Especial Sorte - Pra Sempre

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Pov Sheilla

– Mãe, tem algum problema se eu dormir na casa da Carol hoje? – Ninna me questionou enquanto eu dirigia tranquilamente pelas ruas de Belo Horizonte. Olhei de relance pelo retrovisor central do carro e encarei seus olhos pidões.

– Quem é Carol?

– Minha amiga da escola. – Deu os ombros e Liz soltou um risinho fraco no banco do carona ao meu lado. Não era uma amiga.

– Se eu não sei quem é, não. – Falei tranquila.

– Sabe sim! Só não lembra...

– Ela vive lá em casa, mãe. – Liz disse tentando ajudar a irmã. Encarei a loira rapidamente e Ninna deu um tapa de leve na irmã como se pedisse silêncio.

– Vive lá em casa? – Perguntei segurando o riso.

– Modo de dizer! Ela é da nossa turma e é legal. A Ninna não explicou, iremos fazer um trabalho lá. Enorme, né? – A loira falava com seu jeitinho enrolado. Ela estava mentindo.

– E por que só a Ninna vai dormir lá?

– Porque ela é chata igual a Ninna e vai para aquele grupo de estudo cedão, sacou? – Liz falou cheia de gírias e Ninna bufou.

– Pode ir. – Falei simples.

– Sério? – Ninna questionou incrédula e eu concordei novamente fazendo um sinal positivo com minha cabeça.

– Sério! Mas não precisava dessa desculpa toda. Era só falar que é a menina que você gosta. – Tentei falar da forma mais nítida e calma com ela, como eu sempre fiz durante esses 17 anos.

– Mãe! Eu não gosto dela. – A morena falou e desviou o olhar exatamente como eu fazia.

– Gosta sim. – A voz infantil entregou sua irmã.

– Até o caçula sabe, Ninna. Para de mentir pra mamãe, vocês não sabem disfarçar nada. – A loira falou e eu gargalhei. A real é que todos nós éramos péssimos mentirosos. Estava no DNA Castro.

– Eu gosto dela também, Ni. Ela faz aquele bolo gostoso.

– Lucca! – Ninna falou negando envergonhada mas já queria rir da situação em que se colocou.

– Deve ser exatamente por essa habilidade que ela gosta mesmo. – Liz ia implicar com a sua irmã.

– Liz Castro! Sem gracinhas com a Ninna na frente do seu irmão. – Pedi e ela apenas concordou. – Vocês irão precisar de carona? – Perguntei ao parar o carro em frente ao colégio.

– Eu quero! – Liz pediu.

– Não preciso. – Ninna deu os ombros e se esticou beijando minha bochecha. – Te amo, mãe. Te amo, pequeno.

Ela repetiu o ato com o irmão e Liz fez a mesma coisa. Suspirei observando as duas caminharem lado a lado até a entrada do colégio. Elas cresceram tão rápido. É gratificante demais acompanhar a evolução das duas. Liz e Ninna são meninas extremamente educadas, lindas e inteligentes. O total oposto uma da outra, Ninna é reservada, Liz gosta de aparecer, uma ama doce e a outra salgado. Uma gosta de atacar e a outra de passar. As gêmeas são um verdadeiro contraste.

– Somos eu e você agora, pituco. – Falei para o menino de cabelo cacheado. O sorriso largo preencheu o seu rosto fazendo com que seus olhos diminuíssem mas eles possuem um brilho diferente, o mesmo brilho do olhar dela.

– Mamãe, que dia a mamãe Gabi volta? – Ele perguntou com as mãozinhas no queixo. Eu jamais daria 7 anos para esta criança. Ele sempre foi uma criança ensinada. A facilidade dele entender as coisas era assustadoramente incrível.

Sorte - SheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora