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O loiro suspirou profundamente ao arremessar o último relatório sobre a pilha alta de papéis. Seus olhos correram na direção do relógio que batia na parede. A quanto tempo estaria sendo naquela cadeira, lendo e preenchendo inúmeros documentos? Três horas? Talvez seis. Não tinha certeza. Mais um suspiro profundo e uma mão grande indo de encontro com a testa, numa tentativa de apoio.

— Ackerman! - O homem chamou. Geralmente o outro homem era um tanto rápido, mas desta vez, por alguma razão, ele não estava vindo. — Levi! - Ele insistiu.

Não levou muito tempo até ver o homem menor abrir a porta. Esperava deparar-se com a costumeira carranca do mais novo. Porém, o que ele viu foi uma expressão rara de preocupação, ao invés do tédio rotineiro. Era raro que Levi parecesse algo além de entediado. Principalmente desespero. Era muito raro ver Levi parecendo desesperado.

— Temos problema.

— Eu sei que temos. Preciso enviar tudo isso até amanhã à tarde e não sei se chegará a tempo...

— Erwin! - Se havia alguém que Levi respeitava, esse alguém era o empresário Smith. Interrompe-lo ou levantar seu tom para com ele era algo que ele, definitivamente, não fazia. — Dá para me dar a merda de sua atenção?

— Ei, o que há com você? Temos trabalho a fazer!

— Que se foda os papéis! - Levi dá a volta em torno da mesa, parando ao lado de Erwin e segurando seu rosto com uma mão, para que focasse os olhos nele. — Nile está aqui.

— Por que caralhos, Dok está aqui hoje? - Os olhos azuis de Erwin estavam arregalados. Nem o demônio era mais odiado por Erwin do que Nile Dok. Se bem que, o cara podia ser facilmente o próprio demônio reencarnado na terra. Um ser de alma ruim escondida sobre um bom status social e pilhas e mais pilhas de dinheiro. Dinheiro esse conquistado da forma que Erwin considerava mais repugnante.

— É isso que estou tentando dizer. - Levi revira os olhos enquanto fala. — Ele disse que veio lhe entregar algo.

— Por Deus, que não seja uma de suas mercadorias.

A testa de Erwin estava mais franzida que o tradicional. Ele se levanta de sua cadeira, apanha o paletó cinza que repousava no mancebo e o vestindo em seguida. Fez um sinal para que Levi o acompanhasse. Ambos os homens deixaram a sala em silêncio e caminharam em direção ao pátio da casa do Smith.

— Erwin, meu amigo de longas datas! Bom vê-lo outra vez! - A voz irritante fez o estomago do loiro se revirar quando este alcançou a sala. Se aquele era um "amigo" de Erwin, ele nem poderia dizer o que seria um inimigo. — Pequeno Levi, como vai? - Mesmo sem olhar para ele, Erwin sabia que Levi havia firmado ainda mais sua carranca com aquele comentário do outro homem, com o destaque para "pequeno".

— Nile. - Soou desinteressado. — O que devo a sua visita?

— Vim lhe parabenizar pela compra das Asas da Liberdade. É de fato uma empresa de tecnologia com grande potencial e tenho certeza que a sua aquisição será excelente para o mercado. Posso dizer, você é um líder nato! Em sua coordenação, aquela empresa decola.

— Você já me parabenizou, Nile. Pelo que me lembro, nos enviou uma carta a menos de duas semanas...

— Bem, você também realizou a compra de mais alguns hectares de terra em Herade. Em breve, se continuar assim, você será dono de toda a terra daquela tribo. - Erwin quase poderia dizer que Nile queria rosnar enquanto falava aquilo, apesar de ainda manter o sorriso. Ele sabia muito bem do interesse que o outro homem tinha pelas terras que, a muito tempo, pertenciam a família Smith.

— Você tem alguma parte de Hefastos. Eu tenho alguma terra em Herade. É assim que funcionamos, certo Dok?

— Certamente.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora