Para ela...
A vida era um eterno competir em quatro rodas. Sentir o motor do carro pulsar na mesma frequência do ritmo do seu coração. A adrenalina pulsando nas veias em cada segundo que antecede a largada, a emoção da vitória, o suspense do percu...
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Capítulo 23
BRINCADEIRA PERIGOSA…
Keyla parou diante ao sinal com o coração a mil. Não bastava ter vivido seus últimos dias num verdadeiro inferno em vida, descobrir ainda o passado da amiga, tão tenebroso, roubava quase toda sua concentração. Precisava decidir o que fazer. Como agir diante das novas verdades. Precisava urgente de um plano. Tinha medo por ela. Pelo ruivo. E até mesmo pelos outros da equipe. Querendo ou não. Era isso que eram. Uma equipe! E no seu dicionário, equipe era uma família!
Porém, Lince revelou-se a ovelha negra dessa família. Ela estava extorquindo e matando aos poucos quem dizia ter amado um dia. A loura engoliu a raiva que desceu como se estivesse envolta em arame farpado pela garganta e exalou o ar pesadamente. Tinha que pôr as ideias no lugar. Manter a lucidez e...
O breve soar ritmado da buzina ao seu lado fez o seu coração acelerar ao máximo. Ela conhecia aquele som como se fosse o próprio badalar do órgão em seu peito. Ela desviou o olhar à rua pelo vidro lateral e viu a doida da Lince fazer o pior gesto que poderia escolher no momento. Ela erguia o dedo do meio em belo gesto obsceno na janela do carro em direção ao Camaro preto do mercenário mais perigoso que conhecia. Yuri.
A cena parecia se realizar em câmera lenta. E em segundos ela poderia ter posto o plano todo de resgate por água abaixo. Os lábios proferindo um "vai se foder!" Haviam selado o destino das duas. Mas, ela tinha medo disso? Com certeza aquela garota devia ter sacolejado ao ponto de deteriorar o cérebro naquele porta malas àquela noite. Pois essa atitude, nem de longe era de um ser humano saudável. Keyla sentiu a bile subir pela traqueia e pensou que nem conseguiria a conter. Puxou a garota de volta ao acento do banco e esperou o veredicto.
Gentil como o próprio diabo. Ele deixou o vidro deslizar até o seu limite, abaixou os óculos escuros mostrando a frieza daquelas esmeraldas e apontou a contagem decrescente em vermelho à sua frente na sinaleira. Dez, nove, oito... A pistola apontada na direção delas dizia tudo. Tiveram tempo para sumir do mapa. Porém, ainda estavam no seu território.
5... 4... 3 ...
Keyla voltou a atenção ao sinal e apertou o volante com força, os pneus do seu carro começaram a cantar no asfalto reprimidos pelos freios que ela mantinha firmemente acionados. Sabia que agora estava encrencada. Conhecia aquele carro negro como a noite. E não conhece nada sobre esse em seu domínio.
2... 1...
A luz fica verde e ela não perde tempo. A nuvem que se formou de borracha queimada encobre o carro como uma cortina escondendo por alguns segundos o caminho que decidiu seguir. O tiro nem sequer foi disparado. Não acertaria o veículo pela precisão da arrancada. Yuri sorriu satisfeito, teria uma boa diversão hoje. Ela respirou um pouco aliviada ao ver que tinha uma breve margem de dianteira sobre o Camaro. Sabia que a contagem era uma despedida específica. Os piratas sempre deixam você rezar ao seu deus pelos seus pecados antes de morrer. Só que não pretendia morrer hoje. Não pelas mãos dele. Pretendia se livrar do ruivo cruel primeiro, salvar o bom e se pudesse agradecer a diaba Mor pelo resgate e depois lhe dar uns bons tapas na cara por desejar o seu...