Jasmin & Camomila

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*recomendo ler esse capítulo ouvindo a música acima em loop. ;)

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A primeira coisa que Liliana sentiu foi o aroma das flores. Um aroma doce, fresco e envolvente que evocava lembranças que ela ainda não conseguia colocar em palavras. E ela não sabia bem porquê, mas se sentia em paz, talvez como nunca antes.

Quando Liliana finalmente abriu os olhos percebeu que estava no jardim da mansão Balvanera - e que tudo estava muito diferente. Ou pelo menos, diferente do que ela estava acostumada. O jardim estava completamente florido, uma variedade de flores cuidadosamente dispostas formando tapetes coloridos que se estendiam até onde os olhos podiam ver. Ao olhar ao redor, Liliana percebeu bougainvilleas enormes pendendo dos balcões frontais da mansão, e tudo aquilo dava à casa uma atmosfera celestial, iluminada.

Liliana caminhava em meio às flores, sentindo a mistura dos perfumes, encantada com a beleza que pulsava da natureza. Ao longe, ela viu uma mulher regando um enorme arbusto de margaridas. Liliana nunca a tinha visto antes e pensou que Victoria tivesse contratado uma nova jardineira para cuidar de suas plantas. Quando a mulher percebeu que ela se aproximava, parou o que fazia e sorriu.

"Liliana!" ela disse, acenando.

Conforme Liliana se aproximava, notou que a jovem aparentava ter a mesma idade que ela tinha - cerca de 18 anos - e possuía longos cabelos negros e olhos cor de mel. Um sorriso caloroso iluminou o rosto da moça, um sorriso largo que deixavam seus olhos pequenininhos e Liliana foi invadida por um sentimento de que conhecia aquela moça, que de alguma forma já a tinha visto antes.

"Ah, Liliana, que bom te ver por aqui!" ela disse e puxou Liliana para um abraço apertado. Liliana sentiu cheiro de margaridas na moça e algo a mais que ela não sabia dizer o que era, mas era tão familiar que a assustava.

"Desculpe, eu conheço você?" Liliana perguntou, quando se afastaram.

"Ah, chispiajos... Me perdoe por te assustar assim. Mas não. Não tivemos tempo de nos conhecer. Eu me chamo Luna."

Liliana sorriu e Luna sorriu de volta. Liliana não conseguia desfazer a impressão de que a conhecia de algum lugar. Luna se aproximou, excitada, e segurou as mãos de Liliana.

"Você sabe porque está aqui?" Luna perguntou, sorrindo.

Liliana não sabia se tinha entendido direito a pergunta e logo Luna voltou a falar.

"Ah, isso não importa realmente. Vem aqui comigo!" ela disse e puxou Liliana pela mão.

Luna não largou as mãos dela nem por um instante enquanto exploravam o jardim, seguindo em direção à área dos fundos da propriedade. À distância, avistaram uma majestosa aroeira, sob a qual repousava um homem.

Ao se aproximarem do homem, Liliana precisou refrear um grito ao ver que ele era praticamente uma cópia idêntica de Arriaga, exceto por ter os cabelos um pouco mais lisos e um frondoso bigode.

"Papai?" Liliana perguntou.

O homem sorriu largamente e esticou a mão para ela se apoiar enquanto se sentava em frente a ele. Luna riu, sentando-se ao lado de Liliana.

"Quase." Luna disse, num sorriso brilhante "Esse é o vovô."

Liliana arregalou os olhos e alternou o olhar entre o homem sentado à sua frente e Luna, sem entender.

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