NOITE INFERNAL …
Álcool e direção nunca combinaram. Keyla sabia disso e tentava convencer o noivo de que já havia bebido muito naquela noite, que assumir o volante nesse momento, era muito perigoso.
— Eu dirijo, você não está nem em condições de se manter em pé, quiçá dirigir até em casa. — Tentava por juízo no homem amparado em seus braços e tropeçando nos próprios pés.
— Que isso, garota! Não confia nas minhas habilidades? Posso até fazer um quatro…
— Imbecil! — ela o ajudou a levantar do chão. Não suportou o próprio peso quando ficou em uma única perna e caiu vergonhosamente.
— Tudo bem, tudo bem! — a empurrou para longe de si assim que ficou de pé e bateu a poeira do paletó ajeitando a gola da camisa. — Talvez seja melhor ficar com os dois pés no chão.
Roger, não era um cara muito fácil de lidar, tinha um ego maior que a sua fortuna e vivia querendo se exibir na frente dos amigos. Era um pavão sempre procurando um público para dispensar atenção sobre si. As roupas caras, os carros, os relógios de marca e até mesmo a bela aparência do moreno alto de olhos tão negros como a noite, não escondiam a feiura que tinha a sua alma.
As baladas de sexta à noite, sempre acabavam em confusão no trânsito. Ou terminavam em brigas com outros clientes dos bares que frequentavam. Havia também a possibilidade de acabarem numa delegacia, por suas façanhas nas avenidas com seus amigos nas brincadeira de racha.
Correr com os carros em meio aos civis, era uma adrenalina que nenhuma droga proporciona. Era um orgasmo que talvez, nenhuma transa pudesse alcançar. E Roger, já havia se viciado nisso. A velocidade, o ronco do motor e a sensação de poder e liberdade que elas provocavam eram uma tentação difícil de resistir a quem amava aqueles tipos de competição. Um divertimento para poucos, que tinha a morte como companheira.
Keyla já havia visto amigos seus pararem em lápides frias por terem sua vida interrompida no auge da sua juventude em meio a um acidente tosco. Ela mesma sofrera um alguns anos atrás. Uma tragédia que roubou uma parte da sua vida. Se reconstruiu fisicamente, mas as marcas que ficaram em sua alma ainda pulsavam em dor dia após dia. Os prêmios sempre são muito tentadores, porém as derrotas... Podia se perder o carro, a liberdade, o dinheiro...
Ela, por exemplo, foi um desses prêmios ganho da última vez que desafiou Roger. Nessa brincadeira, as garotas que perdiam as corridas, perdiam também o carro e elas mesmas para o vencedor. Sempre tem um tempo delimitado para que ganhem novamente sua liberdade. Mas, talvez por sua beleza. Um anel em seu dedo a prendia aquele idiota. E claro, a ameaça constante que sofria, caso desistisse dessa relação.
— Não vou entrar nesse carro com você! Nem consegue andar numa linha reta e quer dirigir? — Questionava Roger enquanto se dirigiam ao estacionamento da boate.
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Sequestrando o Playboy
RomancePara ela... A vida era um eterno competir em quatro rodas. Sentir o motor do carro pulsar na mesma frequência do ritmo do seu coração. A adrenalina pulsando nas veias em cada segundo que antecede a largada, a emoção da vitória, o suspense do percu...