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𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞́𝙖

O fim de semana voou. Foi incrível estar com ele ali. Me desliguei até de quem eu era e minhas responsabilidades.

De volta a realidade eu tive duas longas semanas de conferências e reuniões. Eu estava prestes a começar uma reestruturação na empresa, e logo abriria mais uma agência em outra cidade.

Eu e Chris não conseguimos nos ver muito, mesmo que eu quisesse, estava tudo corrido a minha vida, e a dele, que estava cada dia mais dedicado em seus estudos para essa prova.

Quando nos víamos era em momentos rápidos. Ele não queria "perder o foco da prova" como ele mesmo dizia, já que estar comigo o distraia muito. E comigo era a mesma coisa, ele me distraia por completo.

Em uma das noites que eu estava mais aliviada do trabalho, Christian foi me ver pra matar a saudade, eu fiquei feliz pois não queria passar aquela noite sozinha, já que era sexta feira e nas sextas a gente sempre saía.

(...)

— mulher, eu tinha me esquecido como era difícil ser amigo de uma empresária rica e bem sucedida.

— não diga isso... são só esses últimos dias que estão de matar. Muita burocracia a resolver... — suspiro.

— se fosse só isso, mas não é... o pedreiro gato vulgo seu namoradinho agora ocupou nosso espaço.

— ninguém ocupou nada. E nós... nós nem somos namorados — arregalo os olhos.

— e vocês são o que? Sem mentiras... agora você só quer saber dele, e nem lembro quando foi a última vez que você não falou dele e que dormiu com outra pessoa. — ele ri.

— eu tentei com o Harry, uma vez nesse último mês, mas foi bem antes de estar tão próxima ao Chris. O fato é que eu estou realmente gostando dele, me apaixono a cada dia mais, só que eu tenho consciência das nossas diferenças, e eu não sei lidar com isso, eu sempre fui uma mulher de poder, de status, e ele não tem essas ambições. Temo também que ele não entenda esse meu mundo. — suspiro.

— entender ele não vai mesmo... mas você fez alguma coisa a respeito, pra resolver tudo isso. Tipo, disse a ele que não pretende ter nada sério?

— que? Como quer que eu diga isso? Não vou dizer não... estamos lidando muito bem assim, sem pensar no amanhã sabe, só vivendo o hoje. — desvio o olhar.

— você sempre foi tão clara ao ponto de ser cristalina, devia dizer logo que não pode estar com ele, que não pode passar disso, que tem vergonha dele.

— NUNCA MAIS REPITA ISSO. — me altero com ele.

— que foi? Eu disse algo errado? Eu te conheço Dulce... você nem gosta daquela sua casa da praia, porque lembra do seu marido comendo outra lá. Me poupe. Você só o levou pra lá pra ter liberdade com ele sem ser julgada e reconhecida. Eu sugiro que termine logo a palhaçada com o gostosinho, assim a obra termina, e o rolo também, sem maiores prejudicados.

— Christian cala a boca. Você não sabe de mim, não sabe o que sinto, e não entende o que estamos vivendo, ok?

— ok... vou me calar. Mas você sabe que estou certo. De qualquer maneira eu já estava indo mesmo... até mais. — ele abre a porta e sai.

Christian era a pessoa mais sincera que eu conhecia. Em partes ele estava certo, mas eu não era capaz de reconhecer isso.

Eu precisava conversar com Christopher sobre o futuro. Eu não fazia ideia de como seria a vida dele se ele passasse nessa prova. E fora que eu não sei se estaria disposta a enfrentar tudo e todos por um relacionamento que foge totalmente do que já vivi. Eu tinha meus medos e responsabilidades que estavam passando por cima do meu sentimento por ele.

Eu esperei mais algumas horas e decidi ligar para ele, saber se aquela hora da noite eu poderia vê-lo.

— Oi.. — ele atende feliz mas meio seco.

— Desculpe atrapalhar. Sei que essa hora você está estudando. Eu estou com saudades. E sei que amanhã de manhã será o seu último dia aqui na obra.... Eu queria muito te ver agora. — digo.

— Eu também queria muito... mas... segunda já é a minha prova Dulce, eu vou passar a noite estudando para conseguir, não podemos nos ver hoje. Sei que você entende isso... e saiba que eu queria muito também.

— ok... eu já imaginava... pode continuar estudando.. eu te vejo amanhã, pela última vez nessa obra.

— na obra... mas eu sempre estarei aí...

— será? Desculpa é que eu temo que... — ele me interrompe.

— teme que o que?

— temo que... você se canse de mim, ou que conheça alguém melhor, mais bonita, mais gentil, mais gostosa...

— Dulce, por favor. Não existe ninguém mais gostosa que você...

— mas gentil sim... — retruco.

— você tem o seu jeitinho.. e está melhorando. Comigo você sempre foi... só com os outros que precisa melhorar — ele ri.

— mesmo você brincando eu digo sério. Eu não mereço você...

— De novo isso? Dulce... eu... já disse e repito. Eu te amo. Não duvide disso.

— Eu também te amo... e muito... se antes eu não disse estou dizendo agora... pode parecer meio desesperador dizer assim pelo telefone mas... — ele me interrompe de novo.

— não me pareceu nada desesperador. Você é sincera. Eu acredito em você... no que sente por mim. Logo eu vou poder comemorar com você.. é uma questão de tempo.

— é... sendo assim eu vou te deixar estudar. Amanhã te vejo de novo.

— sim... fica bem, e pare de pensar bobagens.

— tá bom... vou parar Chris.

— boa noite linda, bom descanso.

— boa noite, bons estudos.

— tchau.

— tchau.

Eu fiquei aflita, quase pensei em dizer tudo que eu já armei para tê-lo para mim. Pensei em dizer verdadeiramente como me sinto. E toda a mistura de sentimentos e inseguranças que nos cercam. Mas eu só o faria sofrer, e eu também sofreria. Sem falar que ele não teria condições de fazer essa prova depois de ouvir tudo isso de mim.

Ele é tão ingênuo, tão bondoso... quando ele me cedeu, foi muito especial. Não quero que ele se arrependa assim, e agora.

Logo vou criar coragem e dizer tudo que me entala, e se ele quiser continuar comigo, eu seguirei aliviada. E assim me sentiria melhor. Já que nessas últimas semanas eu ando bem emotiva, ansiosa, carente dele, com sua ausência.

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Capítulo de sábado no ar
A reviravolta acontecerá nos próximos capítulos... Se preparem.

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora