3.

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Se matar Nile não fosse arrumar tanta bagunça, Erwin teria feito. Naquele momento e com as próprias mãos. Mas não fez. Ao invés disso, ele só ordenou aos seus seguranças que o manteasse longe de qualquer propriedade Smith pro resto de sua desprezível vida. Levi estava com uma expressão de pânico terrível. Erwin quase estava considerando se deveria acudir a garota ou o próprio Levi.

A garota não se mexera desde que chegara. Erwin estava se questionando se ela sobreviveria por ainda mais algum tempo.

- O que vamos fazer? - Levi estava com as duas mãos na cabeça. Sinal nítido de seu desespero. Caminhava de um lado para o outro. O atrito dos sapatos fazia barulhinhos irritantes.

— Não sei.

— Não podemos matá-la.

— Não sei.

— Não podemos entrega-la a um prostíbulo.

— Não sei.

— Como assim "Não sabe"? Estava considerando isso? A resposta não seria "É claro que não podemos"?

— Eu não sei, Levi! Caralho! Eu não sei o que fazer! Não planejei ter a droga de uma mulher na minha responsabilidade, levando o brasão da minha família! - Erwin praticamente gritou, o que fez Levi se calar. A garota encolheu um pouco mais na grade, perante ao aumento brusco na voz. Erwin percebeu. Seus olhos se arregalaram brevemente ao vê-la tendo uma reação, mesmo que negativa. — Perdão, criança. - Suavizou. — Independente do que faremos com ela, não podemos deixá-la desta forma.

— Está bem... Devemos chamar algum dos empregados?

— Não. Por enquanto não. - Erwin parecia já ter decidido isso a algum tempo, afinal respondeu prontamente. — Quanto menos gente souber disso agora, melhor. - Direcionou bem o olhar para a dupla de seguranças que estava na sala desde que Nile chegara, deixando bem claro que aquela notícia não deveria se espalhar, até segundar ordem. Os homens não se mexeram, mas certamente entenderam o recado.

— E como pretende tirar a coisa daí? - O menor apontou. Erwin apenas o encarou e fez uma expressão óbvia. O queixo de Levi caiu um pouco quando processou a ideia. — Não! Não vai ser eu quem fará isso! Não vou encostar nela!

— Levi! Não grite. Vamos tirá-la juntos, tudo bem?

Ainda demorou um pouco para o homem realmente querer fazer isso. Bem, querer certamente ele não queria, mas pelo menos aceitaria. Erwin foi até onde Nile havia atirado as duas chaves e apanhou-as, entregando ao menor em seguida.

Levi estava um tanto receoso de se aproximar de mais da gaiola. Não fazia a menor ideia de que tipo de reação a garota teria ao perceber que ele estava tentando tocá-la. Ouviu muito bem Nile dizer que ela era "o próprio demônio". Muita coisa poderia servir de interpretação para essa frase e o homem não tinha vontade nenhuma de testar para descobrir a qual delas Nile se referia. A menina ainda abraçava os joelhos e mantinha a cortina de cabelo escondendo seu rosto. O odor que emitia não era agradável. A garota cheirava a prisão. A mistura tênue entre umidade, sangue e poeira.

Com passos cuidadosos, Levi estava em frente a gaiola. Tinha um formato quadrado e a abertura era na face superior, por cima, semelhante a gaiolas de transporte de animais para abate, porém aquelas eram gaiolas destinadas a humanos e comuns para guardar escravos. Estava na dúvida se deveria soltar primeiro as algemas e depois abri-la, ou o contrário. Ele realmente temia que a garota tentasse atacá-lo.

Deixando a delicadeza um pouco de lado, ele foi rápido em destrancar a gaiola. A menina não se mexeu. Ele realmente não sabia se assim era melhor ou pior. Levantou lentamente a grade, conferindo se não teria alguma reação. Nada.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora