22.

448 70 29
                                    

Nota: eu acho tão linda a forma como Erwin age nesse capítulo. Ele é meu bebê!! - ps: sinto muita a sua falta :(

— Achei que não o veria nunca mais. - Brincou, ao ver a enorme pessoa loira ocupar seu campo de visão. Ainda correu os olhos preguiçosamente pelas linhas daquele livro de romance adolescente, antes de fechá-lo e empurrar levemente para o sofá. — Talvez tenha me acostumado a lhe ver durante as refeições.

— Pensei em lhe dar algum tempo. Para pensar, talvez. - Erwin caminhou até a grande janela da biblioteca e destravou o trinco, fazendo as vidraças se abrirem. A brisa quente tardal acabou por dar uma ventilada na sala abafada.

— Pensar sobre o que, exatamente? - Largando por completo o livro que você antes estava lendo tão enfurecidamente, esticou sua mão até o rádio que descansava sobre a pequena mesa, diminuindo o volume da música que tocava. Levi havia insistido que você deveria ouvir um pouco de clássica alemã, mas acabou por convencê-lo a deixá-la ouvir algo menos formal, mais como Dean Martin ou Ilene Woods.

— Não queria que ficasse com raiva.

— Não fiquei. Talvez apenas surpresa, mas já passou, de qualquer forma.

— Só para deixar claro, eu não penso mal de você.

— Fez parecer que pensa.

Você fez questão de encará-lo o tempo todo, mas Erwin, ao contrário, estava mantendo o olhar em qualquer outro lugar, desde que não fosse seu rosto.

— O que você quis dizer, então?

— Como assim?

— Você disse exatamente que meu jeito de "resolver as coisas" seria matando alguém. - Ironizou. — Se não foi isso que quis dizer, o que era então? Você tem medo de mim?

O comentário em questão levou o loiro ao silêncio absoluto. Apesar da falta de justificativas, agora Erwin passara a olhar para você.

— Como esta seu braço? - Você resolveu por distorcer completamente o assunto, quando percebeu que não ganharia uma resposta.

— Ah, melhor. E suas mãos?

— Vão se curar.

— Certo. - O clima entre vocês não era exatamente desconfortável, mas era longe de ser perfeito também. Parecia que havia um mundo de coisas os mantendo distantes. Você desejava cada vez mais que o momento de partir chegasse, mas ainda assim, era estranho ir e ignorar todo o resto. — O que você estava lendo? - Percebeu Erwin se aproximar e sentar no braço do sofá.

— Um romance adolescente. A Cruz e o Crisântemo, conhece? - Após perguntar, você deu uma leve risada. — Esta na sua biblioteca! É óbvio que conhece! - Erwin também sorriu junto.

— Era o favorito da minha mãe...

— Oh! Sinto muito! Eu posso devolver a estante... - Disse, já preparando-se para correr e colocar o livro no lugar que pegou.

— Não. Não se preocupe. Aposto que ela ficaria contente de vê-la lendo. Além do mais, o exemplar que era dela não fica aqui na biblioteca. Pode ficar com esse.

Quase que no automático, vocês levaram suas mãos a capa do livro, como se tocar o couro envelhecido e as marcas de onde, um dia, um título havia sido gravado, trouxesse algum conforto. Seus dedos se esbarraram brevemente. Os dedos longos e grandes de Erwin estavam quentes. Quase quente de mais, contrastando com os seus que eram totalmente frios. Seus olhos foram de encontro aos dele, instantaneamente. Aquelas orbes tão estupidamente azuis, contornados por um tom mais profundo e sombrio. As marcas da idade já lhe dando algum cumprimento e o cansaço do dia-a-dia se formando em olheiras. Nada daquilo o deixava menos belo, de qualquer forma. Seu olhar era penetrante, de alguma forma. Parecia carregar um pouco daquilo que viu quando olhou o mar pela primeira vez.

She's A Killer- Erwin Smith X LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora