Feitiços

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Deitada de bruços na cama, de olhos fechados, Victoria tinha a expressão serena. Arriaga percorria as costas dela com beijos suaves e afetuosos e quando se aproximou do pescoço dela, afastou os cabelos dourados e a mordeu levemente no ombro. Victoria riu. Ele sorriu e deitou a cabeça sobre as costas dela, fechando os olhos.

"Victoria?" ele chamou, depois de alguns minutos.

"Hum?"

"Você está dormindo?"

"Quase."  Victoria respondeu, com a voz arrastada.

"Porque gostaria de dizer que aceito aquela proposta."

"Qual proposta?"

"De comer. Eu estou morrendo de fome."

Victoria soltou uma gargalhada alta, que fez Arriaga rir com ela. Estando deitado por cima dela na cama, ele adorou a sensação do corpo de Victoria vibrando por baixo do seu em risos contagiantes. Ainda lhe parecia inacreditável que houvessem tantas maneiras novas e diferentes de se apaixonar por Victoria Balvanera.

Victoria se movimentou para ficar de frente para Arriaga e ele apoiou-se com as duas mãos no colchão dando espaço para que ela pudesse se virar. Victoria levou as mãos ao rosto dele, fazendo carinhos e suspirou.

"O que você fez comigo, pra eu te amar tanto?" ela perguntou.

Arriaga sorriu.

"Eu faço feitiços. Você não sabia?"

"Feitiços?" ela perguntou, rindo.

"Minha mãe sendo uma índia nativa de Los Tuxtlas, Vera Cruz, me ensinou tudo sobre o assunto." ele disse, de maneira muito solene "Agora mesmo, eu vou fazer uma bruxaria pra você me beijar."

Victoria riu e começou a percorrer o pescoço de Arriaga a beijos.

"José Ángel?"

"Hum?" ele sussurrou, de olhos fechados, perdido no prazer que o contato dos lábios dela com sua pele lhe causavam.

"Está funcionando."

Victoria continuou beijando levemente o pescoço, a mandíbula e o queixo de Arriaga, até se aproximar dos lábios dele e roubar-lhe um beijo cheio de paixão. Quando se separaram, Arriaga a olhava intensamente.

"Já você não precisou fazer nada comigo."

Victoria o observou sem entender.

"Como um homem não se apaixona por você, Victoria?" ele disse, os olhos negros faiscando de amor "Como um homem resiste a tudo o que você é?"

Victoria suspirou, apaixonada. Arriaga aproximou novamente os lábios dos dela e a beijou. O beijo ficou mais intenso e ao sentir o peso do corpo de Arriaga sobre o seu, Victoria sabia que se não parassem o que estavam fazendo jamais sairiam daquela cama.

Arriaga mordeu o lábio inferior dela, a fazendo gemer e esse foi o pretexto para afasta-lo gentilmente.

"José Ángel, por mais delicioso que seja o que você está fazendo... Eu não pretendo morrer de inanição."

Arriaga riu, a beijando no rosto.

"Eu não tenho culpa de você ser deliciosa." ele disse, acariciando o rosto dela levemente com o nariz, arrancando suspiros de Victoria.

"É sério, meu amor, se você continuar..."

"O que?" ele disse, mordendo o lóbulo da orelha dela.

"José Ángel."

"Você é impossível de resistir." ele sussurrou, distribuindo mordidinhas pelo queixo e pescoço de Victoria "E eu fiz um esforço sobre-humano para aguentar todo esse tempo em que estivemos separados."

O estômago de Arriaga roncou de fome o fazendo deter sua exploração pelo pescoço de Victoria. Ela caiu na risada.

"Tem um pobre estômago aí fazendo um esforço sobre-humano também." ela disse, rindo.

Arriaga rolou para o lado na cama e Victoria levantou, se enrolando no lençol.

"Onde você vai?"

"Vou tomar um banho rápido pra descermos."

"Vou junto!" Arriaga disse, dando um pulo da cama.

"José Ángel, não!" Victoria começou a rir e correu até a porta do banheiro. Ela se apoiou na porta de costas pra ele, tentando não pensar no fato de que ele estava em pé no meio do quarto, completamente nu.

"Porque não?"

"Porque se você vier junto comigo, vamos fazer tudo nesse banheiro, menos tomar banho!"

"Senhora Victoria! Que absurdo. Eu só quero tomar banho ao mesmo tempo para adiantar as coisas."

Victoria de repente sentiu que ele colou seu corpo no dela, a prensando contra a porta. Ela mordeu o lábio inferior e fechou os olhos, refreando a vontade de se agarrar naquele homem e esquecer-se do mundo. Arriaga apoiou os braços na porta, ao redor dela, para que ela não tivesse como fugir e aproximou os lábios do ouvido de Victoria.

"Você não vai escapar de mim" ele disse, num sussurro.

Victoria girou o corpo se virando para Arriaga.

"José Ángel, me beija."

Ele sorriu e fechou os olhos. Victoria aproveitou a chance e girou a maçaneta abrindo a porta rapidamente, entrando e fechando novamente a porta na cara dele.

Ela se encostou na porta, pelo lado de dentro, gargalhando. Do lado de fora, Arriaga riu junto com ela, com as mãos na cintura.

"Senhora Victoria, não é bom a senhora ficar sozinha no banheiro. É um local propício para sequestros. Você deveria deixar seu guarda-costas entrar e verificar o perímetro." ele disse, ainda rindo.

"Arriaga, o senhor está dispensado!" ela gritou de dentro do banheiro.

Arriaga riu alto e se jogou na cama, abraçando o travesseiro e fechando os olhos.

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