Instantes depois Arriaga fez menção de se movimentar, mas Victoria o deteve.
"Não se mova." ela pediu, num sussurro.
"Não estou te esmagando, meu amor?" ele perguntou, a voz rouca contra o pescoço dela.
Victoria riu.
"Acabei de descobrir que gosto de sentir você assim."
Arriaga respirou profundamente e sentiu sua excitação crescer outra vez. Ele ergueu o rosto e beijou Victoria com paixão. Victoria sentiu que ele endurecia dentro dela e suspirou com inquietude. Ela girou por cima dele na cama, surpreendendo Arriaga. Victoria levantou uma sobrancelha, insinuante e riu, jogando o cabelo para trás. Arriaga duvidou de sua capacidade de continuar são diante da força feminina que era Victoria Balvanera.
"Victoria, você vai me..." ele tentou dizer, a puxando para deitar seu corpo sobre o dele.
"O que?" ela disse, mordendo seu lábio inferior.
"Você é..." Arriaga sussurrou, a apertando contra si.
"Fala, meu amor." Victoria disse, se posicionando outra vez sobre ele.
Arriaga a penetrou novamente, porém dessa vez a intensidade era completamente diferente. Victoria se movia sobre ele, dominando o andamento e quando ela ergueu o corpo, ficando completamente sentada sobre Arriaga, nenhum dos dois poderia mais dizer que pertencia a esse universo.
Arriaga via Victoria como uma deusa do Olimpo. Uma divindade dourada que se movia graciosamente sobre ele, fluida, ondulante, perfeita, uma Vênus feminina e sensual, que lhe dava e recebia prazer. Ele a segurou pela cintura e Victoria o puxou para si, fazendo com que ele ficasse sentado no colchão, de frente para ela. Os dois trocaram um beijo sedento e cheio de paixão.
Victoria quase não conseguia acreditar no que estava ocorrendo. Não só por estar nos braços do homem por quem estava apaixonada, mas pela revolução interna que acabara de acontecer: ela se sentia uma mulher completa. Talvez pela primeira vez na vida. Não sentia medos, nem reservas, nem vergonha. A mulher que ela era, foi e seria, tudo estava ali, naquele espaço-tempo que os encapsulava, e Victoria se sentia feliz, feminina, mulher selvagem, humana, pele ardente, sorriso e suor. A fricção do corpo viril do homem que ela amava contra o seu a embriagava de maneiras que ela não imaginava possíveis, e os gemidos dele, a voz rouca, eram uma sinfonia que a acalentava. Conforme a excitação crescia e o prazer se aproximava, Victoria pensou que um novo Big Bang estava pra acontecer e que novas galáxias e planetas seriam criados dessa explosão cósmica. Era inacreditável pensar que, naquele momento, nos braços de Jose Angel Arriaga, envolvida por tudo que era ele, ela se sentia mais Victoria Balvanera do que nunca.
Em segundos, Arriaga a mordeu no pescoço e ela o sentiu endurecer dentro de si, e isso foi suficiente para Victoria perceber que o prazer chegou para ele primeiro. Ele respirava como se não tivesse ar pulmões e Victoria o puxou o fazendo olhar nos olhos dela. O que ele viu, um brilho quase negro nos olhos verdes, fizeram seu coração parar.
"Victoria, você é..." ele disse, sem fôlego, surfando uma onda de prazer interminável.
Victoria agarrou os cabelos da nuca dele, ainda em busca do clímax, da liberação que a traria de volta a Terra, porém sem nunca desviar seus olhos dos dele, aqueles olhos negros, profundos, como um buraco negro que a puxava com sua força gravitacional.
"Victoria..." ele repetiu. E ela queria saber, queria tanto, tanto descobrir o que Arriaga tentava dizer e nunca conseguia. Qual era esse mistério que ele queria anunciar, mas lhe faltavam as palavras?
Victoria encostou a testa na dele, os movimentos ficaram mais vigorosos e ela sentia que estava a um passo de se desfazer, de se transformar em coisa alguma, de cair no horizonte de eventos e se fundir naquele homem.
"Você é..." ele disse e os lábios dele roçaram levemente nos dela ao falar "Você é tudo."
Ela se afastou de Arriaga com os lábios entreabertos.
"Você é tudo, Victoria" ele repetiu.
E de repente foi como se Victoria tivesse sido atingida por um raio e seu corpo ardesse em eletricidade, calor, e ao mesmo tempo, não houvesse mais nada físico que a representasse no mundo e apenas a energia de Arriaga e a sua própria pulsassem como estrelas. Victoria jogou a cabeça para trás, respirando descompassadamente, o peito arfando em busca de ar, enquanto as ondas de prazer a invadiam, uma a uma, e ela mal sabia onde agarrar-se para não despencar.
Arriaga avançou em direção ao pescoço dela, beijando e mordendo levemente, provocando um prazer que Victoria não achava que seria possível alcançar. Ele desceu os lábios em direção ao colo e beijou os seios dela com devoção e delicadeza divina, roçando o nariz pela pele sedosa de Victoria que não pode controlar mais os gemidos de prazer, que rapidamente se converteram em gritos que a surpreenderam completamente.
Em poucos segundos, um novo orgasmo começava, dessa vez muito mais profundo e mais potente que o anterior, e Victoria se agarrou em Arriaga com todas as forças, cravando as unhas nos braços, nas costas, e onde mais conseguisse alcançar. Mal percebeu que seus gritos não cessaram e se mesclavam com os gemidos roucos dele, que também se movia novamente debaixo dela, invadido por uma nova força interior. Victoria se sentia livre, liberta, indomável, finalmente, mulher. E não se importava quem a ouvisse, se sentia poderosa, dona de si e de seus desejos, do seu corpo – e meu Deus, Arriaga era o seu oposto perfeito! – que ela jamais queria que aquilo acabasse.
Ela queria rir e chorar, correr e ficar para sempre daquela forma, conectada aquele homem, fundir-se a ele para sempre. E quando atingiram o ápice, dessa vez ela primeiro e ele logo em seguida, Victoria sentiu seu corpo flutuar, desprender-se desse lugar no universo aonde parecia que eles haviam estado e voltar lentamente para a cama, no quarto da ala sul da fazenda Balvanera. Ela suspirou e sentiu o corpo de Arriaga tremer abraçado ao seu.
"Victoria..." Arriaga sussurrou novamente, de um lugar longínquo, Victoria já não sabia de onde, tamanho o prazer que haviam atingido.
"Humm?" ela perguntou, quando sentiu que ele a beijava no ombro, delicadamente.
"O que você fez comigo?"

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Laberintos Cerrados
FanfictionFilho de um antropólogo e de uma índia nativa de Catemaco, Vera Cruz, José Ángel Arriaga sempre esteve familiarizado com os rituais xamânicos de sua terra natal. Em meio à sua culpa e remorso, ele decide voltar para sua cidade em busca de uma respo...