Capítulo 26: Droga

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Amberly

A sala.

A sala escura da luz piscante que dava acesso a corredores e quartos horríveis. Talvez se eu procurasse um pouco mais lá dentro, poderia encontrar algo importante, poderia encontrar pessoas vivas ou mortas. Tenho quase certeza de que meu pai estava aqui dentro, apenas não sei onde daqui. Janet não suspeita de nenhum plano que eu tenha, mesmo que ela consiga entrar na minha mente. Eu sei que ela respeita a minha privacidade e sei que não entraria na minha cabeça para pegar uma informação que ela nem sequer desconfia.

Quem me dava medo mesmo era Erik. O garoto alto, descendente de paquistaneses, era o que mais me assombrava. Após ele arrancar fora o braço de Janet, sei que ele não é o mesmo desde que foi sequestrado pelos purificadores a meses atrás. Eu não sei porquê meu irmão ou Janet não foram atrás dele, apenas sei que teve um motivo pelo qual não o trouxeram de volta. A única função de Erik era criar portais coloridos e úteis, mas agora ele transformou sua habilidade locomotiva em uma arma, algo que poderia cortar uma pessoa ao meio sem esforço nenhum. Me dava certo medo, lógico, porém tinha uma chance, mesmo que pequena, de salvar ele dessa prisão mental em que estava. Sua mente não era a mesma com certeza, ele estava fora de si por um motivo: manipulação mental dos purificadores.

É lógico que Campbell e Stryker queriam armas e foram isso que levaram de nós no dia do ataque. Muitos homens nossos foram levados ao abatedouro sem opção, suas mentes foram controladas, invadidas, e a do meu pai também. Com sorte, Andrew escapou, mas apenas ele saiu de lá com vida. Shou estava morto e seu poder foi passado para uma adolescente, uma garota que antes de nos ajudar nos traiu. Como explicaria a Mei que seu pai teria sido usado como um bichinho de laboratório e agora estava morto? Não se fala uma coisa dessas para uma criança, não se não quiser deixa-la traumatizada. 

Meu plano era entrar na sala escura de novo, mas algo dentro de mim me dizia para desistir, para seguir o plano de Janet. Eu apenas não poderia fugir e fingir que nada estava acontecendo aqui dentro, eu tinha que agir se quisesse ter aliados de novo. Janet quer sair daqui o mais rápido possível, porém nada disso daria certo com os homens de William em nossa base, então vamos ter que esperar até que Andrew, Abigail e o resto, expulsem aqueles caras de lá.

Acho que era a primeira vez que tinha uma ideia por conta própria, algo que me denominaria teimosa, porque tenho certeza que Janet me chamaria assim quando descobrir. Estava esperando o momento certo para entrar, para investigar e descobrir o que me espera lá dentro até que alguém coloca uma mão em frente a minha boca, me puxando para o corredor onde estava.

─ Me larga! ─ tentei bater no braço direito da pessoa, mas acertei o vento. Janet.

─ Você é suicida? O que pensa que tá fazendo? ─ dizia ela, já me fazendo parecer idiota.

─ Eu vou trazer Erik e os outros de volta ─ insistia ─ Nem que seja a última coisa que eu faça! ─ estava determinada. Nada podia me impedir se não as palavras de Janet. Ao me largar, eu sabia que estava olhando fixadamente para mim mesmo estando com um capacete cobrindo todo seu rosto. Eu estava com o mesmo, para que ninguém me identificasse.

─ Você não sabe? ─ perguntava ela. Perguntei de volta sobre o que eu saberia, então me explicou. ─ Você não pode salvar Erik, não despreparada assim ─ saiu andando em direção a sala de comando e eu a seguia ao seu lado. ─ Erik está sobre efeito de Hipercortisona D, ou o mais conhecido Kick. Kick é uma droga que o faz ficar viciado muito rápido e é por isso que os purificadores usam para manipular seus experimentos. Se o mutante os obedece, lhe dão uma boa dose da droga, mas se não obedecem eles morrem de abstinência. Além de tudo isso, o Kick faz seus poderes ficarem ampliados, melhorando o desempenho da arma ─ deu um intervalo enquanto entrava na sala. ─ Não sabemos como parar a droga ainda, mas vamos descobrir ─ encerrava o assunto.

─ Significa que eu não posso fazer nada? ─ perguntei a ela enquanto tirava o capacete. Meus cabelos bagunçados chamavam a atenção dela.

─ Não enquanto não voltarmos a nossa base. Por isso precisamos que seu irmão tenha um plano, e um bom plano, junto com seu novo bichinho ─ duvido que Andrew a chamaria assim, mas é verdade. Rebecca realmente faz tudo que Andy manda e isso nos dava vantagem.

Erik estava vivendo essa agonia por todos esses meses e nós não fizemos nada, isso que pesava em mim. Poderíamos ter ajudado, mas preferiram esperar eu parir para continuar a missão. Eu sou responsável por esse sofrimento, por todo esse sangue derramado, e agora eu vou consertar tudo isso. Eu vou salvar todos dessa prisão.

I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora