I Think We're Alone Now - Temporada 2 (CONCLUÍDA)

Capítulo 34: O Último Passo Para a Liberdade

Amberly

A cena ainda me causava enjoos.

Eu acho, eu não acho, eu tenho certeza, de que não conseguiria acompanhar ninguém nessa invasão. Janet estava me forçando em um mundo em que não me pertence, um mundo cruel, como se estivesse me preparando para o pior. 

Mas depois de tudo isso eu vou voltar para minha antiga vida, para minha família de verdade.

Janet está tentando me forçar a criar mais daquelas espadas escuras nas quais eu assassinei um homem. Não sei se ela está tentando me transformar numa assassina, mas se for isso, ela já conseguiu. Não sei direito no que ela está pensando, eu nunca sei, mas algo me diz que não é bom. Sempre me deixava sobre pressão agora, ela não era assim, não sei o que está tentando fazer. Ela não é mais a mesma desde o dia que matei aquele cara. Mesmo ela pegando no meu pé, me forçando a fazer coisas, eu ainda não consigo desapegar dela. Tudo que eu queria agora era esquecê-la.

Por que ela estava fazendo aquilo? Por que ela quer que eu a odeie? Talvez ela queria que eu pensasse mais nela, ou talvez eu eu já esteja pensando demais. Só queria poder me desligar de tudo agora, mas não posso. Eu tinha que ser a nova máquina matadora de soldados de Janet o mais rápido possível, não poderia fracassar. Tinha que provar pra ela que podia se orgulhar de mim, provar que não sou burra o suficiente para fazer nada. Não sei se é coisa da minha cabeça, mas parecia que tinha vergonha de mim.

─ Já estamos mobilizando os grupos ─ soltou enquanto eu tentava perfurar um saco de pancadas novamente com uma faca que criara. ─ Andrew, Michael e Floyd já estão voltando com a naloxona.

─ Parece que está tudo andando conforme o plano então ─ comentei sem vontade de conversar, como se estivesse sendo forçada a responder algo.

─ Logo vamos partir e eu preciso que você esteja pronta, todos precisam. 

─ Você sabe que eu e o Andrew podemos destruir todo aquele lugar, não é? ─ me virei para ela, que me olhava sem piscar. ─ É só nós darmos as mãos, usar nossos poderes, sincronizar e bum, destruímos tudo. Janet, e ninguém sairia ferido.

─ Nossa missão não é fazer uma carnificina, nossa missão é trazer nossos homens de volta. Mesmo que vocês usem a Fenris, não temos cem por cento de certeza que os dois não vão ser mortos antes da destruição ─ apenas concordei balançando a cabeça, mesmo não concordando. Ela sabia que eu não iria aceitar assim tão fácil, ela lia a minha mente a todo momento, e não vai ser agora que vai parar.

Espero que todo esse estresse de mutantes controlados e usados acabe logo após esse ataque. Minha cabeça não aguentava mais toda a crueldade dessas pessoas, nem a minha própria crueldade. Ninguém é piedoso neste mundo, nem mesmo eu. Estas paredes, mofadas e rebocadas, me julgavam mesmo sem uma palavra, me sufocavam. Eu precisava de alguma coisa para criar mais adagas, algum sentimento, algum desconforto. Sorte que este lugar já era tenso o suficiente para me deixar suando, para me deixar presa.

A adaga fazia cortes pequenos sempre que manuseava-a, isso também as outras armas. Acho que vou ter que conviver isso até minha morte. Esse poder eu puxei de meu pai com certeza, mas não sei como ele consegue usar com tanta facilidade. Os pequenos ardidos doíam a cada movimento, perfurando a minha pele até sangrar. Da próxima vez colocaria uma luva ou alguma proteção, não vou continuar fazendo isso com a mão nua e exposta a esses cortes. Se eu me acertasse por acidente me sentiria uma idiota. Com certeza ainda faria uma idiotice nessa por acidente.

Janet me olhava de cima a baixo sentada no concreto do chão, me sentia uma puta. Minha roupa não estava chamativa, então não havia motivo para me olhar desse jeito. Algo sobre ela ainda chamava minha atenção: seu jeito, sua psicologia, seus adornos. A única vez que a vi tirar um colar metálico de forma estrelar, um pouco cafona demais para ela, porém deveria pertencer a alguém próximo. Por não ser de seu estilo, ela sempre o deixava escondido dentro de sua camiseta, impedindo todos de o verem.

Queria ter segredos bem escondidos como os dela.

─ O equipamento já foi revistado, nossos homens já estão se preparando ─ um homem entrava anunciando, provavelmente alguém que Janet mandou informa-la. Com um gesto, ela o dispensava como um mascote.

─ Este é o último passo para a liberdade ─ dizia para si mesma, não como uma forma de encorajamento, mas sim uma despedida.