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𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞́𝙖

Eu esperei ansiosa pela sexta feira. Não tinha dito a mais ninguém a não ser Luiza e Ana para onde eu iria. Eu não queria criar teorias nesse "encontro", até porque ele hoje namora uma amiga, eu seria traíra se quisesse esperar mais que isso agora.

Eu primeiro pretendia entender se ele ainda sentia aquela mesma chama de anos atrás, e se aquilo mexeu com ele também. E o mais importante, entender se ele me perdoou, e logo revelar a grande bomba.

Eu sabia que havia muito o que dizer e perguntar, me preparei pra isso, quando sai de casa eu já arquitetava que ele fosse ser discreto, e eu que iria interrogar. Mas não foi bem assim, ele estava muito interessado no que eu ia dizer também.

Marcamos em um restaurante, pelo horário não era mais possível outra refeição melhor do que um jantar.

Eu cheguei depois que ele, que estava incrivelmente lindo e cheiroso. Seu perfume me penetrou como se ele estivesse colado a mim.

— Oi, demorei? — pergunto lhe cumprimentando.

— Não, eu cheguei ainda pouco.  Como está?

— bem, e você? eu espero não estar tomando seu tempo. Hoje vejo que as coisas inverteram. — sorrio.

— estou bem. Mas, como assim? — ele sorri confuso.

— eu... eu era a ocupada e atarefada... e hoje você leva uma vida ainda mais agitada, eu diria.

— tanto quanto, eu imagino. Você sempre foi muito dedicada.

— eu não sou tanto mais... reduzi muito o ritmo de trabalho, carga horária, eu tenho priorizado mais a minha saúde mental, momentos com meu filho... eu mudei muito. — digo.

— estou vendo. Bom... eu não quero ser muito direto, mais imagino que esse convite deve ter algum motivo específico. — ele me encara.

— na verdade não tem... eu queria conversar melhor, eu não te vejo a 10 anos. Você foi uma pessoa que esteve muito presente comigo, e querendo ou não foi embora da minha vida de um jeito não muito amigável, eu queria entender, pois pra mim ainda existem coisas a dizer. — digo e ele suspira meio nervoso.

— Dulce se você se preocupa em tudo que aconteceu no passado, eu acho que deveria esquecer. Nós dois éramos imaturos e tóxicos, eu diria.

— tóxicos? Não, eu era... você não... você só... ouviu coisas que não precisava. Você era e é uma pessoa a qual me cativa, tem uma doçura, uma bondade que não se vê por aí. Eu reconheço que errei em ocultar minhas inseguranças e com isso te perdi. — olho para baixo.

— Não se culpe. O tempo passou, está tudo bem agora. Eu precisei levar alguns toques assim pra virar homem. Eu acho que toda aquela ingenuidade era demais. Você me ensinou muito como pessoa, eu devo muito a você. — ele segura em minha mão e eu tremo por dentro.

— não é querendo sabonetar, mas fui em que aprendeu contigo. Me culpo sim, porque sei que você foi embora me achando um monstro. Eu sequer tive a oportunidade de te encontrar de novo.

— mas eu acho que foi preciso. Eu estava muito magoado, só fui entender melhor tudo, quando a poeira abaixou.

— mas você acreditou naquelas bobagens. A Maite foi desnecessária te contando tudo aquilo. Eu realmente precisava me abrir, dizer que eu não estava preparada pra namorar de fato, dizer que sim, no começo eu queria mais algo de corpo mesmo, precisava dizer que eu tinha medo da pressão que você sofreria entrando no meu mundo. Enfim, ela estava certa, só agiu errado te dizendo coisas a mais. Se hoje você pode me ouvir, eu faço questão de te dizer, não era falta de amor, não era falta de admiração, respeito, prazer... eu te queria tanto que... que te perdi. Eu fiquei obcecada. Foi isso. — encaro o chão.

— Respira... — ele aperta minha mão. — eu sabia que você iria falar sobre isso... tá tudo bem... eu entendi depois, só não tive coragem de te procurar, eu adquiri um orgulho feio em mim, que não me deixou falar com você e tudo mais..

— então quer dizer que você entende e acredita em tudo que eu havia dito? E que havia me perdoado mesmo? — pergunto espantada com a naturalidade dele em acenar positivamente para as minhas perguntas.

— eu disse que estava tudo bem. Claro que eu sofri, me magoei, mas passou. Eu não tinha tempo nem pra chorar, e isso me fez forte, muito forte.

— estou vendo. Você parece mais seguro de si, não tão sensível... fico feliz que tenha conseguido evoluir, já eu... precisei me recuar mesmo, era muito a fazer.

— tá tudo bem... olha.. vamos deixar pra terminar esse tema depois, o que quer comer?

— eu não sei... uma massa talvez? Gosto de massa.

— ótimo, eu estou afim também.

Fizemos nosso pedido, começamos a comer e foi bom que assim o assunto se aliviou. Eu senti que havia despejado tudo o que eu guardei nesse anos em poucos minutos. Ele não precisava ouvir nada daquilo, estava tão seguro do perdão que me deu, nem parece que isso o afetou tanto.

Ele tinha auto controle sobre aqueles assuntos passados, mas era incontestável que ele ainda se atraia por mim, mesmo que aquele Chris em minha frente fosse alguém mais maduro, dono de uma seriedade, ele era o mesmo doce e educado Chris que me cativou.

Dessa vez era elegante, sabia se comportar em qualquer lugar. Hoje é um homem estudado e de posses. Chris parecia ter a solução para tudo, era a expressão que eu poderia usar.

(...)

— me desculpe se eu te ataquei com esse assunto antes mesmo de comer. — digo passando o guardanapo pelos lábios.

— que bobagem. Eu também queria poder te dizer essas coisas. Você não estava errada em pensar daquele jeito, no calor da emoção a gente se vitimiza e parece ser a melhor solução, mas isso é normal.

— é... eu achava que fosse te ver antes disso.. não achei que fosse levar 10 anos, muito menos que você fosse se tornar meu vizinho, e namorado da professora do meu filho, e hoje minha amiga. — rio de nervoso.

— é eu... também achei muitas coincidências, mas acho que foi bom só agora, se fosse antes não estaríamos tendo essa conversa madura e agradável. — ele sorri.

— eu confesso que me abalei vendo você com outra pessoa, mesmo sabendo que você merecia ser feliz, e que merecia alguém melhor do que eu, só não achei que fosse sentir ciúmes depois de 10 anos.

— ciúmes? — ele ri — ela ainda não sabe que nos conhecemos, se ela descobrir aí que nasce os ciúmes.

— eu acho que ainda não é a melhor hora pra contar. Ainda temos alguns assuntos a discutir... mas enfim... eu já estou satisfeita, você quer a sobremesa?

— na verdade eu prefiro tomar o bom e velho sorvete gourmet que nós gostávamos, lá do meu antigo bairro. — ele se anima.

— bom, então eu topo. — rio.

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Capítulo de sábado

Chris está tão maduro, tão pleno, o que acham?

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora