DIA INFERNAL…
Samuel já sabia que seu dia iria ser um desastre, quando cochilou no meio do expediente, deixou a cabeça ir de encontro ao teclado do computador e acordou com o barulho que o choque provocou. Coçou o local dolorido e percebeu um belo galo se formando em sua testa. Toda a equipe do laboratório voltou à atenção na sua mesa em risadas disfarçadas.
Não sabia se queria morrer de ódio por que aceitou outra vez aquele emprego ou de vergonha pelo barulho que o acordou desnorteado. Tentou entrar na brincadeira e sorriu do papelão que acabara de fazer.
Depois de tudo que aconteceu naquele hospital, queria distância do lugar. Mas, precisava pagar as contas do mês. Ainda estava em pé de guerra com o irmão, o que deixava os seus ganhos bloqueados na justiça. E pra piorar, a mãe ainda insistia em apagar seu passado "desonroso".
— Está tudo bem, doutor? — Flávia, sua assistente, perguntou encarando por cima dos óculos.
— Sim, está. — mentiu.
Samuel respirou pesado, o cansaço dominando o corpo por inteiro. Ficou pensando se permitia deixar-se pegar no sono novamente, só que dessa vez mais cauteloso, ignorar a dor provocada e as risadas alheias ou levantava os olhos novamente a tela e tentava se manter acordado.
O corpo já está no limite. São mais de quarenta e oito horas naquela maldita sala. Já calcula que tomou o limite diário de cafeína permitida ao ser humano. Sem contar nos energéticos e discussões que teve com Dr Mauro nesse período.
Recuperou a postura, piscou algumas vezes para ambientar-se novamente a luz da tela e decidiu. Não aguentava mais. Precisava da água quente do seu chuveiro dando conforto ao espírito ou simplesmente desabar no sofá da sala, abraçar uma almofada e dar um foda-se ao mundo.
--- Samuel!--- Dr. Mauro gritou atrás de si, trazendo-o de volta à realidade.
Percebeu naquele momento que até seria melhor se entregar a um cochilo no banco do carro no estacionamento para não provocar um acidente no percurso de volta para casa.
--- Você está dormindo no meio de um trabalho tão importante como esse? O que tem na cabeça? Pode ser o destino da humanidade que está em jogo!--- O homem não satisfeito com o grito ainda o sacudiu pelos ombros.--- Deveria se envergonhar disso! Que exemplo está dando aos seus colegas?
Samuel tentou voltar de onde quer que a sua mente estivesse e focar na conversa mais absurda que o prendia aquela sala. Ele já tinha dado o diagnóstico da doença trinta e seis horas atrás. E foi o mesmo que o médico residente de plantão dera.
--- Não é um apocalipse zumbi eclodindo em São Paulo...--- tentou manter o controle da voz apertando o lápis em sua mão com força sem tirar os olhos da tela do computador.--- Nem uma variante da dengue, caxumba, catapora ou o caralho de uma gripe suína modificada!--- gritou quebrando o lápis ao meio.--- É salmonella...
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Sequestrando o Playboy
RomancePara ela... A vida era um eterno competir em quatro rodas. Sentir o motor do carro pulsar na mesma frequência do ritmo do seu coração. A adrenalina pulsando nas veias em cada segundo que antecede a largada, a emoção da vitória, o suspense do percu...