Estávamos no meio da manhã, Kaayra seguia enfiada na cabine, mantendo o barco estável. Alex e Soph estavam em alguma outra parte do barco, enquanto eu estava na frente do nosso meio de transporte, apoiada na amurada do barco, bem ao lado da sereia, olhando a água.
Uma viagem de barco até a Espanha deveria levar cerca de 7 dias, dependendo da velocidade em que fôssemos, de acordo com o que Alex falou para mim antes de se afastar.
Estava distraída, observando alguns golfinhos nadarem mais a frente do barco. Estava tudo tranquilo demais, o que era estranho, mas motivo de agradecer na cabeça, jamais em voz alta.Enquanto observava a imensidão azul da qual meu pai domina, senti um cheiro de putrefação, graças ao vento, começando a se manifestar um pouco para trás de mim, mais próximo a cabine onde Kaayra estava. Uma parte minha gritou como se fosse um perigo enorme que estava aparecendo, escutei essa parte e virei imediatamente, pegando meu bracelete e o transformando em espada. Um homem jovem e forte estava terminando de se formar, e eu estava me preparando para atacar.
???: Que dia agradável está aqui... Havia me esquecido como esse mundo é claro
Assim que ele terminou de aparecer, comecei a me aproximar sorrateira, já que o homem estava de costas pra mim, mas Kaayra apareceu, correndo, entre mim e o cara. Ela abriu os braços e ficou ali. Eu não a vi se aproximar e agradeci aos deuses que não estava correndo com a espada levantada. O homem se virou, para observar a cena.
Kaayra: Calma Cas, ele é amigo
Cas: ele cheira a morte, como é amigo??
Kaayra: Cassiely, guarde a espada...
Cas: mas... *hesitante*
Kaayra: eu juro em nome de nosso pai que esse cara é amigo, não inimigo.Fiz a espada voltar a ser um bracelete e coloquei-o em meu pulso novamente, completamente contra a minha vontade. Observei com mais atenção a pessoa as costas de minha irmã. Ele era alto, parecia ser um adulto de 30 anos, com a pele branca demais, como as dos filhos de Nyx, com os cabelos e a barba pretos, seu cabelo ia até o ombro. Os olhos eram assustadores, como se fosse o próprio demônio, numa cor violeta. Ele usa um terno cinza, como se tivesse saído de algum evento importante e ido ali, aparecido ali, do nada. O cheiro de putrefação que vinha dele antes fora substituído por algo mais agradável.
Cas: eu ainda não confio nele, ele apareceu do nada Kay!
O homem arqueou uma das sobrancelhas, fazendo uma careta de confusão, olhou pra Kaayra e depois para mim.
???: isso não devia ser uma novidade para você. Ah não ser que não saiba a verdade. Bom, que seja, me chamo Órion
Kaayra: e não devia ter aparecido agora...Ela olhou para ele e pareceu sibilar entre os dentes algo como "eu avisei para que esperasse".
Cas: quem enviou você aqui?
Kaayra o olhou seriamente e ambos pareciam ter se comunicado brevemente nesse olhar.
Órion: Quíron. Pediu para que eu acompanhasse vocês até a Espanha.
Kaayra: antes que pergunte, eu avisei antes Quíron de que visitariamos a Espanha, já que era o que mais tinha algo que se aproximava de flamingo, de certa forma.Cas: entendi...e que porra você é?
Órion: sou um dem--
Kaayra: *interrompo ele rapidamente* um filho de Nyx com Zeus, um deus menor e esquecido que existe desde um pouco depois que a constelação de Orion foi nomeada pelos gregos.Órion: isso... *franzindo um pouco as sobrancelhas* E por ser filho de dois deuses ligados de alguma forma ao céu e as estrelas, ganhei esse nome
Cas: certo...Parte minha gritava em protesto, dizendo que eu não devia confiar nele, mas a calma de Kay ao lado daquele homem era tão grande, que me acalmei e me permiti confiar. A parte que gritava para não confiar continuava falando, indicando que aquele homem não tinha sangue de deuses, mas, que era um próprio demônio em carne e osso. Repeti, mentalmente, de novo para mim mesma "se minha irmã confia, então eu posso confiar".
Por algum motivo, uma parte dos boatos sobre a Kay pareceu ser sussurrado em meus ouvidos. A parte que dizia sobre ela falar com seres aparentemente invisíveis, que davam as pessoas a sensação de calma, proteção, medo ou raiva, dependendo de com quem ela conversava. Enquanto ela e Órion conversavam, antes de se afastarem para a cabine, eu sentia a sensação de medo e calma simultaneamente. Afastei o pensamento, me recusando a acreditar naquele boato. Minha irmã não mentia e nunca mentiria para mim. Principalmente se fosse algo sério como no nível dos boatos.
*******
Órion continuava fazendo companhia a Kaayra na cabine. Minha irmã mantinha aquele olhar sério. O peso em meus ombros continuava enorme, o peso de ter todo um planeta dependendo de mim e outros semideuses para não ser extinguido. Não queria falar em voz alta sobre isso, não sei se estava com medo do julgamento da Kaayra que, por vezes, pode ser extremamente maldoso e impiedoso, o que faz com que ela raramente faça o julgamento que quer das coisas, era perceptível para mim quando ela falava a verdade e quando omitia as coisas sobre a sua nem tão doce opinião sobre coisas e pessoas.
Kaayra era um anjinho, mas também sabia ser um demônio. Olhar pra ela me fazia chegar a conclusão de que, se o mar fosse uma pessoa, ele seria a Kaayra. Assim como que muitos afirmavam, principalmente a Lívia, diriam que eu seria a Lua caso ela fosse um humano, enquanto a Laura seria o Sol do chalé 3.
Além dessas comparações que alguns campistas fazem também, eles costumam nos chamar de Trindade do Acampamento desde que a Lau chegou, uma analogia a "Santíssima Trindade" dos cristãos, não sei se isso é por sermos do único chalé que possui três semideuses ou se acham que somos as mais fortes de lá. Bem, a Kaayra e eu realmente somos mais fortes que a maioria dos campistas, mas a Laura... Bom, não tivemos tempo suficiente para saber.
Quando eu julguei que não poderia dar qualquer problema com monstros, um grifo desceu em rasante, tentando me acertar. Consegui desviar em um último segundo antes de aquelas enormes patas me acertarem. Transformei o bracelete em espada o mais rápido possível para golpeá-lo. Kaayra gritou, por cima do som do Grifo que estava voando um pouco mais alto agora.
Kaayra: você precisa de ajuda com o Grifo?
Cas: é só um, eu dou conta disso
Kaayra: tudo bem entãoO animal desceu num novo rasante, quando ele estava quase encostando as garras no barco, pulei para cima de sua cabeça, me virei de frente, e puxei as penas do pescoço dele para cima, fazendo-o gritar de dor e subir vôo. Comecei a golpeá-lo com tudo no pescoço, tentando lhe arrancar a cabeça.
Golpeei o Grifo no bico, arrancando-o e fazendo cair na proa do barco e, em seguida, quando o monstro desceu para perto do barco e finquei a espada no peito do animal, fazendo-o virar pó. Rolei na proa e parei em pé. Fácil demais, mas de certa forma... Divertido.
Kaayra faz um pouco de água limpar o local, deixando como se nada tivesse ocorrido. Peguei o bico do animal e o observei.
Kaayra: que bom souvenir esse
Cas: até que sim, esperava algo melhor eu acho
Órion: melhor o bico do que uma cabeça ensanguentada...
Cas: é...Fiquei brincando com aquele bico até o horário de trocar de turno, observando também o mar ao nosso redor. Agora é um longo caminho a frente e eu acho que preciso dormir.
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As Sete Pecadoras e o Deus do Mar
FanfictionA personagem Kaayra Lótus embarca em uma nova aventura para salvar o mundo em que vive, porém dessa vez será ela, Helena e 5 novas semideusas. Uma viagem árdua e longa para derrotar um novo inimigo, conhecer um novo alguém importante pra ela e salva...