Andrew
Não tinha mais para onde ir, não tinha mais liberdade.
Os purificadores tomaram tudo, Rebecca tomou tudo com apenas tempo e uma facada. Eu estou fraco e, comparado ao poder de fogo deles, não posso fazer nada. Dessa vez eu finalmente vi o que os experimentos com mutantes fizeram. Um mutante, baixinho e loiro, tinha o poder de deter a energia de um ser vivo, fazendo-o ficar mais cansado; com os experimentos, esse mutante pode reprimir os poderes dos outros. Agora ele usava seus poderes contra nós.
Até semanas atrás nós achávamos que aquela doença antiga já tinha sido contida, mas não. Estava tossindo apenas de entrar em contato com aquelas pessoas em horas, logo todos já estavam como eu. Alguns chegavam a vomitar, ter náuseas, mas em outras pessoas era como uma gripe normal. As vezes parecia que eu ia morrer com o nariz estupido, escorrendo bactérias, mas depois de um tempo acabava melhorando.
Alguns homens de William também teriam pegado, mas não sei se sobreviveram. Eles são todos iguais com esses capacetes. Então, para não ter tanto medo, acabei apelidando-os carinhosamente. Um gordinho da esquerda, cuja barriga se destacava no uniforme, apelidei-o de "Catarrento", pois um dia ele não parava de fungar o próprio nariz após contrair a doença. Um outro, alto como um poste, e acabei apelidando-o com a mesma característica: "Torre Eiffel". Eu sempre quis ir a Paris, agora já conheço um substituto da maior atração francesa.
Eu ainda estava encharcado de sangue. Floyd já conseguiu se limpar com a roupa, já que não possuía cabelo, mas mesmo com a minha roupa, eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça; e a cena não vai sair da minha mente tão rápido. Esse sangue estava no corpo de alguém, no corpo de alguém como eu, e agora está sendo derramado sobre mim, como se jogasse seus pecados sobre mim. William matou eles, a culpa não é minha.
Sem que eu percebesse, Rebecca foi me puxando para outro lugar, me separando dos outros. O que ela quer agora? Era a unica coisa que eu pensava. Ela não parecia estar com raiva e nem armando algo contra mim, mas mesmo assim é bom estar na ofensiva.
─ Eu não vou te matar, só quero que você tome um banho. Tá acumulando mosca ─ ela me levava para o meu quarto, antigo "nosso" quarto. ─ Não demore ─ ela me dava uma roupa extra antes de ficar do lado de fora do quarto, deixando a porta aberta.
Eu sei que estava sendo vigiado, então nem hesitei em fazer algo de errado. Pelo menos agora eu tiraria esse sangue de mim antes que apodreça. Nem quero ver a reação da Janet quando ela chegar, e quando chegar será presa. Não sei como Rebecca não consegue entender, ela está no lado errado da história. Tenho medo de pensar se ela está sendo manipulada ou se ela faz aquilo por que acha que é certo, nem quero saber a resposta.
Tirar aquele sangue da minha cabeça foi como se levasse minhas preocupações consigo, tirando a necessidade de espirrar toda hora, foi aliviante saber que o sangue de ninguém estava na minha cabeça agora. Enquanto aquele sangue escorria pelas minhas costas, foi inevitável notar o interesse de Rebecca por isso. Seria um protocolo de segurança ou ela estava sendo apenas curiosa? O vidro do box deixava a minha imagem desfocada, mas mesmo assim me senti envergonhado. Não podia demonstrar essa vergonha, não queria parecer sensível perto do inimigo, mas ela já sabia minha reação. Rebecca voltou para fora quando se tocou que eu estava encarando-a, lugar onde ela deveria estar desde que entrei nesse banheiro. Teria que aguentar isso tudo até que a patrulha de Janet voltasse, mesmo que aqui seja perigoso para eles agora.
Rebecca sempre andava com uma regata branca, aparentemente larga e fresca, junto com uma calça jeans folgada e uma blusa preta fechada com o zíper pela metade; ela nunca mudava de estilo. Ela não pegou algo tão diferente para mim vestir. Uma calça jeans, porém uma camiseta preta, coisa que eu não costumo vestir, mas me deixava estiloso até.
Depois de me arrumar, quando fui sair, Rebecca me segurou apenas com uma mão em meu peito. Seus um metro e sessenta de altura contrastavam com meus um metro e setenta e três. Ela não estava brava, mas pediria um favor que eu não poderia recusar. Rebecca sabia que eu era mais forte que ela, mais esperto que ela, mas com os purificadores ao seu lado, eu me tornava inútil. Ela não queria me forçar a fazer essas coisas, mas ela não teria escolha. Ela era só mais uma garotinha envolvida nessa confusão.
─ Preciso que conserte o rádio que eu quebrei ─ se ela quebrou, então por que quer que eu conserte? Talvez ela não saiba que eu posso fazer contato com outros e pedir ajuda, mas não vou recusar a ordem. Talvez ela também não queira isso.
─ Fala a verdade, você também não quer esses caras aqui, não é? ─ perguntei, porém ela me devolveu com um tapa no rosto, irritando meu nariz pronto para espirrar. Essa menina era difícil de entender.
─ Não me faça mudar de ideia, Andrew, eu luto ao lado de Stryker, o lado no qual meu pai lutou ─ ideias familiares atrapalhavam Rebecca, uma batalha na qual ela honraria o pai, por isso ela tinha medo de tomar suas próprias decisões. ─ Meu pai me transformou em um de vocês, mutantes medíocres, e agora ele está morto, morto por um de vocês, uma mutante magnetron ─ Campbell, Roderick Campbell teve uma filha. Rebecca era a filha de um monstro. Se ela teve contato com Shou, roubando seus poderes em um experimento, então ela deveria saber onde estavam os outros. Meu pai poderia ser encontrado, essa crise acabaria, mas não poderia fazer nada se continuasse preso dentro desse lugar.
Iria manipular Rebecca e, assim, mataria os purificadores. Agora sim seria o primeiro passo para a liberdade.
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I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)
FanficSEGUNDA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspirada na série: The Gifted da Marvel Studios Seguido aos eventos da série The Gifted. Agora os irmãos e companhia precisam lidar com algo ainda maior. Mutantes controlados, visi...