso de paixão, já que nunca sei no que Janet pensa, mas eu suponho que ela tenha alguma paixão em mim. Mesmo eu não consigo fazer o mesmo por ela, ela não iria desistir de mim tão fácil.

Eu não merecia ela e ela sabia, sempre soube, mas ela tentou ficar próxima a mim. No inicio, quando nos conhecemos, tive a impressão que ela queria ser amada por todos pelos seus feitos, como um deus, mas agora eu percebo que ela queria ser amada apenas por mim. Ela evitou olhar para mim durante a reunião, o que me deixava envergonhada, mas seria pior se ela olhasse. Diferente dela, eu a encarei como uma cadelinha, mas ela também chamava atenção naquele momento. Prestei pouca atenção na verdadeira estratégia da missão, mas sei que vou me dar bem sem entender. Eles discutiram trajes, pontos de partida, pontos de chegada, entrada, saída, quantidade de soldados, armas, poderes, pontos de estratégia, tudo.

Com certeza Wes, que estava do meu lado, pôde notar que eu não estava prestando atenção. Ele sabia que algo não estava certo comigo, mas não porquê eu não conseguira tirar os olhos dela. Chegava a ser ridículo de acordo com o ponto de vista dele. Wes e eu nunca fomos muito próximos, mas ele é sim próximo ao meu irmão, o que faz com que nosso relacionamento seja meio distante. Eu também não estava procurando por um amigo no momento.

Agora eu estava arrumando algumas coisas dos gêmeos, já que eu não poderia mais ficar com eles depois da missão. Até que Janet chegou inesperadamente no quarto carregando um tipo de roupa enrolado num saco plástico. Aquilo despertou meu interesse, será que era algo novo? Porque tudo que usamos aqui já foi usado por outros.

─ Apenas um presente ─ disse e deixou em cima da cama. ─ Para as crianças ─ concluiu e saiu, fechando a porta com cuidado.

O clima tem esfriado durante esse mês, talvez um dos mais frios do ano, o que me preocupa. É bom mantermos os gêmeos aquecidos até que eu consiga arranjar um lugar para eles ficarem. Nem sempre eu consigo achar uma roupa pra eles, então improviso com um pedaço de cobertor. Era meio miserável, mas não tinha outra opção. Tirei logo a roupa de dentro do saco e pus neles sem pensar duas vezes. Ficou fofo e não parecia desconfortável, Janet realmente sabia escolher roupa de bebê. O saco tinha uma leve camada de pó, o que me fez pensar se ela teria guardado a tempos, mas não dei muita atenção.

─ Viram? Ela não é tão má assim ─ tentava conversar com Taylor, que olhava para mim mesmo sem entender ainda. Deixei ela pegar meu dedo e ficar mordendo, mesmo ainda sem dentes, o que não machucava. Jacob se distraia com algo na parede, o que não me chamava a atenção. ─ Logo não teremos mais esse contato, então espero que vocês se lembrem de mim, ok? Eu vou visitar vocês, prometo ─ dizer isso acabava me dando um aperto no coração. Mesmo que seja necessário não queria me separar deles, ainda sabendo que era preciso. Deixei Taylor brincar com a minha mão por mais um tempo até ir fazer outra coisa, até que ela adormecesse.

Aproveitando um resto de sossego que tinha antes da missão, aproveitei para treinar. Eu era fraca e eu sabia, então tentava bater em um saco de pancada mesmo que ele não se mexesse muito. Não conseguia sentir nada quando batia no saco, então batia fraco, precisava de um incentivo. Procurei algo que me enfurecia, não sabia ao certo o que era, se eram meus sentimentos ou algo relacionado a morte. Sentia raiva dos agentes que mataram meus tios, que quase me levaram no hospital, no que minha vida havia virado após meu primeiro contato com a morte. Era para termos voltado para casa naquele dia, era pra eu ter ido a escola no dia seguinte, comer minha comida favorita feita pela minha tia, ver um filme que nos reunia, tudo teria sido normal se não fosse toda essa merda.

Quando percebi, havia um tipo de adaga em minhas mãos. Ela era preta misturado com algum tipo de roxo que perfurava o saco de pancadas. De uma hora para outra, ela sumiu de minha mão como uma sombra, deixando apenas um buraco no saco jogando areia.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora