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𝘾𝙝𝙧𝙞𝙨𝙩𝙤𝙥𝙝𝙚𝙧

O fim de semana chegou, tive uma semana bem corrida, onde mal tive tempo de raciocinar o que estava vivendo e sentindo. Mas eu estava certo de que precisava de um tempo, Anahí não merece que eu continue agindo assim.

Pedi a ela que viesse em meu apartamento. Era sexta à noite. Ela se mostrou muito feliz com o convite, e esperava que fosse só mais uma noite românica de casal.

Eu fiquei nervoso, não queria magoá-la. Mas seria melhor ter essa conversa logo.

(...)

— Chris você nem tocou na pizza. Não gostou do sabor? — ela me encara.

— Eu gostei, só estou um pouco sem fome.

— deveria ter dito, a gente esperava um pouco pra pedir. — ela alisa minha mão.

— não... eu acho que ficaria tarde. E não estou muito no clima. — me levando da cadeira e sigo para o sofá.

— Mas... você me chamou pra vir pra cá... achei que estivesse bem. — ela vem e se senta ao meu lado.

— eu gostaria que estivesse. Não está mesmo. — suspiro — Anahí eu ando me culpando muito por não estar sendo presente como você espera. Ando tão corrido no hospital.

— Tá... Mas... o que isso tem a ver?

— Tem a ver que... que isso tudo está me afetando. Eu... queria poder ser mais presente, você sabe. — desvio o olhar.

— Christopher isso nunca foi o problema, te conheci sendo um médico ocupado e importante, nunca te cobrei isso. Eu só pego no seu pé quando você não está a trabalho, aí eu sinto o dever de aproveitar cada segundo com você, só isso.

— Eu sei. Só que.. isso tudo me deixou confuso. Eu ando... pensando várias coisas que....

— que o que? — ela me interrompe.

— não sei. Talvez seja melhor darmos um tempo. Você anda me cobrando atenção, carinho... e está certa. Mas eu não consigo retribuir como deveria. — lhe encaro.

— Christopher.. — ela me olha.

— sim?

— eu sei que não é isso. Vejo nos seus olhos. Está terminando comigo. Você está nervoso... Mas eu preciso que seja sincero comigo. — ela fica nervosa.

— mas eu estou. — fico nervoso vendo o comportamento dela.

— Christopher... me diga, você conheceu alguém? Está na cara que você não está na mesma vibe que eu. Olha, eu vou ser bem sincera. Seus olhos dizem que não está confortável comigo. Parece que você está aqui só de corpo. Tudo que eu faça ou diga não tem mais o mesmo peso pra você.

— Não diga isso. — fico nervoso.

— e então o que devo dizer? Você sabe que eu tenho formação em pedagogia, e psicologia também. Sei bem quando algum tema desestabiliza alguém. E você está assim... por algum motivo não quer ser honesto comigo. Não acha que mereço?!

— Mas... eu estou. O que acontece é que.. — suspiro — tudo bem, eu vou te dizer. Tudo que eu disse não deixa de ser verdade, é só que eu... reencontrei alguém que mexeu muito comigo no passado. Essa mulher foi uma peça importante na minha vida, e eu não soube lidar com o término repentino. Vê-la depois de anos parece que ainda há o que dizer. E desde então não me sinto honesto em estar com você.

— já entendi. — ela suspira — você reencontrou a mulher de quem havia me dito, e acha que sente algo por ela ainda. — ela abaixa a cabeça.

— não é bem desse jeito, mas sim, é ela. E eu não acho certo estar dividindo meus pensamento sobre essa velha história, estando com você.

— Me diga... — Por favor... vocês...vocês dois transaram? — ela pergunta com a lágrima escorrendo.

— o que? Não... não transamos. Eu não faria isso. Só que... ela me deu um beijo. — engulo seco.

— oh ceús, o que pensa que eu sou Christopher? — ela se irrita.

— eu pensei que deveria ser honesto.. já que pediu... desculpe ser tão direto, mesmo não achando certo dizer isso. Olha Anny, eu gosto muito de você. Jamais pense o contrário.

— gosta muito de mim, mas o beijo foi bom, o reencontro foi bom. — ela ironiza.

— não coloque palavras em minha boca, por favor. É em respeito a você que pedi que viesse aqui, que me ouvisse. Eu nem diria exatamente tudo isso.. mas eu sinto que você não engoliria só uma parte da história.

— e tem razão. Eu não engoli. — ela suspira — se você não me ama, se você esteve com outra, e ainda tem dúvidas, claro que esse tempo não é só um tempo. — ela seca as lágrimas.

— Oh Anny, por favor. Me entenda. Eu tenho um carinho especial por você, pela nossa relação. Só que eu descobri que fui muito injusto no passado, agindo por impulso e crendo apenas no que estava em minha frente. Eu não ouvi meu coração. E não quero que a história se repita de novo. Não quero ser injusto mais uma vez. Nem comigo, nem com ela, muito menos com você.

— tudo bem, Christopher. Quer me deixar livre, aquela mesma história de sempre. Eu sinceramente não sei mais o que fazer aqui.. Como não enxerguei que era por isso que me evitava? Como não enxerguei que estava querendo terminar. Eu sou uma tonta mesmo.

— Anahí por favor eu peço de coração, que me entenda. Você com certeza deve ter sido injusta com alguém algum dia, deve ter tido alguma atitude que não se orgulha e que com certeza adoraria mudar. — digo.

— claro. Mas... isso não vem ao caso. Eu vou facilitar as coisas... estou indo pra casa. Boa sorte com ela, seja lá quem for. — ela se levanta secando a lágrima.

— espera Anahí, não faça isso. — ela abre a porta.

— você fez isso. — ela comenta — tchau Chris. — e bate a porta.

Droga! O que estou fazendo? Eu magoei a única pessoa que me amou nesses últimos meses. Eu sou um idiota! Porque não fui claro desde o início? Fui a torturando com a minha mudança de humor, inseguranças...

Anahi sempre foi tão transparente comigo, sempre se abriu dizendo o que sentia e o que pensava. E eu aqui, pensando só na amiga dela... só pensando em me atirar nela. Eu estava louco desde aquele beijo.

Não me sinto capaz de sequer um dia conversar com Anahí... foi uma mulher ímpar.

Mas a única sensação libertadora que eu sentia, era de saber que agora eu poderia ouvir melhor meu coração em relação a Dulce, e que eu deveria continuar de onde paramos, ou simplesmente começar de novo.

Quando tento encontrar alguma palavra que descrevesse esse momento atual, eu só consigo me lembrar da etapa de uma construção. Preparar o terreno, fazer os planejamentos, ver o que dará certo, quebrar a cabeça e depois investir, se jogar se arriscar. É como se o amor estivesse em construção entre nós.. era isso que eu sentia, depois desses 10 anos. E era sobre esse sentimento que eu iria tratar.

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Quinta não consegui postar capítulo, foi bem corrido. Mas hoje, temos. ❤️

Acabou o namoro barken, quero ver os fogos. Kkkkkk

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora