7.

744 95 11
                                    

Os dias que seguiram foram um tanto iguais. Você ficava naquela sala o dia todo. Uma televisão com uma tela enorme e plana era seu único entretenimento. Levi aparecia algumas vezes por dia para lhe oferecer comida ou fazer massagem em seus pés. Não estava vendo Erwin muitas vezes, o homem parecia ocupado. À noite, Levi lhe dava banho, tratava de seus machucados e a colocava para dormir. Você ganhava uma roupa nova todos os dias, eram praticamente iguais, enquanto a anterior seria lavada.

Já faziam uma semana que você havia chegado na casa da família Smith. Seus pés já não doíam como antes, Levi havia seguido as indicações de Hange para tratá-los e os resultados estavam sendo satisfatórios, assim como também aplicava compressas diariamente no roxo de seu olho, este que já estava mais suavizado. Ainda assim, era difícil caminhar. Você havia ganhado pantufas felpudas e um par de muletas, apesar disso. Podia ficar de pé e fazer caminhadas curtas, nada muito demorado, de qualquer forma. Pelo menos agora não precisava de Levi toda vez que desejava ir ao banheiro.

Estava assistindo um programa de culinária na TV, esticada sobre o sofá, quando Erwin adentrou a sala.

— Olá, [Nome]. Como vai? - Você não o viu no dia anterior. No outro, apenas durante o jantar. Sabia das inúmeras empresas que o homem tinha em sua posse e entendia que ele seria ocupado demais para drenar sua rotina por sua causa. Nem poderia cobrar isso, de qualquer forma já era grata o bastante por estar sendo tão bem tratada.

— Oi...

— Vim lhe buscar. - Você sentiu o coração disparar no peito.

— Me buscar para o que?

— Bem, eu disse que lhe levaria ao jardim para ver os ipês, não disse? - De fato. Você se arrastava até a janela de seu quarto todas as manhãs para ver a árvore amarela. Lembrava-se de Erwin dizendo que lhe levaria ao jardim, mas não pensou que estivesse falando sério. — Então, é nossa última chance. As flores vão cair em breve.

Você sorriu um pouco com a notícia. Para alguém que estava acostumada com as ruas, seus dias eram tediosos. Tediosos de um jeito positivo, mas ainda assim, adoraria fazer algo diferente ou pelo menos estar ao ar livre outra vez. Mas, sorriu principalmente por Erwin ter se preocupado em pausar seus trabalhos apenas para levá-la ao jardim. Ele iria querer algo em troca depois?

— Não seria mais fácil se eu tivesse uma cadeira de rodas? - Você murmurou ao ser erguida nos braços de Erwin.

— Você quer uma?

— Não tenho que querer nada. Falo por vocês, que tem que me carregar de um lado para o outro.

— Entendo.

Nenhum comentário em particular sobre o assunto foi feito. Você estava descendo ao primeiro andar pela primeira vez. O térreo consistia, basicamente, na cozinha, banheiros, pátio e sala de estar. Você não havia descido por conta das escadas - já era difícil carregarem você pelos corredores, quem dirá por degraus. Ainda assim, Erwin não disse nada enquanto desciam. Você só havia visto o pátio uma única vez, no dia que chegara. Mas logo quando foi libertada da gaiola e levada ao segundo andar para ser cuidada, não havia mais estado ali - afinal seus acessos se limitavam no quarto, banheiro e sala de televisão.

— Desculpe-me por não ter vindo antes. Estive ocupado.

— Não tinha que fazer isso, de qualquer forma...

— Bem, eu disse que lhe levaria para o jardim. Eu cumpro minhas promessas.

Quando chegaram a porta, Erwin lhe colocou no chão e lhe entregou as muletas para que pudesse apoiar.

— Você já pode ficar de pé, certo?

— Não por muito tempo.

— Tudo bem, se incomodar me avise. Realmente não vejo problema em carregá-la.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora