Inconsciente

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Arriaga segurava uma das mãos de Victoria, apertado dentro da ambulância que sacudia pelas ruas de Catemaco. Dois enfermeiros ministravam os primeiros socorros em Victoria, aplicando soro e limpando o ferimento. Em poucos minutos que pareceram durar horas, a ambulância estacionou em frente ao Hospital General de Catemaco. Era um hospital humilde e simples, muito diferente da Clínica Bremer, ao qual a família Balvanera estava acostumada. Enquanto eles deslizavam Victoria na maca pelos corredores do hospital, Arriaga fez uma oração para que um bom médico a atendesse e que pudesse descobrir o que havia de errado com ela.

Os minutos se arrastavam enquanto Arriaga estava sentado na sala de espera do humilde hospital, segurando a cabeça nas mãos, completamente desesperado. Ele tentava entender o que teria acontecido com Victoria, se ela tinha sido atacada por alguém, mas não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Ele não teve cabeça para olhar pelo quarto em busca de pistas de invasão e nem percebeu se havia alguma marca de agressão no corpo de Victoria. Arriaga se sentia péssimo por nem conseguir ser um bom guarda-costas para ela, por estar longe dela naquele momento. Ele jamais deveria ter saído da mansão, largado o emprego, pois o resultado era esse – Victoria numa cama de hospital. Era a segunda vez que acontecia algo assim. Sempre que se separavam algo de errado sucedia, como se fosse uma maneira do universo deixar claro que o lugar deles era um ao lado do outro.

O telefone tocou no bolso do casaco de Arriaga, o tirando de seus pensamentos. Era Guzmán. Na Mansão Balvanera todos estavam desesperados por notícias e no calor dos acontecimentos Arriaga não lembrara de avisar ninguém.

Ele contou rapidamente o que tinha se passado desde sua chegada em Catemaco e Guzmán avisou que iria para lá imediatamente. Arriaga tentou argumentar que não era necessário, mas se sentia desamparado e perdido demais para negar ajuda. Ao desligar o telefone viu uma enfermeira se aproximar.

"Senhor Balvanera?" ela perguntou, em voz baixa.

"O que houve?" Arriaga respondeu num ímpeto, preocupado demais com Victoria para corrigir a enfermeira.

"O médico pediu para informar que ainda estão esperando o resultado dos exames da sua esposa, mas que ela está estável."

"Ela acordou? Posso vê-la?"

"Infelizmente não, senhor."

"Porque?" ele perguntou levantando da cadeira.

"Porque o estado de saúde dela ainda é delicado." a enfermeira respondeu, dando um passo para trás diante do tamanho de José Ángel.

"Eu quero ver o médico." ele disse, angustiado "Eu preciso falar com o médico dela! Por favor."

Diante do olhar de desespero de Arriaga, a enfermeira suspirou consternada e assentiu, se retirando. Ele sentou-se novamente nas cadeiras de plástico da sala de espera, passando as mãos pelo rosto. Arriaga fechou os olhos e fez uma prece silenciosa. Há quanto tempo Victoria estaria inconsciente? Era impossível saber. E porque ela não acordava?

Arriaga ouviu passos e sentiu que alguém se aproximava.

"Senhor Balvanera?" disse uma voz grave.

Arriaga ergueu o rosto em lágrimas. Um médico o olhava e a expressão de Arriaga mudou de repente, totalmente surpreso. O médico sorriu.

"José Ángel?" 

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