5.

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A caminhada não foi assim tão rápida. Estava realmente considerando Levi forte o bastante para carregá-la daquela forma, porém, o mesmo fazia pausas de tempo em tempo para que não se cansasse tão facilmente.

— Você está bem? - Você perguntou a ele baixinho, quando pararam mais uma vez no meio de um corredor. — Eu posso tentar ir sozinha...

— Não se preocupe, criança. Já chegamos.

O mesmo estica uma das mãos e abre uma das portas grandes do corredor. Sua cabeça virou em direção ao novo cômodo e seu olhar se deparou com a sala de jantar. Era definitivamente diferente de todos os lugares que você já comeu antes. Assim como toda a casa, o chão era no puro mármore, branco e brilhante. O teto era feito a gesso, com camadas de profundidade no centro por onde pendia um lustre enorme e dourado, com pequenas lâmpadas nas pontas. O chão central era diferente do restante, sendo num tom mais escuro. Havia uma mesa grande o bastante para doze cadeiras altas e de estofado bege claro; em cima dela, um cristal guardava uma planta-jade mediana. Logo a frente, paralelo a porta, uma vidraça alcançava do chão até o teto, com duas cortinas em ambos os lados.

Sentado em frente a ela, no assento da ponta, estava Erwin Smith. Parecia concentrado no tablet que estava a sua frente. Demorou algum tempo parar reparar a sua presença e de Levi.

— Levi! Por que não me avisou que já haviam terminado? Eu teria trago-a até aqui.

O homem rapidamente se levantou e caminhou até onde estavam. Você já havia o visto antes, foi ele que a tirou da gaiola e carregou até o banheiro. Porém, apesar de já ter ouvido falar dele e tê-lo visto em relance, não havia se dado conta da aparência do homem. Erwin parecia como um daqueles deuses da antiguidade. Cabelos loiros bem penteados, maçãs do rosto meticulosamente esculpidas, lábios espessos levemente avermelhados, sobrancelhas altas e robustas, acompanhavam a linha de um nariz grego. Além daquela dupla profunda de olhos azuis mal iluminados que pareciam carregar um céu nebuloso inteiro com eles.

Mas por alguma razão, mesmo sendo uma imagem facilmente admirável, ele parecia mais assustador agora. Talvez algo em você gritou por instinto. Todos aqueles homes, os homens da prisão, Pixis, Nile, Reiner, Erwin, eram tão grandes, altos e cheios de músculos. Homens estes que a perseguiram e a machucaram mais vezes do que poderia contar. Não haveria como confiar em mais um deles de repente.

Mas Levi não. Levi era pequeno e, por alguma razão, lembrava suas crianças. Seus quatro pequenos órfãos que você tratava como irmãos mais novos. Talvez porque aquela expressão séria e o conjunto de olhos e cabelos escuros, lembrasse Mikasa, ou a careta que fez quando o sabão sujou o chão do banheiro lembrasse a Eren. Não tinha certeza. Mas o achava menos assustador do que todos os outros homens. Além do mais, o Smith ali era Erwin e seria ele a te possuir dali para frente.

Talvez foi por isso que quando Erwin esticou o braço para lhe pegar, você se encolheu nos braços de Levi e virou seu rosto. Levi arregalou levemente os olhos para o loiro, que também parecia um pouco espantado com a reação instintiva de medo vinda de você. Mesmo assim, o mais baixo tentou ignorar.

— Não havia necessidade. Ela não pesa muito. Apenas precisa comer.

Caminhou até uma das cadeiras próximas da de Erwin e lhe colocou sentada, deixando o loiro plantado ali por ainda alguns segundos, antes de também caminhar até onde estava sentado antes. Levi ainda verificou se você esboçava alguma reação quando soltou os braços de seu corpo.

— Você acha que consegue comer sozinha, criança? - Você não o respondeu. Apenas balançou levemente a cabeça, dando-lhe um aceno positivo.

Você podia sentir que ambos os homens estavam a olhando, mas manteve sua cabeça baixa, olhando para seus próprios pulsos. Círculos estavam bem roxeados em volta deles. Uma marca nítida das cordas, correntes e algemas que lhe prenderam nas últimas semanas. Em alguns pontos, a pele estava danificada o bastante para formar pequenas feridas. Subindo um pouco, a marca de chicotes ainda estava presente na parte interior de seus antebraços. Se esforçasse um pouco, poderia quase sentir a dor do couro golpeado com força contra sua pele outra vez.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora