Capítulo 18: O Quarto

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Amberly

Deus. Onde eu estaria agora?

Eu estava bem no centro de uma sala completamente branca, tão branca que chegava a dar irritação nos olhos. Minhas mãos estavam amarradas com uma corda num nó impossível de ser desfeito, me fazendo ter dificuldade ao levantar. Minhas roupas também não eram as mesmas, de novo. Não poderia ser tão simples assim. Eu levei um capote e vim parar num lugar desconhecido, alguma coisa com certeza ter aconteceu.

Uma coleira cercava meu pescoço e não era a toa, meus poderes estavam neutralizados, eu não os sentia. Minhas costas doíam e minha cabeça principalmente. Tenho medo de ter acontecido algo enquanto estava desacordada. Minha cabeça parecia que pulsava, causando uma dor inegável. Mas eu apenas me preocupava com Janet; com os outros também, mas ela era a primeira que vinha em minha mente.

Gritava em esperança de alguém me responder, mesmo que fosse alguém ruim. Aquele lugar era sufocante, me torturava apenas por estar ali. Encontrei uma saída de ar, na qual comecei a gritar por ajuda novamente. Ninguém respondia, como já esperava, mas gritei mesmo se qualquer desconhecido me encontrasse. Eu estava com sede e fome, talvez eu estivesse ali para morrer assim mesmo.

Eu não poderia morrer sem me despedir, sem dizer "eu te amo" para algumas pessoas. Janet me veio a mente. Janet, Andrew, Mei, não poderia morrer sem dizer adeus a eles. Mas eu era importante, eu sabia disso, eles não me queriam morta, não que eu soubesse. Porquê eles me queriam eu não sei, e estava longe de saber, mas era melhor pensar que eu não merecesse esse final.

Estava cansada de gritar, estava com sede. Minha garganta ardia, a saliva me sufocava. Estava sem voz, não conseguia mais soltar um ruído. Deitei no chão, já que não havia mais nada na sala, e tentei me manter calma até a ajuda chegar. Entendia que não poderia fazer nada nesse estado, eu não consigo fazer nada além de aceitar que estava presa ali.

Pelo pequeno quadrado de vidro transparente no centro da porta e um pouco mais alto que eu, conseguia ver alguém, um homem. Ele era velho e vestia umas roupas de padre, eu nunca vi esse homem na minha vida, mas ele com certeza já me viu. Era dificil pensar que aquela era minha única passagem para fora, um corredor cinza bem iluminado. Um pingo de suor caiu sobre meu rosto e desceu até minha mandíbula. Tinha medo do que viria a seguir.

Me levantei, procurando encarar o homem até que ele me note ali. Não acho que ele vá me ajudar, mas é bom estar visível de todo jeito. Ele conversava com uns homens na frente da pequena janela, provavelmente sobre mim. Não conseguia escutá-los do mesmo jeito que eles não conseguiam me ouvir, podia falar o que quiser que eles não me ouviriam. Quando parou de conversar com os outros homens, o velho se voltou para mim e a porta logo foi aberta.

─ Amberly VanCite, devo supor ─ ele dizia enquanto a porta se fechava. ─ Você é bem mais bonita pessoalmente.

─ O que você quer? ─ mantive na ofensiva e o mais longe possível dele, não sabia o que poderia fazer.

─ Você e seu irmão nem se parecem apesar de gêmeos, isso é curioso ─ mudava de assunto, sem responder minha pergunta.

Ele me olhava de cima a baixo, dos pés à cabeça, mas focava principalmente em minhas coxas e peitos. Não dá para se esperar muito de homens assim. Nem fingi estar surpresa pela atitude. Logo depois, dois homens, muito mais novos e fortes do que ele, entraram pela única porta que tinha. Agora sim eu tinha o direito de ficar com medo.

Os homens estavam usando um capacete que cobria seus rostos. Sem revelar suas identidades, eles serviam como guardas-costas do velho. Eles nem pareciam mais humanos assim, parecia mais monstros de forma humana. Um bom sinal, ele tem medo de mim e precisa de ajuda caso eu tente mata-lo. Os homens vestiam roupas iguais, tanto que ambos tinham uma calça jeans escura que combinava com a jaqueta de couro preta, como motoqueiros. Os dois eram quase da mesma altura; o da direita era mais alto que o da esquerda, mas eles eram fortes iguais, ambos podem acabar comigo num soco.

─ Senhorita Amberly, você já esteve no inferno antes? ─ o velho perguntava com um sorriso malicioso que me assustava, a pergunta já me assustava, tudo me dava medo e ele sabia. Neguei com a cabeça com sinceridade, não sabia o que vinha. ─ Ótimo. Façam o que quiser com ela, mas eu preciso dela viva ─ foi saindo de fininho, me deixando apenas com os dois homens.

Assim que ele foi saindo, tentei correr, correr para sair dali. Não poderia ficar ali dentro, não onde seria vulnerável. Se fosse para morrer, pelo menos eu teria lutado pela liberdade; se fosse para ser torturada, pelo menos eu tentei. Empurrei o velho que logo caiu no chão, mas eu não me importei. Quando cheguei até a porta, um guarda que guardava a porta me segurou, sendo impossível de escapar. Ele me jogou com tudo para dentro da cela enquanto o velho fugia num desespero lento. Ele me olhava como se fosse um bicho, um animal para ser trancafiado, algo que poderia ser domesticado, mas sou apenas um ser humano. Era difícil de entender? Agora vem a minha consequência, um resultado para meus atos de rebeldia. Esse povo não terá piedade comigo ou com os outros, mas eu prefiro que seja eu do que Janet. Desde que Janet fique a salvo, eu não me importo com nada.

Com os punhos cerrados, os dois homens se preparavam para dar uma surra. Não sei se eles tinham segundas intenções, mas agora eu só me preocupava com os ossos que iriam se quebrar.

Então é assim? O inferno?

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora