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Nota da autora: meu Deus só queria um namoradinho igual o Erwin

Um grito escapou de seus lábios e a fez sentar-se rapidamente na cama. Seu peito tremia por conta do coração disparado. Mais uma vez, pesadelos sobre a noite do incêndio do orfanato da Rosa Vermelha. Ainda era tão nítido em sua mente a imagem do fogo, dos móveis queimando e, principalmente, as crianças chorando.

Até hoje não era capaz de explicar como foi capaz de sair de lá com as quatro e ainda viva. Isso não conseguia se lembrar. Sua mente havia ficado completamente em branco, apenas lembrando-se da forma como seu corpo apenas agia no automático. Por instinto de proteção.

Ainda se lembrava das ameaças feitas a Petra e Oluo para que deixasse as crianças ficarem com você. Não era uma adoção legal, mas também não havia documentação nenhuma para garantir isso, afinal o fogo consumiu tudo. Era como se as quatro não existisse.

Sabia que agora não seria capaz de dormir outra vez. Sempre era assim. Você sonhava com algo relacionado aos seus dias em Miser e todo o sono fugia de seu corpo como moscas fugindo de rãs. Empurrando as cobertas para o lado, resolveu por levantar e um arrepio subiu pelo seu corpo quando seus pés quentes entraram em contato com o chão frio.

— Droga! Eu devia pedir por um relógio.

Caminhou até a janela, apenas para perceber que a lua já não podia mais ser vista dali. Mesmo assim, ainda não fazia ideia de que horas seriam. Resolveu por ir ao corredor, ou ver se algum cômodo próximo teria um relógio.

Ao sair de seu quarto, encontrou apenas um longo corredor mal iluminado e frio. O silêncio completo pairava pela casa. Sabia que havia um relógio na cozinha, mas não desceria até lá apenas para isso. De qualquer forma, em algum momento amanheceria e, enquanto não acontecesse, você não poderia estar fazendo nada para passar o tempo ou dispersar a insônia.

Quando ia voltar ao seu quarto, acabou por olhar na direção do quarto de Erwin. Pensou que ele ainda estivesse dormindo, mas, pra sua surpresa, uma fraca fresta de luz escapava por debaixo da porta. Provavelmente mais como luminárias acesas.

Por pura curiosidade, aproximou-se da porta para ver se ouvia algo. Apenas o silêncio. Suspirou fundo e, num ato impensado e completamente desnecessário, tocou levemente a porta com os nós de seus dedos. Não esperava receber uma resposta, também não é como se estivesse procurando a recepção, então apenas se virou e juntou os passos na direção de seu próprio quarto.

— [Nome]? - A voz tão conhecida por você ecoou pelo corredor vazio, quando a porta foi aberta. Virou-se e encontrou Erwin, em seus longos pijamas azuis e com um cabelo bagunçado, diferente do penteado milimetricamente ageitado de sempre. Seu rosto estava levemente inchado.

— Eu acordei você?

— Não. Acabei tendo um sonho ruim e despertando. Já estava acordado.

— Ah, sonho ruim... Coincidência.

Erwin lhe encarava, esperando que você dissesse algo. Por um momento, encarou de volta, esperando que ele dissesse também. Seus olhos correram pelos olhos deles, um pouco encolhidos por conta do sono recente. Só então se lembrou que quem havia batido na porta e chamado era você, então obviamente ele estava esperando que você fizesse algo.

— Algum problema? Precisa de algo?

— Ah, perdão! Eu me distrai... - Não era a resposta. Ele continuava a lhe encarar. — Bem, você disse uma vez que eu poderia bater na porta... Que você me deixaria entrar... - Murmurou, por fim. Nem você sabia o porquê de ter batido. Foi por puro impulso, não havia realmente nada que quisesse pedir a ele. Não é?

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora