Especial Sorte - Reconciliação II

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Pov Sheilla Castro Guimarães

– Só foi um comentário... – Resolvi fazer um biquinho em forma de birra. Isso sempre costumava funcionar. Minha esposa negou com a cabeça enquanto se aproximou e deixou um selinho demorado em meus lábios.

– Desfaz essa carinha. – Pediu e eu como uma boa cadela rendida por ela que sou, entreguei meu maior sorrisão. – Isso aí, um sorriso bonito para o outro sorriso bonito que vai sair dali.

Gabriela falou apontando para o portão do colégio de Lucca. Ela entrelaçou nossos dedos como há tempo não fazíamos e fomos juntas até a escola aguardar nosso pequeno sair. Será que finalmente as coisas se encaixariam?

Eu esperava que sim. O frio na barriga tomou conta de mim. Eu queria que tudo acontecesse da melhor forma. Errar é natural do ser humano. Nossa existência por si só pressupõe falhas. Seja na visão grega, cristã, científica... O ser humano começou errando. E bem, relacionamentos exigem perdão. Cabe a nós decidirmos quais se encaixam no conceito saudável de manter os laços. E eu queria Gabriela do meu lado.

Eu não sei por quanto tempo fiquei refletindo sobre isso, mas meus pensamentos só permitiram que eu voltasse ao mundo real quando os pequenos bracinhos abraçaram uma de minhas pernas.

– Mamães! – Lucca falou alto e eufórico.

– Ei, filho! – Gabriela se abaixou o pegando no colo e eu sorri. – Como foi a aula hoje?

– Muito dá hora! – Ele disse sorrindo e se esticou para me dar um beijo na bochecha. – Vamos comer? Eu tô com fome. – O pequeno fez um beicinho tal qual Gabriela e eu sorri.

– Vamos! Mas antes iremos buscar sua irmã.

Decretei e ele concordou animado da mesma forma. Lucca, Liz e Ninna eram um trio inseparável. Como mãe, meu maior medo antes de Lucca nascer era com a reação de Liz e Ninna. E tudo sempre aconteceu na sua perfeita ordem. Quando criança, as duas curtiam demais as fases de seu irmão. Como adolescentes, obviamente achariam algumas atitudes chatas e agiam até como se nunca tivessem feito pior. Mas o amor e carinho entre os três é admirável. Eles eram bem apegados e era comum estarem juntos.

Flashback on

Liz, Ninna!

Chamei tentando controlar minha euforia. Tinha conversado com Gabriela e decidimos juntas contar para Bernardo, meu ex marido e pai das gêmeas, que minha esposa estava grávida. Diferente do início de meu relacionamento com Gabriela, o homem já não tinha mais seu ego ferido. Pelo contrário, conseguimos juntos manter o respeito e criar uma nova dinâmica de relação. Isso funciona bem e as gêmeas aceitaram da melhor forma possível essa nova dinâmica.

Bem, e após contar para ele. Informei ao mesmo que contaria a Liz e Ninna. Crianças tem línguas pequenas, mas são ágeis ao contar novidades. Então eu e Gabriela decidimos falar antes e de modo adulto. E esse era o momento de conversar com minhas filhas que estavam com 10 anos. 

– Oi, mamãe! – Ninna disse abraçando minha perna. Gabriela deu um beijo nas duas e subiu para liberar a babá.

– Mamãe, mamãe! A gente aprendeu uma técnica nova hoje. – Liz disse empolgada já querendo contar sobre o seu treino de vôlei.

Sorte - SheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora