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𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞́𝙖

(...)

Eu voltei para a empresa super nervosa. Aquele reencontro havia mexido mais ainda comigo. Ele parecia ser o mesmo rapaz doce por quem me apaixonei. Tanta coisa me passou na cabeça aquele momento...

Pedi a Luiza que fosse me ver em casa mais tarde. Eu tinha muito o que contar. Ana ficou encarregada de levar as crianças para comer na pizzaria ali perto, e foi o momento onde me abri com minha amiga.

(...)

— E aí... me conta tudo. — ela se ajeita no sofá.

— Lu, eu tô nervosa desde aquela hora. Parece que o tempo parou, parece que... não haviam se passado 10 anos... eu acho que não superei ainda sabe? — digo aflita.

— você "acha"? Amiga... está claro que ficou mal resolvido, ainda há sentimentos seus por ele. Mas eu quero saber se você sente que por ele também tem.

— Argh.. eu não sei. Ele ficou um pouco nervoso, mas seguiu firme, educado e respeitoso como sempre. Ele era assim antes.. mas eu tenho meus motivos pra achar que ele está comprometido. Eu só preciso ter certeza. Mas enfim.. ele me deu o tal exame que eu pedi, eu disse que não havia me esquecido de nada que vivemos e que era estranho ainda revê-lo, e ele também disse que não esqueceu... mas foi bem seco, eu diria.

— mas você foi muito direta, não acha?

— amiga, como queria que eu disfarçasse? Ele viu que eu tava pálida, queria saber porque eu tava o encarando tanto.

— sério? — ela ri — bom então, faz sentido. Mas acho que você deveria retornar lá com o Lucas, levando o exame, e marcando algo com ele sabe? Na amizade mesmo, para relembrar, conversar...

— mas assim... tão rápido?

— é... amiga se ele é médico pediatra, o único lugar que você verá ele será no hospital. A não ser que você seja vizinha dele. — ela ri.

— seria ótimo. Não me ilude, eu ainda não conheço os moradores daqui direito. Mas... olha, eu vou ver direitinho isso de sair, tô com medo de cair do cavalo.

— mas você precisa fazer algo, pensa bem.

— é...

𝘾𝙝𝙧𝙞𝙨𝙩𝙤𝙥𝙝𝙚𝙧

Os últimos dias tem sido muito corridos. A pouco tempo comecei a trabalhar no hospital das clínicas de SP, era uma honra pra mim fazer parte de um local como aquele... eu ainda era um recente formado em medicina, precisava de experiência.

Minha mãe sempre dizia que eu iria conseguir, mas que eu não teria tempo para mais nada. E ela tem razão. Desde que comecei a trabalhar de fato eu nem sei o que é descansar.

Aliás, se não fosse por um acaso, eu certamente não estaria namorando. Conheci Anny em uma festa do meu amigo de longa data, o Poncho. Eles são amigos desde criança, ela tem sido uma ótima companheira de vida, eu poderia dizer. Eu nunca pensei que teria planos profundos de casar com alguém depois do problema que tive com Dulce no passado.

E por falar nela, eu me surpreendi em vê-la em meu consultório outro dia desses, faziam tantos anos já... e ela me procurou com seu filho. Filho! Ela tem um filho de 10 anos... na certa foi na época em que terminamos.. ela deve ter feito a fila andar facilmente, o que não faltavam eram homens ricos aos seus pés.

Eu preciso confessar que me abalei muito naquele reencontro, mas eu não pude me esquecer de como terminou. Dias depois e ela apareceu lá, novamente. Só conseguia pensar em como ela estava linda, e aparentemente madura. Mas com certeza casada.

Em uma das minhas raras noites de folga, Anny me fez companhia em meu apartamento, estávamos vendo filme e conversando quando ela disse que adoraria sair no próximo fim de semana.

(...)

— o que você pensou? — pergunto.

— eu encontrei com o Roger, ele disse que queria muito arrumar alguém, eu tava pensando em fazermos um programa de casal, levar ele e uma amiga minha.

— claro. Mas que amiga? A Suzana?

— Não... é a mãe de um aluno meu. Ela é ótima, madura, independente. Tudo que ele precisa. Eu tava dizendo pra ele que ele vai gostar dela.

— Bom, se você diz. Eu acho bom mesmo ele firmar com alguém, esse seu primo tem o dedo podre pra mulher... — rio.

— ah... isso soou convencido... quer dizer que você é sortudo? — ela ri.

— agora sou, mas não foi sempre assim. Eu ja até te contei, como eu era tímido, bobão, e de baixa renda, não era todo mundo que olhava pra mim.

— lindo desse jeito? Você devia despertar amor em todas!

— é... vai nessa... eu sempre fui reservado.

— mesmo? Não consigo acreditar! Nesses dois meses que estamos namorando você não me disse ainda se teve alguém serio...

— é eu tive... antes de começar a estudar. Quando eu trabalhava de pedreiro pra ganhar uma graninha, eu conheci uma mulher, que mexeu muito comigo, me virou do avesso. Foi o primeiro amor, eu posso dizer assim. Eu demorei anos para esquecê-la.

— sério? E qual o nome dela? — meu celular começa a tocar.

— só um segundo... oi mãe...

— filho... atrapalho?

— não imagina, eu tava aqui com a Anny, minha noite de folga hoje.

— ah que bom.. e como estão as coisas?

— tudo bem.. e com a senhora?

— aqui também está tudo bem filho... olha, tô ligando pra pedir que vocês venham almoçar comigo no domingo, será que você estará de plantão?

— não sei mãe... tomara que não, a sua comida é ótima, sinto falta!

— mas não seja por isso, se você não conseguir vir, eu levo um prato pra você.

— ah... que maravilha! Mas não precisa disso tudo mãe... eu vejo o que consigo fazer pra poder almoçar com vocês, tá bom?

— tá bom filho... olha, fica com Deus, manda um beijo pra ela aí.

— pode deixar mãe, boa noite.

— Boa noite filho.

— tchau.

— tchau.

— minha mãe mandou um beijo.

— eu queria mandar outro, mas você desligou. — ela brinca.

— ela nos convidou pra almoçar com ela no domingo. Se eu não conseguir ir você pode ir sem mim, ela te adora mesmo.

— tá... olha vou buscar a nossa sobremesa.

— hmmm... o que? — me empolgo.

— aquele chocolate de pétit gateau que você ama.

— hm... será que eu mereço esse carinho todo? — rio e abraço.

— claro que merece! Vou pegar, só um minuto.

Anny passou a noite comigo, na madrugada recebi uma ligação do hospital e precisei ir, ela ficou lá, como sempre muito compreensiva, eu só pude vê-la no outro dia quando voltei para dormir. Ainda bem que ela compreendia bem a minha profissão.

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Capítulo de sábado

Agora o clima vai esquentar!!!

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora