• 47

428 59 21
                                    

𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞𝙖

Dois dias se passaram. Foi o tempo suficiente que tive para me preparar para contar a Lucas toda a verdade. Mesmo sendo meio de semana, eu tirei o tempo necessário para contar a ele.

Nesse dia Lucas não teria aula a tarde, e assim poderia refletir sozinho, e entender. Eu poderia ter um tempo a mais com ele, pra conversar. Adiantei o que pude na agência. Pedi que Ana não ficasse em casa no momento, e eu fiz um dos pratos preferidos dele. Strogonoff.

(...)

— Aí que delícia... Strogonoff mãe! — ele comemora se sentando.

— Eu sei que você ama... por isso preparei. O bom que é super prático e rápido, mamãe saiu voando da empresa. — sorrio me sentando ao lado dele.

— Obrigado mãe, eu adoro sua comida. Da tia Ana também, mas a sua é especial mãe. — ele sorri.

— Seu danadinho, deixa ela ouvir isso... ciumenta que só, vai querer me punir.

— Ela entende... a senhora não tem tanto tempo, e quando faz fica muito bom mãe.

— Eu sei... — suspiro — em pensar que antigamente a mamãe não tinha tempo pra realmente nada. Antes de ter você, eu vivia trabalhando, correria com compromissos e coisas de adulto... eu não tinha tanto lazer. Isso teve que mudar quando você nasceu.

— Eu imagino mamãe.

— Mas... vamos comer, que está divino, antes que esfrie.

Fizemos nossa refeição, eu e ele.. Lucas me contou sobre seu namorinho com Amanda, me atualizou sobre os próximos trabalhos da escola, me disse tudo que as professoras comentaram sobre seu comportamento, e depois eu parti para o assunto principal do almoço. Seu pai.

Esperei ele terminar, e comecei a dizer no ritmo que senti que deveria, a verdade sobre seu pai.

— Filho... eu quero primeiro te pedir desculpas, pois eu sei que você sempre mereceu saber tudo da boca da sua mãe. Muitas coisas eu omiti, e preferi não dizer em um determinado momento. Mas hoje, com 10 anos, e depois de alguns acontecimentos, eu preciso ser clara com você... e confio que como bom menino moço que você é, sei que entenderá sua mãe. — sorrio de canto e seguro sua mão.

— O que aconteceu mãe? — ele me encara sério.

— Filho... ainda hoje comentei que antes de você chegar em minha vida, eu não era nem um terço da pessoa que eu sou. Que eu precisei mudar radicalmente com a sua chegada.

— Eu sei disso mamãe, mas... o que foi? A senhora parece com medo.

— Eu tenho medo mesmo.. medo do que você vai sentir, mas... enfim... eu preciso ser franca. Então, recapitulando, eu conheci uma pessoa, no passado, que foi alguém muito marcante em minha vida. Tivemos um namoro relâmpago... relâmpago no sentido de rápido, entende?

— Entendi

— Pois bem. Naquela época éramos muito novos, infantis eu diria, e fizemos muitas coisas erradas. A mamãe principalmente. E infelizmente viemos a nos afastar. Eu descobri depois de um tempo que estava grávida desse namorado, e até tentei o procurar. Mas... pela magoa que ele tinha de mim, eu não consegui contato. E acabamos nos afastando. Eu entendi que não era pra ser, que não era nosso final feliz, e a mamãe seguiu a sua vida. Eu nunca mais o vi, mas ainda sim tinha sentimentos... E segui criando você sozinha.

— Meu pai te magoou mamãe? E por isso você não gosta que eu pergunte tudo?

— É.. mas com eu disse, a sua mãe agiu pior, de certa forma. Que levou tudo isso a acontecer. E você nasceu, me trouxe uma grande alegria, me preencheu por completo, e eu entendi que não era pra ser, eu e seu pai. Mamãe reconstruiu a vida, teve namorados, e até conheceu seu querido tio do coração, o André. Mas também não deu certo, seguia apaixonada por alguém que eu não via a anos.

— O meu pai foi muito especial pra você né..

— Sim. — abaixo a cabeça e depois o encaro — e ainda é... Eu não esperava que um dia pudéssemos nos reencontrar e que ele pudesse saber da sua existência. E quando esse momento chegou, eu não estava acreditando no que via.

— Meu pai apareceu? — ele me encara com os olhos arregalados.

— Sim... seu pai retornou para essa cidade, e por acaso nos reencontramos no seu trabalho. Algumas chatas coincidências foram um obstáculo, mas só mesmo tempo foram o gás necessário para nos mostrar que ainda tinha sentimento. E quando percebi que era recíproco, sabe o que é recíproco, né?

— Sei sim mãe.

— Então, quando eu percebi que ele também gostava de mim, eu revelei que depois que ele se foi, que tivemos um filho. Ele ficou muito feliz de saber que é seu pai, pois ele te adora. —meus olhos ficam marejados.

— Então ele já me viu mãe? Eu já o vi também?

— Já filho... — solto um longo suspiro — seu pai é o Christopher... Ele não era só um velho amigo da mamãe, ele é seu pai. — digo e ele fica paralisado me olhando.

— Me-meu pai é o tio Chris? Mas... — ele fica mudo, e até chega a tropeçar nas palavras.

— É filho, é ele.. por isso aquele dia no consultório nós ficamos tão nervosos, e depois que eu descobri que ele namorava minha amiga e sua professora, eu fiquei com os nervos à flor da pele. E quando eles não estavam mais se relacionando, então nos aproximamos e a mamãe contou tudo. Ele ficou feliz de saber que é seu pai. E espero que você também. — sorrio.

— Mas... mãe... então por isso me perguntou se... eu queria que meu pai fosse como ele? Nossa mãe não acredito. — ele pisca forte.

— Me desculpe só te contar agora, mas eu não tinha certeza se ele iria querer te conhecer, te assumir. E eu queria te apresentar a um pai que queira esse título, que passe a te amar como eu te amo... entende a mamãe? Por favor não fique triste.

— Ficar triste? Mãe eu tenho um pai.. e ele é um máximo. — ele me abraça forte — obrigado mãe. Eu já amava meu pai como pai sem saber que ele era mesmo meu pai. — rio da frase dele.

— meu filho, se tem alguém que precisa agradecer, sou eu por ter um filho tão incrível, inteligente! Você é nossa preciosidade... — sorrio alisando seu rosto.

— Mãe... eu quero ver ele...

— Vê-lo? Mas agora acho difícil, ele está de plantão.

— Eu quero mãe, por favor, me leva lá. — ele levanta eufórico — quero abraçar meu pai.

— Tá, vamos. Eu não sei se conseguiremos vê-lo, mas vamos. — eu sorrio contente por ver que ele aceitou super bem a notícia, e sabia que ele não iria se aguentar se eu dissesse não ali.

••••••••

Lukinhas é tão cuteeeee! Quem mais esperava que seria assim?

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora