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Ainda levou alguns minutos para que você realmente pudesse concluir onde estariam indo. Talvez você descobriu apenas quando uma brisa com cheiro estranho invadiu suas narinas. Uma mistura de ar quente e salgado. À medida que se aproximavam do fim da trilha, você podia ouvir com mais clareza o som de água. Água indo contra algo. Só então você se deu conta. Desde o início pareciam estar descendo; todas aquelas palmeiras; o clima abafado; o barulho de água. Olhar para o chão e perceber que a textura e cor da areia mudava gradativamente a medida que cavalgavam para mais perto, só fez suas suspeitas aumentarem.

— Não! - Sua voz saiu arrastada, uma prova nítida de seu espanto. Bateu as rédeas com mais força e ouviu Kirschtein relinchar, antes de investir na velocidade. Ultrapassou Levi e começou a correr em direção ao final da trilha. Não podia acreditar que estava indo exatamente para onde estaria pensando.

— [Nome]! - Até ouvira Levi chamar, provavelmente preocupado por te ver fugindo da vista deles, mas o ignorou completamente. Seu corpo simplesmente não conseguia parar.

O vento que vinha devido a velocidade da corrida, balançava seus cabelos para trás. Alguns fios grudavam na testa por conta do suor, proeminente do calor que estava fazendo. Quase podia ouvir sua pulsação no ouvido. Seu corpo gritava em ansiedade.

Quando a trilha finalmente acabou, você sentiu-se completamente fraca apenas com a vista. A areia num tom tão claro, como se fosse açúcar, tomando uma pequena parte da vista. Rochas medianas circundavam as extremidades, onde toda aquela água batia com força e fazia barulho. As palmeiras que rodeavam todo o cenário atrás de si. O sol escaldante brilhava no céu, refletindo toda sua luz na água. E ali, bem a sua frente, a imensidão esverdeada tomava quase toda a paisagem, se perdendo até o ponto máximo em que sua visão seria capaz de alcançar. Ondas se formavam em algum ponto e desapareciam quando alcançavam a borda, quebrando num barulho agradável. O mar. Você estava numa praia.

Erwin e Levi chegaram logo atrás. Mas você nem diria que havia notado. Você estava em êxtase. Seu corpo simplesmente não obedecia mais. Você praticamente saltou do cavalo. Os pés bateram com força no chão, você quase desequilibrou. Suas mãos foram ágeis em puxar a ponta de cada um dos cadarços e desatá-los. Fazia uma corrida desleixada enquanto tentava arrancar os coturnos dos pés. Quando sentiu a areia fina sob seus pés, você parou.

Ali, no meio de montes de areia, com uma imensidão de água a sua frente. Você não podia acreditar que era real. Levou as mãos aos cabelos, enlaçando-os com os dedos e empurrando-os para trás. Esperava que a qualquer momento alguém fosse lhe dar um tapa na cara e mandar acordar daquele sonho. Você havia visto o mar tantas vezes em fotos, naqueles livros que acabava por arrumar vez ou outra. Nunca pensou que um dia estaria vendo ele de perto e, principalmente, numa praia tão bonita.

Mais uma vez, você voltou a correr. Desta vez você não parou. Pelo menos, não até sentir seus pés mergulharem no líquido gelado. Você se assustou e deu três passou para trás, recuando da água que tentava alcançá-la toda vez que as ondinhas se aproximavam. Olhou para trás e viu Erwin indicar com a cabeça para que continuasse em frente.

Voltou a encarar a água e respirou fundo antes de tomar coragem para molhar seus pés outra vez. A sensação da areia fofa e encharcada, engolindo seus pés debaixo da água. O contraste entre a água fria e o sol quente. O cheiro de sal, peixe e maresia. As ondas curtas que quebravam na praia, agora quebrando em suas canelas, arrastando a barra do vestido para trás. Desequilibrando-a. Você havia perdido o fôlego, o foco. Sua mente estava em branco. Era lindo. Era a melhor sensação que já havia sentido.

Agachou-se levemente, sentindo o tecido de seu vestido molhar ainda mais. Mas não estava se importando. Você precisava tanto tocar naquilo. Foi maravilhoso quando suas mãos quentes também foram acariciando a água gelada. As ergueu como uma cúpula, levando um bocado de água nas palmas. Sentiu uma parte escorrer, você estaria encharcada em breve. O sol refletia em sua palma, o líquido reluzia. Quase que inconscientemente, levou as palmas ao rosto. Queria mergulhar por inteiro naquela imensidão, se pudesse. Ser engolida pela forças da natureza e ser simplesmente levada.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora