Jovens

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Os dois corriam pelos jardins da fazenda Balvanera. O guarda-costas e o anjo, esvoaçando suas asas pela grama verde escura iluminada pela luz da lua e as luzes da festa distante. O som da música e do burburinho já era algo longínquo quando eles finalmente pararam de correr, à beira do rio.

Victoria se apoiou em Arriaga para recuperar o fôlego. Ele aproveitou para puxa-la para si.

"Te amo, Victoria Balvanera"

Ela enlaçou os braços ao redor do pescoço dele e jogou a cabeça para trás, sorrindo. Os grandes olhos verdes brilhavam em lágrimas emocionadas.

"Quanto sonhei você assim, José Ángel."

Ele sorriu e a beijou apaixonadamente. As pernas de Victoria amoleceram e ela achou que iria desmaiar outra vez. Arriaga sentiu que o corpo dela pesava e a segurou mais firme. Victoria o apertou contra si, suspirando. Quando finalmente se separaram instantes depois, estavam ofegantes e um pouco despenteados.

Victoria começou a rir enquanto Arriaga arrumava os cabelos que teimavam em fugir da camada de gel.

"Você tem mais cabelo agora, Arriaga" ela disse, rindo.
"Pois a senhorita também" ele disse, passando a mão pelos cabelos dela e a puxando novamente para si.

Victoria sorriu e Arriaga se aproximou dela para beija-la no pescoço.

"Você sabia que era eu, em Santa Rita?"
"Sim, meu amor. Quase morri quando vi você, com esses olhinhos, me olhando" ele disse se afastando para olha-la nos olhos e tocando a ponta do nariz dela.

Victoria sorriu, emocionada.

"E o que acha de mim? Assim jovem?"

"Você é maravilhosa, Victoria" ele disse com uma certeza que deixou Victoria sem saber o que dizer.

Victoria o beijou levemente.

"Eu te amo jovenzinha e velhinha, não me importa."
"O que?" ela disse, colocando as mãos na cintura, fingindo estar indignada, mas ria.

Arriaga sentia que iria explodir por dentro, tamanho amor que sentia por Victoria, por aquele momento que compartilhavam, ela se divertindo com ele sem culpas, sem problemas, como dois jovens deveriam ser, ou como eles mesmos, dois adultos, mereciam ser. A risada dela que ecoava em todo seu ser, o cheiro de camomila e jasmim, e a familiaridade de saber que ela era a sua Victoria, aquela mulher e não só uma jovem, mas a mulher pela qual ele se apaixonou, que estava ali, e que o amava. E ele não podia evitar de querer estar sempre junto dela, pegadito a ella, e fez o que era obvio, o que era o mais sensato, a puxou para si, e colou seus lábios aos dela, provou do maná dos céus, devorou o que era proibido, mas que já não era mais, não podia ser proibido porque era muito amado, muito desejado e era possível, porque estava ali e sorria para ele.

"Além de me ofender vai me roubar beijos?" ela disse, ao se separarem, "Pois se me rouba, vai ter que devolver." disse Victoria e o puxou pela gravata, o beijando novamente com paixão.

"Você vai me matar assim, senhora Victoria" disse Arriaga, quando se separaram.

Victoria riu e entrelaçou sua mão na dele.

"E eu? O que você acha?" Arriaga perguntou, depois de um tempo de silêncio.
"Do que?"
"De mim, assim jovem?"
"Você sabe que idade tem?"

"Acredita que eu tenho 21?"

Victoria riu gostosamente.

"Vinte e um anos? Um bebê! Mais novo que minha filha, praticamente."

Arriaga riu e Victoria não conseguiu evitar que o ar lhe faltasse cada vez que via esse sorriso tão espontâneo, no rosto que ela tanto amava.

"Você continua maravilhoso." disse Victoria, olhando para ele por entre as pálpebras. Ela deu um passo, se encostando mais nele e mordendo o lábio. Arriaga pensou que fosse desmaiar. "E o melhor é que você é todo meu".
"Ai, senhora Victoria" disse Arriaga, se agarrando em Victoria e a beijando apaixonadamente.

Laberintos CerradosOnde histórias criam vida. Descubra agora