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𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞́𝙖

Eu voltei pra casa literalmente passando mal. Eu sabia que o carro dele estava logo atrás do meu, e que ele entendia bem o motivo do qual eu gostaria de ir embora, já que eu não fui a única.

Quando chamei o elevador, eu senti sua aproximação. As portas se abriram e eu entrei, me virei e ele entrou logo atrás.

(...)

— não entendo como não havíamos nos encontrado aqui ainda. Vizinhos... somos vizinhos... que mundo pequeno. — ele comenda puxando assunto.

— eu me mudei a poucos dias, e presumo que você com sua rotina de médico, não fique muito em casa... — digo o encarando

— realmente... mas que coincidência boa... — ele me olhando de lado.

— se fosse só essa coincidência... eu não imagina que você era namorado da minha amiga. — reviro os olhos disfarçadamente.

— e eu não esperava que a amiga de quem ela tanto falava, era você.

— ela também disse que eu não estava nem um pouco afim de sair com o primo dela? — comento.

— não... não disse. Algum problema com o Roger? — ele pergunta curioso.

— Nenhum. Eu só... não me senti a vontade, não sei se quero me relacionar com alguém agora. — o encaro e a porta do elevador se abre para o meu andar — e eu fico por aqui. Boa noite, vizinho...

— entendo... boa noite, ainda tenho 3 andares a subir. — ele sorri de canto e eu me viro.

Estava trêmula, nervosa... com medo... eram tantas coincidências em torno dele nesse últimos dias. Informação demais pra mim.

Abri a porta e Lucas veio correndo me abraçar.

— mamãe que saudade...

— filho! O que faz acordado a essa hora?

— eu perdi o sono... — ele me olha e olha pra Ana.

— é mesmo Ana? Ele ficou muito no vídeo game? — lhe encaro.

— não muito... ele dormiu rápido e acordou ainda pouco. — ela diz.

— Não fiquei não mãe, eu só tava com calor, quando lembrei que tinha saído eu pensei em te esperar.

— hum... me esperar? Já está literalmente cuidando de mim. — sorrio pra ele.

— você saiu com quem mamãe?

— com uma amiga... a sua... professora. — sorrio.

— A tia Anny?

— isso... ela mesma.

— que susto... eu pensei que a senhora já estava com algum namorado, sem me apresentar. — ele emburra.

— mas olha só se eu não tenho um guarda costas! Filho, a mamãe não tem namorado,e se tivesse você saberia, conheceria... tá bom?

— uhum.

— então vai se deitar, eu vou preparar um leite quente pra você pegar no sono de novo.

— não quer que eu prepare Dulce? — Ana pergunta.

— Não, pode descansar. Eu estou sem sono, e vou tomar também.

— tá bom querida, boa noite.

— Boa noite.

Lucas ficou deitado em seu quarto vendo tv, fiquei olhando pra ele e pensando: mal sabe ele que o seu pai mora tão pertinho... eu não posso morrer com esse segredo. Eu sei que quando eu contar ao Chris e ele pode não querer olhar na minha cara mais, oi ficar feliz. Acho difícil ele aceitar numa boa e me entender.

Dei o leite para o Lucas, tomei um pouco também e fui dormir.

DOMINGO

Chamei Luiza para almoçar com a gente, eu tinha muito a compartilhar com ela. Enquanto as crianças brincavam na sala com Ana, eu aproveitei pra resumir os últimos ocorridos.

(...)

— é isso mesmo que você tá ouvindo. Eu fui em um encontro de casais com a Anahí, para tentar esquecer a euforia que estou sentindo desde que vi ele, e quando chego la, descubro que estava certa, ele namorava, e era com ela. Eu tive uma noite terrível, só dei fora, fiquei me controlando vendo ele com ali com ela, eu estava tão incomodada com aquilo, e como se não bastasse, ela solta a bomba de que ele está morando aqui.

— Dulce minha filha, se isso não for o destino eu não sei o que é. Você precisa conversar com ele, precisa esclarecer as coisas.

— eu preciso mesmo... só que não sei como. E fora que tem a história do Lucas, eu não faço ideia de como ele irá reagir. Eu juro que tô perdida, sério.

— ele ficou nervoso quando te viu? E quando descobriu que você mora aqui?

— ficou... bem perdido. Ainda teve coragem de dizer que achou estranho não ter me visto aqui antes. — lhe encaro.

— foi a Anahí quem te falou desse apartamento né?

— foi, claro. Ela deve ter dito porque não sai daqui né. Agora eu vou te dizer uma coisa... eu fui muito burra. Ela quase nunca citava o namorado, não me lembro dela ter dito o nome... e eu nem perguntava nada sobre a vida dela. E ela já sabe até demais de mim. — viro o rosto.

— até demais quanto? Você não contou do Chris pra ela, contou?

— Argh... eu não dei nomes. Ainda bem... mas eu comentei sim, antes de imaginar que ele namorava ela, eu comentei porque sou tão fechada pro amor. E disse porque eu e André não demos certo.

— aí Dulce, você tá parecendo amadora... mal a conhece! Você devia ter esperado... agora se ela for sacar, logo descobre quem era o homem... não vai dá pra você esconder esse segredo... vocês tiveram uma vida juntos, literalmente falando.

— obrigada por me lembrar. Eu tô mal por isso... até preferia não ter o visto de novo. Eu achei que tê-lo reencontrado seria uma coisa boa, mas só me trouxe problemas até agora. — suspiro.

— mesmo que você esteja "ferrada" acho que é a hora de concertar e começar da forma correta. Abre o jogo com ele da melhor forma. Agora você sabe que ele mora aqui, sabe como encontrá-lo, pode recomeçar as coisas, como deveria ser.

— eu to... eu to me sentindo tão pesada com essa situação. Mas eu vou fazer isso mesmo... eu vou... tentar uma reaproximação honesta, e quando me sentir segura, eu abro o jogo com ele, não vou esconder por mais tempo. Ele merece saber tudo que aconteceu depois que ele se foi. Mesmo que eu não goste de relembrar, eu terei que remexer nesse passado tão doloroso.

— vai dar certo, pensa positivo.. e quanto ao que sente por ele... eu sei que isso também terá um destino. — ela se aproxima como apoio.

— obrigada, obrigada Lu. Eu tô tentando aceitar numa boa... mas eu terei de ser forte. Será necessário. — suspiro.

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Capítulo de terça

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora