Andrew
Acordei com uma luz em meu rosto, tornando o simples ato de acordar em algo difícil.
Estava na enfermaria, por isso a luz clara. A primeira coisa que senti foram minhas costas sendo amarradas por algo dentro da roupa, talvez um pano, bem onde fui acertado antes de capotar. O alarme não fazia barulho, claro que não, eu não o soei. Eu desmaiei e não pude alertar sobre o ataque, sobre Rebecca.
Me sentei tão rápido que nem meus sentidos conseguiram acompanhar. O lugar coberto pelo pano ardia, e muito, mas fiquei olhando para os lados, procurando algo que tenha acontecido de diferente depois que fui esfaqueado. Procurava Michael por todo meu campo de visão, mas, apesar de já saber que não estava ali, ainda insistia em procurar.
─ É melhor deitar ─ Rebecca surgiu, me empurrando contra a maca, me obrigando a deitar. ─ Parece que você se machucou, não é? ─ ela ainda vestia a mesma roupa de refugiada desde a facada, se disfarçando pela base. ─ Está indefeso, e nem a sua amiga, a única treinada daqui, vai te salvar ─ se referia a Janet. ─ Sua irmã vai ficar bem, eu prometo.
─ O que você fez com elas? ─ perguntava, mesmo já sabendo que ela não me responderia assim.
─ Elas estão bem, ainda ─ segurou meu pescoço, mas não com força. Era difícil me estrangular deitado. ─ Estamos cuidando bem delas e dos outros.
─ Onde está Michael? Floyd?
─ Se você continuar perguntando, vai me dar preguiça ─ ela colocou a mesma mão que estava no meu pescoço em cima do lugar da facada. ─ Agora, Andrew VanCite, me conte tudo sobre esse lugar ─ quase nem conseguia prestar atenção em suas palavras, apenas em sua mão passando aos poucos por de baixo do tecido, como se fosse colocar a mão no corte. ─ Não vou ter que perfurar você de novo, não é?
Apesar de ameaçadora, ela não me dava medo. Seu tom de voz era sedutor, o que encantaria qualquer homem, mas esse não é o meu caso. Míream, ou, no caso Rebecca, não parecia querer realmente me machucar. Ela estava hesitando, e eu não sabia por quê. Não sei para quem ela trabalha, mas agora eles tinham Amberly e Janet. Rebecca consegue ficar invisível, isso é certeza, mas ela não parece saber controlar. Rebecca tem dificuldade.
─ Vamos começar por: quais são as passagem para todos os cantos lugar? ─ perguntava como se estivesse num interrogatório. Se não respondesse, ela me torturaria.
─ Não vou te dar nada, não importa o que você faça ─ resisti.
─ É uma pena, acho que você vai ir no seu primeiro funeral ─ ela pegava um walkie-talkie, o mesmo que usara depois da facada. ─ Pode matar. Acerta bem o coração para ela se afogar com o próprio sangue. Ele não quer colaborar ─ Rebecca olhava fixadamente para mim. No mesmo instante me liguei, ela está com a vida da minha irmã e dos outros nas mãos, e tudo depende de mim agora.
─ Ok, ok. Eu faço isso, só pede pra parar, por favor.
─ Ótimo, Andy ─ me chamava pelo meu apelido. Ela pegou o walkie-talkie novamente e removeu o comando que levaria minha irmã a morte. ─ Voltando as perguntas, quais são as passagens por esse lugar?
Descrevi tudo, cada cômodo, cada corredor, cada passagem. Agora ela sabia de tudo. Eu sei que o resto de nós vai ficar puto comigo pelo resto da vida, e eu entendo isso, mas um dia eles vão entender a minha covardia. Depois de todo o meu relatório, que durou duas horas para terminar de descrever tudo, ela saiu já com um plano em sua mente; um plano no qual eu nunca saberia até se tornar real. Michael entrou assim que ela saiu, parecia que foi impedido de entrar antes disso, e ele veio logo até mim.
O médico checou os meus ferimentos e chegou até a me dar um remédio de dor, dor que sentia de quando Rebecca pôs a mão em mim. Uma enorme enxaqueca me dominava, não conseguiria fazer nada por enquanto, mas eu não conseguia ficar parado de jeito nenhum. Ele sabe que eu precisava fazer algo, impedi-la, expulsa-la, mas não posso sair daqui todo surrado e me meter em outra briga. Eu também sei que preciso ficar aqui, apenas não conseguia.
E num piscar de olhos, nossa paz momentânea foi invadida por um esquadrão de homens armados. Eles vestiam um tipo de traje como homens da SWAT, mas menos preparados. Usando sua força, eles me tiraram da enfermaria e me arrastaram até o salão principal, além de me algemarem. Gemi em dor no momento que me obrigaram a ajoelhar na frente todos no salão principal. Avistei Abigail junto a Mei e outras crianças no canto a minha esquerda e logo arrastaram Floyd para o meu lado, para todos verem seus superiores sendo derrubados com um passe de mágica.
Junto com outra equipe de armados, um homem surgiu. Um homem alto, branco e velho que usava uma túnica preta com detalhes roxo e verde nos ombros, além de uma grande cruz preta costurada meio. O velho parecia ser apenas um pouco mais alto que Floyd, o que me deixava ameaçado. Ele parou em nossa frente e foi tecnicamente inevitável de encara-lo.
─ Que Deus leve essas pobres almas para as profundezas do inferno, onde eles serão julgados por seus pecados ─ as palavras me deixaram angustiado. Apesar de nunca ter sido muito religioso, usar essas palavras foram como se levasse outra facada, porém não física. O homem se agachou bem na minha frente, como se eu fosse um bicho para ser analisado. ─ Sou William, William Stryker, um grande conhecido do seu pai. Imagino que ele nunca contou de mim, não é? ─ me interrompeu antes que eu pudesse começar a falar. ─ Não, acho que não. Meu amigo Roderick Campbell faleceu, infelizmente, num trágico acidente, não é? ─ ele sabe que não foi um acidente, mas está dizendo o que a mídia está encobrindo. Ele sabe que foi a resistência, eles sabem de tudo.
Depois de dizer isso, ele pegou um um pequena vasilha preta e voltou para perto de mim. Ao se agachar de novo, próximo a mim, senti aquele cheiro novamente. O cheiro de sangue. Ele fazia isso parecer uma brincadeira de criança, não estava rancoroso, não demonstrava nenhuma emoção além da bondade falsa de qualquer purificador.
─ Com o sangue dos seus, vocês serão guiados ─ jogou a vasilha de sangue metade em cima da minha cabeça e o rosto na de Floyd. Queria saber quantos teriam morrido para que isso acontecesse. No fim, jogou a vasilha no chão e se afastou. ─ Uma raça tão atrasada ─ sentia pena. ─ Vocês dependem de nós, não conseguem ter sua própria política, vocês são dependentes da raça humana pura. Meus homens ficarão aqui junto a vocês, protegendo vocês. Rebecca tomará conta ─ Míream, ou Rebecca, continuava com uma mania que tinha quando a conheci: passar a mão pelo seu pescoço. Talvez esteja tensa, mas eu não me importo mais.
─ Mas ela é mutante, não é? ─ alguém perguntou atrás mesmo com um certo medo. William voltou sua atenção ele e se aproximou do público.
─ Rebecca é nascida humana ─ passava a mão em seu rosto, como um símbolo falso de afeto, um símbolo falso de esperança. ─ Nós só fizemos algumas mudanças com um dos seus ─ Shou. Shou era um mutante invisível. Então esse era o verdadeiro plano? Transferir os poderes de um mutante para um humano? Eles não podem ser tão espertos, não, não podem ser. Shou era um pai, um irmão, um marido. Como Stryker e Campbell puderam ter uma ideia tão insana? Uma ideia tão... má? Se eu for continuar vivendo nesse mundo, talvez seja melhor eu não esperar nada dessas pessoas. Talvez fosse melhor eu me acostumar, mas como me acostumaria com algo tão genocida?
Eu não sei se conseguiria continuar, mas quando o velho deu de costas, eu apenas queria apunhala-lo. Agora ele veria a minha irmã, a próxima vítima, e eu precisava dar um fim nisso. Mas sei que, mesmo usando o teleporte da Amberly, eu nunca conseguiria mata-lo sem levar um tiro. Não podemos usar mais nossos poderes, não teremos mais privacidade, não conseguiremos evoluir na missão. Tudo estava acabado.
─ Qualquer coisa, deem um tiro no branquelo ─ se referia a mim. ─ Ele é descartável ─ foi seu último aviso antes de desaparecer pelas paredes. "Ele é descartável", eu iria mudar isso logo.
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I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)
FanfictionSEGUNDA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspirada na série: The Gifted da Marvel Studios Seguido aos eventos da série The Gifted. Agora os irmãos e companhia precisam lidar com algo ainda maior. Mutantes controlados, visi...