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𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞́𝙖

Segunda de manhã, fui até o hospital levar o exame do Lucas para o Chris ver, e também aproveitar para começar a me aproximar dele. O dilema de preparar o terreno para contar a ele do nosso filho.

Depois desse fim de semana conturbado, eu estava ainda mais aflita de tentar agir naturalmente quando se trata de alguém que mexeu e mexe tanto comigo. Quando eu entrei ele ficou bem surpreso, e foi bem receptivo.

— Dulce... oi... que surpresa... — ele se levanta para me comprimentar.

— Oi... eu... vim trazer o exame, pra você avaliar, me dizer se está tudo bem... — me sento.

— claro... apesar de ter certeza que seu filho está sim bem, pelo que examinei.

— bom, aqui está o ultrassom que solicitou outro dia. — coloco sobre sua mesa, ele abre, olha por poucos segundos e me entrega.

— está tudo bem com o Lucas. Ele só teve uma intoxicação alimentar, pode ficar tranquila. — ele sorri de canto.

— obrigada, fico mais aliviada. — suspiro e permaneço lhe encarando.

— posso ajudar em mais alguma coisa? — ele pergunta percebendo que eu estava querendo dizer algo.

— sim... na verdade eu queria conversar com você. Em outra hora, outro lugar... sei que você é ocupado... mas...

— tudo bem... onde? — ele pergunta direto.

— não sei... podemos ir a um café, ou algum lugar tranquilo. Eu não sabia como te convidar, e fiquei sem jeito depois que vi que você namora uma amiga, e que... é meu vizinho. — desvio o olhar.

— não tem problema... você poderia me chamar no meu apartamento. — ele ri.

— que? Não, não queria parecer invasiva, ou tão íntima. E você é muito ocupado. — encaro o chão.

— eu sou mais eu tento me organizar pra conseguir fazer tudo. — ele me olha nos olhos.

— que dia podemos então? — pergunto.

— hm.. olha, acho que na sexta eu posso. Devo sair daqui umas 19h, te encontro umas 21h... é muito tarde?

— não... sem problemas.

— ok... me passa seu número, eu te aviso se acontecer algum imprevisto. — ele quer meu número? Devo me iludir? Não, Dulce, ele namora.

— vou anotar... — pego um pedaço de papel, anoto meu número e lhe entrego.

— certo... eu te aviso, mas de qualquer maneira, está marcado.

— tá bom... obrigada pela atenção... tchau Chris. — me levando. — quer dizer, tchau Dr Uckermann.

— pode ser só Chris. Você sempre me chamou assim. — ele sorri como se fosse óbvio, e pela primeira vez em anos, eu fico vermelha. Eu nunca fui de ser tão tímida, sempre fui atirada, ainda mais com ele.

Sempre que me aproximo dele me sinto acuada, tímida... corada. Ele estava mexendo com meus sentidos...

— tá bom, Chris. Te vejo na sexta.

— tchau Dulce.

— tchau.

Segui para a empresa bem animada, foi bom vê-lo logo de manhã. Consegui cuidar de tudo que tinha pra fazer, fiquei até mais produtiva.

Enquanto eu lia alguns contratos André meu ex, entrou. André foi meu companheiro por 3 anos, terminamos quando Lucas tinha 7 anos. Tivemos um relacionamento super saudável, mas depois de um tempo a gente só se via como amigos. Ele foi uma espécie de pai para o Lucas. E ainda é. Lucas o adora.

(...)

— Que supresa boa... — o abraço.

— você sumiu, vim checar se está bem, se não fez nenhuma bobagem. — ele brinca, era sempre muito divertido.

— estou ótima. Apenas corrida com a mudança. Não sei se te falei, mas já estou instalada no novo apê.

— eu imaginei. Mas que bom que é só isso. — ele se senta — como está o Luquinhas?

— bem... perguntou de você ontem, queria te ver.

— liguei essa semana e a Ana disse que ele teve mal esses dias... o que aconteceu?

— ele... exagerou nas bobagens... pizza, chocolates, lanches... e teve uma intoxicação alimentar. Eu o levei no médico, me deixou de cabelo em pé, mas não foi nada sério. — suspiro.

— esse menino é fogo. Da última vez que o vi ele estava pedindo pra dirigir meu carro acredita?

— ele já se sente o adulto... outro dia me perguntou se eu estava namorando... queria saber com quem eu estava saindo... eu achei fofo, mas ele ainda não entendeu que a mamãe dele é a adulta da história. — nós dois rimos.

— mas você está namorando? — ele me encara.

— não... eu tinha saído com uma amiga. Ele pensou que eu estivesse com algum homem, ele cismou com o Chris... Dr que o atendeu.

— cismou do nada?

— não... ele viu que nós já nos conhecíamos, e colocou na cabeça que o médico ficou muito feliz em me ver.

— por acaso esse Chris é aquele de quem me contou? — ele me encara.

— si-sim, o pai dele... — suspiro — outra hora te conto... eu não percebi nada da parte dele... eu é que fiquei desconfortável quando vi quem era o médico.

— você... tem a oportunidade de contar pra ele... e está me contando com tanta naturalidade?

— André, eu não posso simplesmente jogar uma bomba em um homem que não vejo a anos. Chegar e dizer: "oi, lembra de mim? Tivemos um filho do qual eu não te contei antes, toma que é seu."

— você como sempre muito bem humorada — ele ri — eu quis dizer que você precisa resolver isso. Não é justo.

— eu sei... vou fazer isso... da melhor forma e no momento certo. Você sabe o quando isso me dói, o quando é importante.

— tudo bem... eu só acho que você não pode demorar. Muito tempo se passou. Você nem sabia onde encontrá-lo. Agora tem essa chance.

— relaxa. A chance não vai se perder tão cedo. Ele mora no mesmo prédio que eu agora.

— como? — ele ri — tá brincando.

— pode parecer coincidência demais... mas uma coincidência puxou a outra. Eu me tornei amiga de uma professora do Lucas... ela me indicou um apartamento a venda, que mais tarde eu vim descobrir que era no prédio do namorado dela, vulgo meu ex, vulgo pai do meu filho.

— parece história de filme.

— e é... porque realidade não pode ser não...

— é... olha foi bom te ver, eu preciso voltar pra empresa. Que dia posso pegar o Lucas lá?

— quando quiser... eu só preciso ver com você se na sexta á noite você fica com ele..

— claro. Vou ficar de boa em casa.

— ótimo. Eu tenho um compromisso.

— tá bem, eu já vou indo. Até mais — ele me da um beijo no rosto.

— tchau... até.

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Capítulo de quinta

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora