9. Flash-back

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Sentiu um alívio agradável em seus braços após o peso ser liberado deles quando, cuidadosamente, deitou o pequeno corpo de Mikasa no colchão. A garota havia demorado tanto a pegar no sono que já estava se questionado se teria de passar aquela noite em claro. Estava um poço de cansaço. Novas pessoas haviam se juntado ao clã Maria na última semana e estava sendo trabalhoso treinar aqueles que estariam ali para lutar. Ainda por cima, agora tinha quatro pirralhos para cuidar. Nunca haviam tido crianças tão jovens no grupo e estava realmente receosa de como seriam os ataques ou as fugas, caso fossem necessárias, com os mais novos ali.

Fechou a porta do pequeno cômodo com tamanha sutileza, torcendo para que nenhuma criança resolvesse despertar agora. Suspirou profundamente quando se recostou na madeira e levou uma mão a testa, em alívio.

— Não vai vir para a cama? - A voz masculina soou aleatoriamente.

— Pelos deuses, Berthold! Que susto! - Levou uma mão a testa ao se lembrar que não poderia falar alto, para não acabar acordando os meninos. — Não me assuste assim seu filho da puta... - A porta de seu quarto ficava literalmente a frente, então tudo que fez foi dar alguns passos e adentrar. Sentou-se na beirada na cama e retirou a manta que usava, atirando-a num canto. — Acordei você?

— Não, eu nem mesmo estava dormindo. Estava apenas deitado. Te esperando... - Berthold volta a deitar em seu lado da cama de casal que dividiam.

— Perdão pela demora. Eu precisava esperar que todos dormissem. Mikasa tem dado tanto trabalho de madrugada...

— Deve ser por conta do calor. O verão este ano não está dos piores, mas ela é uma criança. Com certeza sente falta de banho.

— Acho que é mais fome. - Você se deitou ao lado de Berth. Sabia que o homem estava virado para você, mas manteve-se encarando o teto.

— Eu lhe avisei que não tínhamos como cuidar de quatro bebês, [Nome]. Deveria ter me dado ouvidos.

— Não são bebês! E o que mais eu poderia fazer, Berthold? Deixar que ficassem nas chamas ou terem lhes entregado a polícia militar?

— Não sei, mas certamente trazê-los não foi a melhor ideia. São novos demais. Dependem que alguém mais velho faça coisas por eles o tempo todo. Como você planeja fazer quando for época de ataques?

— Tem famílias morando no clã. Tenho certeza de que poderão ficar sobre os cuidados deles quando precisarmos sair em expedições.

— Sabe que não será tão simples... Quantos anos acha que eles têm?

— Creio que uns três, talvez quatro... Não tem como ter certeza. São pequenos e claramente menos desenvolvidos fisicamente do que as outras crianças, por conta das circunstâncias. Mas Mikasa e Armin são bem inteligentes. - Você virou-se para Berth com um sorriso orgulhoso do rosto. — Foram eles que me contaram seus nomes e de algumas coisas sobre eles. Além de que, tem alguma consciência sobre o que aconteceu a eles.

— Você fica tão empolgada quando fala deles... - Um sorriso fraco também apareceu nos lábios do moreno.

— Não quero que se machuquem, ou que precisem passar pelos terrores que nós vivemos em nossas infâncias...

— Sabe que não é assim que funciona, [Nome]. Nunca poderão ter uma vida como, por exemplo, alguma criança de Herade.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora