Amberly
Não sei quando e nem onde adormeci, mas sei que acordei em algo em movimento.
Ao abrir os olhos direito, notei que já não estava com a mesma roupa que me lembre, o que me deixava estranha já que alguém teve que me trocar. Mesmo assim, todos ao meu lado já eram conhecidos. Janet dava as ordens, alguns caras maiores e mais altos do que eu permaneciam ao meu lado, destacando minha magreza. Janet parecia um pouco ocupada com o motorista, que parecia não dirigir do jeito que ela gostaria.
─ Vocês não conseguem fazer nada que eu peço, inúteis ─ insultava-os, numa tentativa de encorajar. Janet não xingaria assim se não fosse para ensinar, eu conheço ela. Logo desistiu de prestar atenção na pista para ir atrás conosco. Aquilo parecia uma van, mas com janelas mais abertas e uma abertura na traseira do carro, para podermos sair mais rápido. Os assentos eram encostados na parede e não em fileiras, como nos aviões de guerra. Janet veio para o meu lado, expulsando os homens que se sentavam ao meu lado. ─ Não vi que tinha acordado ─ comentou.
─ Acordei a pouco tempo. ─ bocejei. ─ Onde estamos indo mesmo?
─ New Haven. Não é tão longe. Você deveria prestar mais atenção nas reuniões.
─ São muitas para mim conseguir acompanhar. Já falei que você ama uma reunião? ─ ela soltou uma risada nasal e eu acompanhei.
Tudo aconteceu tão rápido, e agora estou numa van pequena ao lado de Janet, que até meses atrás eu a achava chata e fechada. A cada dia eu entendia mais sobre ela. Ela sabia que eu pensava nela e nem era preciso de telepatia. Eu só queria poder entender seus sentimentos. Sem o cargo de mãe, agora eu poderia ter menos cuidado com tudo, posso fazer coisas que antes não pudia. Meu corpo ficou horrível depois do parto, eu odiava o excesso de pele que haveria sobrado, e sabia que não ia sumir tão rápido.
─ Você conversou com Zayne? ─ ela perguntava, não brava, mas sim ansiosa pela resposta olhando para frente num ponto fixo.
─ Eu só... tinha perguntas e agora elas foram respondidas. Nada mais que isso, acredite em mim ─ ela deu um sorriso de alívio leve e escondeu seu rosto, como se não estivesse acostumada a mostrar seu sorriso. Segurei seu queixo e delicadamente o virei para mim, pra assim ela saber que eu não quero que se esconda. No mesmo segundo suas bochechas ficaram rosadas de vergonha. ─ Sorria para mim, não se esconda, ok?
─ Fechado ─ ela sorriu de novo e no mesmo segundo algo bateu no veículo, o que fez o sorriso que eu tinha acabado de conquistar ir embora.
Pouco tempo depois, bateram na van, nos fazendo perder o equilíbrio e bater. Me encontrei no mesmo estado desde o acidente de carro com meus tios, me sentia a mesma criança indefesa. Janet envolveu seu braço por mim como uma forma de proteção, mas não adiantou muito. Quando percebi, a van já estava batida em um poste de luz. A estrada não era movimentada essa hora. Pelo menos não batemos em ninguém. Senti algo escorrer pela minha testa. Sangue, foi o que eu pensei. Quando abri os olhos, todos estavam no chão junto a mim, mas Janet e alguns conseguiram se manter em pé.
─ Miche, Gallion, vocês vêm comigo ─ ela dizia olhando para alguns homens em pé enquanto saia. O motorista estava morto. Minha respiração ficava pesada, me sentia sozinha, vulnerável. Precisava sair daqui rápido.
Eu não poderia morrer aqui, não assim, não desse jeito. Precisava continuar lutando, continuar vivendo, continuar sobrevivendo até que meu tempo acabe. Não é agora e nem hoje que meu tempo irá acabar. Preciso ficar de pé, preciso seguir Janet antes que seja tarde demais, porém a dor de cabeça infernal me impedia. Eu bati a cabeça de novo. Se eu ficasse aqui, parada, sozinha, iria morrer. Eu sinto isso. Precisava tomar coragem, coragem para continuar lutando.
Com muito esforço, fui me levantando. Cada segundo valia ouro, cada inspiração era um alívio por ainda estar viva. Ao andar meio arrastado, fui desviando de alguns homens ainda desmaiados, ou mortos, até ir para fora. Paramos no meio da estrada, um matagal sem fim. Andei meio descoordenada, perdida. Chamando por Janet. Chamando desesperadamente por Janet.
Avistei alguém no chão, mas não conseguia identificar quem era. Quando cheguei perto ia fazendo chegando em algumas conclusões. Não era Janet, era um dos homens que ela levou consigo, mas estava morto, alguém os atacou. Significava que Janet estava em perigo. Meu coração quase saia pela boca e eu tentava ir mais longe, chamando-a, porém sem resposta. Mesmo com chance de ser pega, não poderia deixar de ir atrás dela. Me senti especial quando ela sorriu para mim, ela nunca tinha sorrido para ninguém antes em público, não podia deixar isso morrer.
Chegou uma hora que sabia que tinha alguém atrás de mim, mas não tive coragem de virar. Não era Janet, eu sabia disso pela velocidade e o barulho que fazia com as folhas enquanto pisava. Congelei, eu simplesmente não conseguia me mexer, e por causa disso acabei levando uma porrada com uma barra de metal na cabeça novamente.
Desmaiei sem nem ver quem teria feito isso.
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I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)
Fiksi PenggemarSEGUNDA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspirada na série: The Gifted da Marvel Studios Seguido aos eventos da série The Gifted. Agora os irmãos e companhia precisam lidar com algo ainda maior. Mutantes controlados, visi...