Capítulo 23: O Máximo que Eu Poderia Fazer

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Amberly

─ Rápido e fácil. Sem complicações ─ Janet dizia calmamente. Era difícil ficar calma quando eu teria que arrancar o resto de seu antebraço direito, a parte que não havia sido cortada por Erik.

Ela podia ter pedido para qualquer outro fazer isso, mas não, eu tinha que fazer. Estávamos na minha cela a prova de som, ou seja, se ela gritasse, não faria diferença lá fora. Janet estava tão calma que chegava a me deixar irritada. Ela quem estava sem uma mão e eu quem estava desesperada, isso não é justo. Tinha medo de arrancar o resto de seu braço, tinha medo de mata-la sem querer, mas ela queria que eu "apenas" cortasse o resto de seu antebraço fora. Ela já tinha perdido muito sangue, não queria que perdesse mais.

─ Eu não consigo, isso é demais pra mim ─ dizia num tom de desistência. Estava enjoada, não poderia fazer isso sem que vomitasse depois.

─ Vamos, Amberly. É como cortar uma fatia de pão ─ aconselhava e eu ignorei-a novamente. Estava tensa demais, não poderia me preocupar em fatias de pão e coisas assim. ─ Não é tão difícil.

─ Se fosse eu, você já teria surtado.

─ Se fosse você, eu já teria feito.

Discussão encerrada, eu teria que fazer isso de todo jeito. Segurei minha respiração, como se eu tivesse fôlego, e reuni todas as minhas forças. Torcia para que tivesse sorte e acertasse no lugar correto. Foi quando minha visão começou a ficar turva que eu senti que minha pressão estava caindo, eu ia desmaiar se não acabasse logo com isso.

Minhas mãos tremiam quando segurava o machado com força, meu coração batia com mais frequência e eu logo senti que não conseguiria, mas eu tinha que fazer isso rápido. Meu cabelo estava molhado de tanto suor, nem imagino minhas axilas. Espero ser a primeira e última vez que tenha que tirar fora um membro de alguém. O cheiro de sangue não sairia do meu nariz tão cedo.

Quando finalmente consegui cortar o braço dela, ou o que sobrou dele, tive a sorte de acertar mesmo de olhos fechados. Não poderia encarar o sangue desse jeito. Wes já pegou outro pano para cobrir o braço dela enquanto Janet se contorcia de dor. Eu sei que ela tentava parecer mais forte, como se fosse aguentar isso como uma pena, mas no fundo todos sabemos que ela quer gritar de tamanha dor causada pela falta de metade de seu braço.

Eu não iria aguentar ver ela assim depois do que tinha acabado de fazer, eu tinha que sair dali antes que realmente comece a me sentir mal. Precisava respirar ar puro e foi isso que fiz, saí correndo da cela e fui direto pra outro lugar seguro: a sala das câmeras, que haviam sido tomadas pelos homens de Janet por baixo do nariz do homem grande e gordo que liderava esse lugar, aquele Stryker. Espero que já tenham feito contato com a base, porque eu realmente precisava falar para alguém de lá sobre os ocorridos. Também sentia falta da voz de Andrew, Mei e da Abigail. Eu precisava deles.

O cheiro da sala de câmeras me dava enjoo. Haviam alguns cadáveres no canto esquerdo superior que nossos homens não conseguiram dar um fim. Eles já pensaram em queima-los, porém o alarme de incêndio seria ativado e nós seriamos descobertos, então não temos escolha além de suportar o cheiro e o mal estar. Um cara grande, bem musculoso e aparentemente pesado, se sentava numa cadeira perto a um rádio no qual tentava falar alguma coisa. Ele estava com o capacete igual ao homens de Stryker, então não conseguiria identifica-lo, mas eu não precisava disso. Só queria fazer contato com alguém.

─ Ninguém atende, nunca dá nenhum sinal ─ e quem sou eu para julgar? Nunca mexi numa coisa dessas na minha vida. ─ Acho que o rádio deles ainda está quebrado, por isso sou inútil agora.

─ Já tentou trocar de canal? Pode dar certo ─ perguntei tentando dar alguma dica inteligente.

─ Tem apenas um que está em uso de William e seus caras, dá pra ouvir tudo que eles fazem. Seus turnos, informações, passagens e até possíveis invasores. Você precisa chamar a Janet, tenho assuntos sérios com ela ─ William Stryker era o nome completo daquele velho, alto e gordo, que veio me visitar. Mesmo curiosa com o tal assunto com Janet, resolvi ignorar. Peguei o rádio e dei alguns tapinhas, o máximo que eu poderia fazer, e de uma forma surpreendente, começou a fazer barulho. ─ Meu Deus ─ o cara pegou de volta o rádio e um microfone. ─ Alguém na escuta? Por favor, se alguém estiver ouvindo isso, responda, por favor! ─ parece que eu faço milagres agora.

─ Aqui é Tiberias Croft. Sim, estou ouvindo vocês ─ suspirei de alívio, algo finalmente deu certo.

─ Tim! Como estão as coisas aí? ─ o homem perguntou e demorou alguns segundos para obter sua resposta, parecia que Tiberias estava com dificuldade para falar.

─ Eles invadiram ─ declarou ele num tom de voz baixo.

─ Eles invadiram tudo ─ concluiu Abigail ao seu lado, no mesmo tom de voz.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora