— O que vamos fazer com ela?
Levi estava fazendo o possível para se manter quieto. Sabia que se começasse a se movimentar de mais ficaria suado. E ele não queria ter suor escorrendo por sua pele. Mas era um tanto difícil manter a calma perante aquela situação.
— Você viu, Erwin? Ela estava implorando para que não tocássemos nela!
Encostado no parapeito da janela, estava Erwin. A lua era quarto minguante. Estava um tanto bonita, apesar de o céu estar banhado em nuvens turvas que rodeavam o astro. Os olhos azuis se perdiam em meio a escuridão noturna. A mente, mais distante ainda.
— Você está me ouvindo? - Erwin quase saltou quando percebeu Levi, agora parado ao seu lado.
— Perdão. O que estava dizendo? - Se recompôs.
— Estava perguntando o que faremos com a garota? Ela está assustada.
— Não tenho certeza...
— Ela pode trabalhar, não pode? - Levi recebeu uma expressão de reprovação vinda de Erwin. — Quero dizer, agora ela não pode. Mas depois?
— O depois é depois. Contra a minha vontade ou não, ela carrega o brasão da minha família e está sobre minha responsabilidade. O que ela precisa agora é tratar as feridas, comida e apoio. - Erwin se afastou da vista da janela e começou a caminhar até a porta de seu escritório. — O que faremos depois, apenas os deuses sabem.
— A onde vai?
— Dormir. Você deveria fazer o mesmo. O dia foi cheio e amanhã será ainda mais. - A mão de Erwin já estava na maçaneta da porta.
— Claro! Até porque agora somos babá de criança?
Erwin ainda sorriu um tanto meigo para o comentário de Levi, antes de se retirar completamente e deixar o homem menor sozinho no escritório. Como de costume, Levi limparia a bagunça - enquanto reclamaria do quanto Erwin era desorganizado e não sabia fazer limpezas decentes- e depois trancaria a sala.
{...}
Não tinha muita certeza de quanto tempo levou para que pudesse de fato pegar no sono. Não se lembrava nem de ter se deitado. Apenas sabia que estivera sendo abraçada por Erwin. Em algum ponto, o cansaço das últimas semanas lhe venceu e você acabou por adormecer.
Seu corpo saltou com um grito quando um pesadelo se formou em seu sono. Os horrores que passara na prisão vieram à tona, como fantasmas que quisessem possuí-la. Mas ao abrir os olhos e se localizar, não estava no porão, nem amarrada.
Agora, só sabia que estava confortavelmente deitada sobre uma cama macia e enrolada em cobertores felpudos e quentes. Você estava virada para a janela, lado esquerdo do quarto. As cortinas estavam fechadas, mas eram tão claras e o voil permitia que a luz adentrasse o quarto, de qualquer forma.
Você esperava ser jogada num canto escuro, exatamente como estava antes. Em nenhum momento pensou que acordaria numa cama quentinha e fofa. Seus olhos foram de encontro a cortina branca, que balançava de um lado para o outro por conta do vento. A janela dormiu aberta. Como podem tê-la deixado num cômodo onde uma fuga seria tão fácil? Quer dizer, no seu estado atual nem se lhe soltassem no meio da cidade você poderia fugir, mas em outras situações...
Fazia tanto tempo que você não tinha uma noite tão confortável, apesar de ter sido perturbada por lembranças dos últimos dias. Seus olhos não deixavam a janela. Fazia muito tempo que não via a luz do sol. A última vez, ainda estava com seu clã, em segurança. Até, naquela mesma noite, o Clã- ser invadido enquanto todos dormiam. Depois veio a morte de Berthold, sua captura, as torturas num porão e, quando foi jogada na gaiola para ser trazida até a casa Smith, um pano esteve cobrindo as grades por todo o tempo. Realmente, você não via o sol a tempos.
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She's A Killer- Erwin Smith X Leitora
FanfictionNum mundo onde quem você é se define pela tribo em que você nasce, [Nome] teve o azar de nascer na pior delas. Se vê capturada por militares e obrigada a servir a trabalho escravo. Só não esperava que iria servir justamente a uma pessoa importante e...