Enquanto Zambrano dirigia de volta para a mansão Balvanera, Victoria dormia recostada no ombro de Arriaga, no banco de trás da caminhonete. Era sabido que um dos sintomas da gravidez era o sono excessivo, principalmente nos três primeiros meses de gestação. Victoria tinha pego no sono mal tinham entrado no carro, tão exausta que estava, enquanto a voz de Arriaga - fazendo planos para os gêmeos - embalava seu sono.
Gêmeos.
Era praticamente inacreditável. Enquanto fazia carinhos nos cabelos dourados de Victoria, Arriaga refletia sobre as mudanças profundas que sua vida havia sofrido nos últimos dias. Descobrir que não havia somente um bebê se formando na barriga de Victoria, mas dois, era extraordinário demais, até para um homem como Arriaga. Será que seriam dois meninos? O menino com o qual Arriaga sempre sonhara? Ou duas menininhas, cópias exatas de Victoria? Arriaga achou que ia explodir de alegria ao pensar nessa possibilidade. Duas menininhas, de cabelos dourados como o sol, correndo pelos jardins da fazenda Balvanera - duas meninas que ele poderia ensinar a cavalgar, a lutar Aikido, a cuidar da terra que ele tanto amava. Arriaga se pegou imaginando que uma delas com certeza teria inclinação para as artes, como a mãe, e as duas passariam dias inteiros no ateliê, entre pincéis, lápis e tintas. A outra provavelmente o seguiria para todos os lados, sujando as mãos de terra, com um sorriso banguela de orelha a orelha.
Arriaga estava imerso nessas doces fantasias quando sentiu que Victoria começava a se espreguiçar, se ajeitando mais no abraço que a envolvia.
"Eu quase consigo te ouvir pensar, José Ángel." ela disse sem abrir os olhos.
Arriaga riu, fazendo carinhos no rosto dela. Era verdade que mulheres grávidas tinham um brilho especial, mas no caso de Victoria era praticamente covardia. Ela já era uma mulher belíssima, mas parecia ter se elevado a outro nível. Victoria estava tão deslumbrante que parecia uma entidade sobre humana, uma vênus iluminada - uma verdadeira obra de arte.
Victoria abriu os olhos, piscando lentamente. Arriaga sorriu ao ver aqueles olhos verdes que tanto adorava.
"Porque está me olhando assim?"
"Porque eu te amo." ele disse e se aproximou para beijá-la na testa "E porque todos os dias tento entender como um homem como eu pode ter tanta sorte na vida."
Victoria sorriu e se aproximou para roçar o nariz pelo pescoço dele.
"Hum... que saudade eu estava do meu lugar preferido." ela disse enquanto passava levemente o nariz pela mandíbula de Arriaga. Victoria suspirou e com um sorriso maroto nos lábios o mordeu de leve, logo em seguida passando a língua pelo lugar ofendido.
Arriaga sentiu seu corpo estremecer e prendeu a respiração. Victoria continuou sua exploração pelo pescoço dele, distribuindo beijos pela pele morna e perfumada.
"Victoria..." ele murmurou, fechando os olhos "Não faz isso comigo."
"Eu não estou fazendo nada, meu amor." Victoria disse, fingindo inocência "Mas sinceramente..." ela continuou, deslizando uma das mãos até a coxa de Arriaga "A minha vontade agora era fazer tanta coisa com você..."
Arriaga sufocou um gemido nos cabelos dourados quando sentiu a mão de Victoria mover-se perigosamente sobre seu membro como um roçar de uma pluma.
"Sabe o que eu queria, José Ángel?" ela perguntou, num sussurro.
A voz de Victoria no seu ouvido, o cheiro e o calor do corpo dela contra o seu, a mão pequenina que deslizava sobre o tecido de suas calças quase sem tocar, estavam deixando Arriaga completamente desesperado. Ele nem percebeu que estava apertando os olhos muito forte, como se lutasse contra uma força invisível que iria destruí-lo completamente. Ele abriu os olhos, preocupado que Zambrano estivesse vendo - ou pior, ouvindo - o que se passava no banco de trás do carro. No entanto, o homem parecia mais focado nas avenidas à sua frente.
"Você sabe?" Victoria perguntou novamente e deu um beijo molhado no pescoço de Arriaga, passando a língua de leve pela pele que vibrava de excitação.
Arriaga não conseguiu responder e mordeu o lábio inferior, tentando evitar os gemidos quase involuntários. Victoria era a sua perdição.
"Pois eu queria você dentro de mim." ela disse, tão baixo que Arriaga só ouviu porque eles estavam muito perto "Queria sentir você inteiro, pulsando dentro de mim."
Arriaga só não gritou porque Victoria o puxou pela nuca e o calou com um beijo. Mas teve que se segurar nela com firmeza quando sentiu seu corpo estremecer de prazer. Como era possível chegar ao ápice sem nem ser tocado?
Victoria deslizou sua mão pela cintura de Arriaga e o abraçou com força, passando uma perna por cima dele. Com poucos movimentos, ela gemeu baixinho, escondendo mais uma vez o rosto no pescoço dele - esse lugar que ela gostava de chamar de lar.
Instantes depois, quando ambos se recuperaram do prazer inesperado, Arriaga segurou o rosto de Victoria, a fazendo olhar para ele. Ela tinha as bochechas muito vermelhas, quase como se tivesse vergonha do que haviam feito.
"Victoria, um dia você ainda vai me matar." ele disse, e novamente, sentiu que endurecia dentro das calças que usava.
Victoria sorriu, sentindo que suas bochechas ardiam e mordeu o lábio inferior. Arriaga encostou a testa na dela, ainda tentando acalmar a respiração ofegante. Seu corpo inteiro queimava de desejo e prazer.
"Porque Deus te fez tão deliciosa?" Arriaga perguntou, respirando profundamente, ainda de olhos fechados.
"Eu desconfio que ele me fez todinha pra você." Victoria respondeu, fazendo carinhos nos cabelos negros dele.
"Pois vou precisar passar o resto da vida em prece." Arriaga disse e começou a distribuir pequenos beijos por todo o rosto de Victoria "Agradecendo por essa pele macia e suave." ele a beijou no ombro"Por esse perfume de camomila e jasmim que me enlouquece..."
"Camomila e jasmim?" ela perguntou, olhando pra ele com curiosidade.
"Você não sabia, senhora Balvanera?" Arriaga perguntou, se afastando para olhá-la nos olhos.
Victoria sorriu, negando com a cabeça.
"Você tem um perfume que me encanta, um cheirinho só seu..." Arriaga se aproximou do pescoço de Victoria, aspirando profundamente."Camomila, porque você me acalma, é meu porto seguro. A minha vida é tão mais leve ao seu lado... hoje sinto uma paz que nunca senti antes." ele a beijou no pescoço lentamente antes de continuar a falar "E jasmim, porque você é pura doçura... Mas também é ousada, uma força da natureza, andando sempre em frente, com tantos planos para realizar que me faz também querer sempre prosperar para estar a sua altura."
Victoria nem percebeu que derrubava lágrimas até Arriaga secá-las com as pontas dos dedos.
"Você é o anjo que veio até mim como uma divindade que desce à terra para agraciar os mortais com a sua presença. Você, Victoria, que encontrei naquela festa de aniversário anos atrás..." ele riu de si mesmo "Ou num sonho que até hoje não consigo explicar... Você, um anjo, de camomila e jasmim. Todinha feita pra mim."
Victoria olhou profundamente naqueles olhos negros que brilhavam. Às vezes ela pensava que ainda estava sonhando e acordaria sozinha em sua cama na mansão, porque José Ángel Arriaga era um homem tão inexplicável e maravilhoso que parecia mentira.
"José Ángel, se isso tudo for um sonho..."
"Não é." ele a interrompeu rapidamente. "Estamos aqui. Eu e você."
"Mas se for, eu quero que você saiba..."
Arriaga sorriu, pois sabia exatamente o que ela ia dizer.
"Que não importa quanto tempo leve..." eles disseram ao mesmo tempo. Victoria sorriu e o beijou na testa, deslizando os lábios até a bochecha de Arriaga.
"Eu virei atrás de você." Victoria completou, o beijando na face, docemente.
"Quantas vezes forem necessárias." Arriaga disse e suspirou, de olhos fechados.
"Sempre."

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Laberintos Cerrados
FanfictionFilho de um antropólogo e de uma índia nativa de Catemaco, Vera Cruz, José Ángel Arriaga sempre esteve familiarizado com os rituais xamânicos de sua terra natal. Em meio à sua culpa e remorso, ele decide voltar para sua cidade em busca de uma respo...