Senhorita Victoria

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Eles não demoraram muito para encontrar um restaurante para tomar o café da manhã. Arriaga achou muito engraçado ver Adriana tão jovem e a paciência e amor com que Victoria a tratava. Ele ficou pensando se Carlos já existia na vida de Victoria, ou pior, se Nelson já era uma realidade. Arriaga sabia que ela tinha se casado com Nelson aos dezoito anos, mas não conseguia precisar a idade que teria Victoria naquele momento.

"Senhor Arriaga? Vai pedir?"  Victoria perguntou.
"Ah sim. Claro." ele disse, voltando os olhos para o cardápio e indicando o que queria a garçonete.

"Então, o senhor não é de Santa Rita?" perguntou Victoria.
"Ah, não senhorita. Sou de Catemaco, Vera Cruz."  respondeu Arriaga "Mas por favor, me chame de José Angel. Acho que temos quase a mesma idade, não é mesmo?"

Victoria deu um sorriso, ruborizando.

"Claro, mas só se você não me chamar de senhorita."

"E como devo chama-la?" Arriaga perguntou, mesmo sabendo a resposta.

"De Victoria Bal..." ela titubeou "Victoria."  respondeu simplesmente e esticou a mão para apertar a dele.

Arriaga a observou por um segundo pensando no porque de ela não querer revelar que era uma Balvanera. O que isso significava para ela naquele momento? Teria já o peso que Aníbal possuía? Seria ela já completamente controlada por aquele homem ou ainda tentava se rebelar contra a tirania do patriarca?

Arriaga apertou a mão dela e foi como se eletricidade percorresse o corpo dos dois. Victoria não esperava por isso e olhou para Arriaga muito surpresa. Ele sorriu.

"Muito prazer, Victoria" Arriaga disse.

Adriana observava os dois com os olhos muito arregalados e o sorriso banguela e sapeca no rosto.

"José Ángel, você sabia que vai ter uma festa a fantasia na fazenda hoje?"  disse Adriana enquanto chegavam os pratos que haviam pedido.

"De verdade?"

"Sim! Pra comemorar o aniversário da Victoria! E vai ser a festa mais espetacular do mundo!"  a menina disse, muito empolgada.

"Adriana!"  advertiu Victoria, a censurando.

"É seu aniversário?"  perguntou Arriaga, surpreendido.

Victoria mexeu na comida com os talheres, envergonhada demais para manter contato visual.

"É sim! E a festa vai ser incrível!" continuou Adriana, pulando na cadeira "E eu vou me fantasiar de fada!"
"Desculpe a minha irmã, ela não para de falar nisso faz um mês."
"Eu entendo. Imagino que irmãs incríveis merecem festas incríveis."

Victoria levantou o olhar para Arriaga e não conseguiu evitar o sorriso. Ele sorria de volta e por um momento parecia que não havia mais nada no mundo além deles. Victoria percebeu e limpou a garganta.

"E é por isso que ela estava correndo que nem uma maluca pela rua."  disse Victoria, revirando os olhos. "Mesmo que eu tenha dito que a loja ainda não abriu".
"E agora? Já abriu?" Adriana perguntou, ficando de joelhos na cadeira.

"Primeiro você come tudinho, aí eu respondo" disse Victoria.

"Fadas precisam estar bem alimentadas, Adrianita. Ou não fazem suas magias." Arriaga disse, rindo.

Adriana acenou afirmativamente com a cabeça voltando a tomar o chocolate de canudinho.
Victoria sorriu para Arriaga em agradecimento.

"Hermana! Hermana!" disse Adriana, ficando em pé na cadeira, excitada. "Eu tive uma super idéia!"
"O que, meu Deus?"

Laberintos CerradosOnde histórias criam vida. Descubra agora