Capítulo 7: Papos Inacabados

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Amberly

─ Não, Andy, eu não vou pro mesmo quarto que Janet ─ me defendia. Eu sei que eu defendia a lista até pouco tempo atrás, mas agora não sei se continuo firme nessa decisão. Janet deveria ficar guardando outra área, não a mim.

─ Não podemos mais mudar agora, minha decisão já foi feita. Ela vai te ajudar com os gêmeos melhor do que eu. Ela se importa, talvez mais que eu ─ justificava, mas não dei ouvidos.

Eu mantive apenas duas regras durante a minha gravidez. Número um: longe do alcance de Janet, número dois: longe do alcance de todos. Janet tem sido estranha perto de mim, diferente, mas eu queria que ela me tratasse como resto, sem chamar atenção. Eu também me sinto diferente perto dela, devo admitir, apenas ela me tratou bem além de Andrew. Poucos decidiram se aproximar e eu agradeço por isso, odeio me apegar a estranhos. Ainda não entendo a irritação que Andrew tem quando chega perto de mim, é como se fossemos estranhos novamente, tudo mudou desde o parto.

Eu estava cansada, cansada de viver, de levantar, de ter uma responsabilidade. A vida não é mais tão fácil quanto eu achei que fosse e eu odeio isso. Mal conheço os meus filhos, nunca tive contato com bebês e ainda pensam que eu daria uma boa mãe. Eles não têm culpa de nada, mas não tem um dia que eu não me sinta arrependida de entrar naquele carro com o Zayne. Eu pensei que sentiria algo depois que eles nascessem, mas eu continuo sem entender a sensação de ser mãe. Sempre vejo aquelas mães felizes com seus maridos de mãos dadas em filmes, eu só queria que eu fosse uma dessas mulheres.

─ Pronto. Essas sãos as suas coisas. Carregue ─ meu irmão me entregava uma mala com alça para carregar sobre o ombro, na qual pus assim que a peguei. Teria que dar duas voltas, do meu quarto para o de Janet, para pegar o resto das coisas dos gêmeos. Sinto falta de quando era apenas eu e Zayne contra o mundo, sem mais responsabilidades, mas isso mudou completamente a muito tempo.

─ Ei, me deixe te ajudar com isso ─ Janet aparecera na minha frente de repente, as vezes conseguia ser tão silenciosa que poucos notariam. Ela pegou minha mala e logo ajudou a carregar, demonstrando sua força. ─ Andrew, me pediram para te avisar, a ponte precisa de você, os sensores não estão nada bem. Vou ajudar Amberly com as coisas e logo nos reunimos, ok? ─ ela sempre mandava com firmeza em sua voz, admirava isso. Meu pai a tornou uma grande comandante, acho que eu deveria seguir esse rumo também, mas minhas novas responsabilidades iriam me impedir com certeza. Andrew nos abandonou para ir direto a sala de comando, me deixando a sós com Janet.

Seguir ordens caía bem em Andrew, ele seria um bom soldado de guerra, já a mim isso é meio diferente, liderar sempre foi o melhor. O único problema de Andy, é que ele nunca conseguiria matar uma pessoa a sangue frio, pelo menos é o que eu acho. No dia de seu sequestro, ele nunca mencionou sobre nada que haveria acontecido, nem mesmo sobre Campbell. Não acho que ele tenha sido manipulado, mas apenas não quer falar sobre o que aconteceu sem motivo. Não posso julga-lo, além do mais tinha medo do carro da polícia, então prefiro me manter neutra por enquanto.

Eu e Janet preferimos voltar para meu antigo quarto e pegar o berço. Ela me deu a mala de volta enquanto segurava o mais pesado, me fazendo acreditar que ela poderia fazer de tudo. Pelo incrível que pareça, Janet queria me seduzir e eu estava quase achando engraçado. Deveria ser a primeira vez dela impressionando alguém, era fofo até esse ponto. Acabei soltando uma risada quase escondida, mas ela conseguiu notar, então fez uma expressão confusa e quase reprovava, mas deixou essa passar.

Janet prestou atenção em Taylor e Jacob profundamente o caminho inteiro, as vezes lançava uns olhares a mim, talvez tentando assimilar os rostos. Agora eu tinha uma copia do Zayne junto a mim e outra até que parecida comigo, mas era difícil assimilar. Quando finalmente entramos no quarto de Janet, para a minha decepção e desespero, havia apenas uma cama grande para ambas de nós. Andrew deve ter esquecido de mencionar esse pequeno detalhe, como as coisas poderiam melhorar?

─ Deixei o lado direito do armário para você colocar as coisas. Se não se importar, eu gosto da esquerda ─ dei de ombros. Minha posição do armário não interferia em nada. ─ Temos que ter uma conversa séria.

─ Eu começo ─ lancei um olhar corajoso a ela. ─ Por que eu? Por que seu nome com o meu na lista?

─ Foi decisão apenas do seu irmão. ─ mentiras, sempre mentiras.

─ Se você quer ficar perto de mim, era só pedir ─ coloquei todas as minhas roupas em lugares aleatórios das gavetas e fui logo para perto de meus filhos, os mais confiáveis no momento.

─ Precisamos conversar sobre eles, Amberly ─ tentei ignora-la, mas só aumentou minha curiosidade sobre o assunto. ─ Eu tive essa mesma conversa com seu pai a tempos atrás.

─ Sobre? ─ procurava saber sobre o assunto.

─ Aqui não é seguro para bebês, principalmente da sua família. Seu pai tomou a decisão que eu quero que tome para protege-los. Consigo enviar uma certa quantia de dinheiro para suas novas famílias, assim os convenceria mais rápido ─ Janet tentava me convencer. Se ela tinha tanta grana, por que vive em um lugar assim? Talvez seria pela causa, mas eu não faria o mesmo que ela. Ela teve essa mesma conversa com meu pai... talvez ela também não seja tão nova quanto parece. ─ Escondê-los seria a melhor opção, Amberly. Os mesmos agentes que tentaram te pegar a oito anos atrás vão vir atrás deles também ─ uma chama começou a se acender dentro de mim, como se sua ideia fosse uma ofensa das grandes. Eu posso estar tendo dificuldade para entendê-los, porém não abriria mão de nenhum dos dois.

─ Essa decisão não é sua e nunca será, sabe por que? Porque você nunca terá ligação com a nossa família. Não, você não pode fazer parte dessa família, e sabe por que? Porque você não nasceu nela. Eu tive o desprezo de nascer nela e agora pessoas como você tentam tomar decisões por mim e pelos meus filhos. Agora eu quero você fora desse quarto, agora. ─ mantive a calma para não empurrar logo Janet para fora do cômodo, no qual ela se recusou a sair, mantendo seu enorme ego. ─ Ótimo, eu mesmo saio então ─ antes que eu saísse, ela educadamente saiu por mim. Com sorte, não acordei nenhum dos gêmeos. Sei que ela vai voltar depois, mas precisei desse pouco tempo para pensar sozinha. Ela não tem direito de fazer essas escolhas por mim.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora