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𝘿𝙪𝙡𝙘𝙚 𝙈𝙖𝙧𝙞́𝙖

Eu sempre ouvi por aí que com o tempo a gente aceita e entende tudo que acontece de bom e ruim, e que o tempo cura as dores. Sou obrigada a concordar com a primeira parte da frase.

Quando você imaginaria que sua vida seria completamente diferente? Quando estamos felizes e entusiasmados com algo ou alguém, o correto é não pensar no amanhã mesmo, porque assim só se sofreria de antecipação.

Depois que tudo acabou, não tinha escolha, era seguir a vida ou seguir. Chris rompeu comigo, e precisou trilhar sua própria vida. Ele realmente merecia alguém melhor, que o compreendesse bem. E eu merecia alguém tão frio como eu. Era o que eu merecia e não enxergava. Depois de 10 anos você muda o modo de pensar.

Eu já não tinha 25 anos mais, já estava com a vida mais do que feita, pensamentos aflorados, arrependimentos. Com 35 você só pensa em como agiu como uma criança em diversos momentos.

(...)

— tá pensando no que mamãe? — meu filho Lucas se aproxima de mim enquanto me desperto desses devaneios no sofá.

— oi filho, a mamãe só estava pensando no que fazer pra jantar. — ele não faz ideia de quem eu pensava. — espero que esteja com fome, dona Ana ficou de fazer aquelas besteirinhas que você tanto ama.

— a senhora me deixando comer essas coisas, mamãe, tá tudo bem? — meu filho tinha só dez anos mas era muito esperto, e me conhecia muito bem.

— filho.. — rio e o coloco em meu colo — você só teve elogios essa semana na escola, e faz tempo que você me pede pra deixar comer essas coisas.

— hum... eu não vejo a hora — ele alisa a barriguinha.

— eu vou ligar para sua madrinha Luíza, ela disse que iria trazer a sua amiguinha pra vocês brincarem.

— a Amanda vem? Oba!! — ele corre feliz para seu quarto — eu vou mostrar pra ela o presente que o tio André me deu. — ele diz lá do quarto.

André foi meu namorado nesses últimos anos. Tem o Lucas como um filho, e eu sou grata pela ajuda que ele me deu quando nos conhecemos. Eu estava na fossa, havia terminado um romance com Chris. E logo depois descobri que estava grávida. Eu até tentei contato com ele, mas sua gloriosa mãe evitou muito, e depois de um tempo se mudou de onde moravam.

Eu nunca tive dúvidas de quem era o pai do meu filho. Lucas cresceu sabendo que eu e seu pai não estávamos juntos, eu sempre explico a história da melhor forma pois ele sempre pergunta. Seu sonho é ter um pai também, ele merecia isso. Mas eu não posso prometer encontrar alguém que eu nem sei se ainda está por aí... se está com alguém ou sei lá... Chris não era mais alguém que fazia parte da minha vida. Mesmo que um pedaço seu ainda estivesse aqui comigo.

Horas depois e Luíza chegou. As crianças foram brincar e ficamos conversando. Luíza já era minha amiga a alguns anos, nos damos super bem e ela sabe como eu era dura e fria. Contei a ela todo meu passado, erros, acertos, relacionamentos. Ela sabia de tudo de mim, e eu dela.

Quando chegou ela sacou que eu estava mais pensativa e reflexiva. Aproveitou quando as crianças se afastaram pra me interrogar.

(...)

— essa carinha não está nada boa.. — ela comenta.

— eu não consigo disfarçar nada pra você né? — rio.

— não mesmo... você disfarça mal. Me diz, que tá rolando?

— nada... só aquela mesma angústia de sempre. ontem o Lucas me perguntou de novo sobre o pai. Ana já tinha me alertado que isso iria acontecer com mais frequência a medida que ele crescesse. — suspiro.

Amor em Construção | VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora